Guerra dos Tronos – História substancial e complexa ou muita enrolação?

Livros quinta-feira, 22 de março de 2012

Guerra dos Tronos percorreu um caminho turbulento. Chegou quietinha no início do milênio, como quem não quer nada, pra estourar ano passado ao ser adaptada pra TV pela HBO. Muito sangue, mulher pelada, luzinhas mágicas voando pra todo lado e mais outros elementos importantes levaram, com a ajuda da já citada série pra TV, cada livro publicado à lista de mais vendidos do New York Times – e de onde não saíram ainda.

 A Sophie Turner, querida Sansa Stark, ajudou no sucesso, óbvio. Mas tira o olho que ela acabou de fazer dezesseis anos.

O ambiente da série é um mundo bem diferente. Pra começar, é uma terra de dois continentes, basicamente, e ambos de climas extremamente opostos, Westeros (Os sete reinos) e Essos (As cidades livres). Enquanto no primeiro verões duram meses e invernos décadas, o segundo vive basicamente num clima ameno, de quase verão praticamente a vida toda. E a história começa no fim do longo verão de dez anos nos sete reinos. Ou seja, vem aí um inverno foderoso de mais ou menos quarenta ou cinquenta anos. E as disputas pelo poder começam, já que o Trono de Ferro é a garantia de sobrevivência aos tempos duros.

Num esquema de Idade Média, tema bem senhorial, temos casas, ou seja, famílias donas de terras e títulos importantes. Desde as sete maiores (Stark, Lannister, Martell e afins) até nobres pobres que lutam pra subir na vida, arranjando casamentos ou mandando filhos mais novos pra serem criados em outros locais, na esperança de conquistar o coração de algum nobre grande e rico. E a família central da trama, e, provavelmente, a mais digna de admiração, são os Stark, senhores do Norte, da terra fria e áspera. E também a família que mais se dará mal ao longo dos livros. E dos atores mais fofos e lindos, diga-se de passagem. Cada cena de sofrimento (E não serão poucas), dá vontade de abraçar o personagem, apertar até sair suco. Enquanto todas as outras casas são feitas de pessoas ambiciosas e frias, os Stark são tão honrados e bonitinhos que dá peninha. Mas na mente do autor, quanto mais ruiva é uma pessoa, mais ela merece tomar no cu. Acho que é algum trauma de infância.

Enfim, o problema é que, enquanto a porrada rola solta em Westeros, Daenerys Targaryen vem ganhando poder e aumentando o cerco pra tomar o que é dela por direito. Os Targaryen tiveram o trono usurpado quinze anos antes dos eventos atuais, e Danny e o irmão Viserys, herdeiros legítimos do Trono de Ferro, vivem exilados do outro lado do mundo, fugindo e se escondendo. Você que se pergunta como uma menininha de quinze anos, filha do pior rei da história, pode representar alguma ameaça, lembre: Ela possui três dragões. TRÊS FUCKING DRAGÕES. Claro que o fato de ser conhecida como Nascida da Tormenta também causa certo medo em pessoas sensatas, mas mesmo assim ela é tida como ameaça fraca durante quase a série toda.

 Simplesmente pegaram as atrizes mais bonitas da Europa e jogaram numa série só.

No meio desse rolo todo, os livros tomam forma. E se você estava apenas a fim de ler um pouco sobre a história, sugiro fechar a aba onde este texto se encontra agora, pois pretendo começar uma enxurrada de spoilers. Vai, eu espero você terminar de olhar embasbacado pras fotos.

Já foi? Ótimo. Continuemos.

George R.R. Martin é um bom escritor. Os livros, apesar de serem grandes pra burro, são fáceis de se ler. Mas o problema é que estamos falando de um mundo diferente. Ou seja, o autor conseguiu criar árvores genealógicas infinitas. Chega a um ponto em que lemos no mínimo dois sobrenomes diferentes por página. E quanto mais se mergulha na trama, mais personagens surgem, mais nomes e importâncias e senhorias. Não que seja algo de todo o ruim, mas o Jorginho vai precisar rebolar pra dar um fim decente à cada história paralela. Sim, óbvio que haverá pontas soltas, como sempre. Até Harry Potter, que não tem um terço do elenco de Guerra dos Tronos, teve. Mas existe o risco de muitas pontas. De personagens queridos pelo público acabarem esquecidos.

Isso sem falar na enrolação. São esperados sete livros, mas já estamos no quarto e nem sinal da Daenerys marchar para os sete reinos. A Guerra dos Cinco Reis está praticamente ganha, só Stannis Baratheon resiste. Joffrey morreu, Robb morreu, até mesmo a Brienne morreu. E um livro inteiro foi desperdiçado, já que Tyrion Lannister, Jon Snow e a própria Danny não apareceram. Ou seja, quase mil páginas e nada da história avançar, pois os únicos personagens que criariam reviravoltas foram esquecidos.

O Festim de Corvos foi um livro inútil. Não acontece absolutamente nada. Nenhuma batalha importante, nenhuma aliança perigosa, nenhuma morte realmente necessária. Nem mesmo o papel da Sansa, agora tida como Alayne Stone, foi satisfatório. Claro, a personagem finalmente está crescendo e tornando-se inteligente e forte, como todo mundo espera da filha de Eddard Stark, mas nem ela teve o destaque necessário. Nem a irmã mais nova, Arya, que já deu pra gente perceber que nunca mais colocará os pés num castelo.

Tudo bem, como o próprio autor disse, é um livro de passagem, uma ponte. Digo, o quarto e o quinto livros eram originalmente um só. Mas o quinto se passava um tempão depois do quarto, e o autor precisava recorrer a vários flashbacks que conseguiam deixar a história ainda mais confusa. Mesmo assim, com essa justificativa, depois de três livros onde os Stark só se davam mal, gostaria de pelo menos ter podido ler um pouco da recuperação da família.

Isso sem falar na cota, já estourada espero eu, de personagens legais que morreram.

 Isso é só metade da metade.

Outra crítica é o exagero de algumas coisas. Sangue é legal, óbvio, mas eu gostaria muito mais de ver a Cersei, a rainha, fazendo besteira na corte, do que ler as descrições de como ela e a Taena Merryweather se pegam quando ninguém tá olhando. Ou como a Daenerys se agarra com as empregadas quando devia estar cuidando dos dragões. Ou toda as sacanagens que Margaery Tyrell é acusada de fazer. Enfim, I’ve made my point.

Sobre a série de televisão, arrisco dizer que está maravilhosamente adaptada. Os atores são lindos, carismáticos, e, apesar de uma ou outra atuação mais sem graça, estão em sua maioria bem sintonizados com seus respectivos papéis.

 É claro que por ele eu comprava o DVD da série.

Mas e aí, quais teorias fã-made cês têm pra me apresentar? Quem é a mãe do Jon Snow? Aegon V tá vivo ou não?

Discorram. Do jeito que a coisa tá, essas teorias serão as únicas respostas pra inúmeras dúvidas.

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