Dexter – 6ª temporada

Televisão segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Pois é pessoal, a sexta temporada de Dexter acabou. E o que ela nos deixou? Digo, além dor e sofrimento, provocados pelas sucessivas escolhas equivocadas dos roteiristas, claro. Tá, nós ganhamos um prognostico de um final também, pelo menos isso. Mas vamos ver onde tudo começou a dar errado.

 I see dead people.

Ok, comecemos pelo começo. E pra isso, vamos ao final. A última cena da temporada foi provavelmente o momento mais importante de toda a série. E a única coisa que eu conseguir pensar na hora que a Debra finalmente viu seu querido irmão assassinar uma de suas vítimas foi um misto de “foda-se” e “até que enfim”. E por quê? Primeiro, por esse maldito ciclo de repetições que vem se repetindo por várias temporadas. Essa mania de tentar chocar os expectadores, por exemplo. Porra, aquele primeiro homicídio das cobras e tal chegou a ser ridículo. Mesmo deixando de lado o absurdo número de serial killers por habitante de Miami, não dá pra ignorar a risível crescente de crimes cada vez mais sangrentos e absurdos elaborados.

Mas enfim, isso é um só detalhe. O problema é essa mesma repetição nos pontos principais do seriado. A cada temporada, Dexter inicia uma jornada espiritual, pra teoricamente acabar mais humano ou algo assim. O que funcionou muito bem por umas três temporadas, quando ele passou de um sociopata pra alguém que é capaz de sentir alguma coisa. Mas porra, a coisa chegou num ponto em que não dá mais pra relacionar o atual protagonista com aquele do começo da série. Aquele personagem tão interessante agora não passa de um ser humano comum. Que acaba matando umas pessoas de vez em quando, mas fazer o que, ninguém é perfeito. O ponto é, o Dexter chegou no grau máximo de humanidade há umas temporadas atrás. Ele não tem mais nada pra aprender, é só ver essa parada toda de religião, onde ele conheceu (E ficou amigo, onde já se viu) de um pastor, matou um esquizofrênico fundamentalista e depois de umas frases existencialistas vazias, ficou tudo na mesma.

 Spoiler da próxima temporada: – Eu estou sonhando? Ou isso é real? O que é a realidade??

E finalmente, a regra principal: O Dexter nunca se fode. Quaisquer sejam os obstáculos, esteja ele preso num porão, inconsciente, amarrado no meio do oceano cercado por um circulo de fogo, em uns 5 minutos ele vai dar um jeito de se libertar. Mas, qual é a razão de tudo isso? Incrivelmente, o sucesso da série. Essa temporada não foi nada mais que uma desculpa pra esticar a coisa por mais um ano. É só ver a porrada de draminhas sem importância inseridos em cada episódio. Parece uma coisa muito distante, mas Dexter costumava ser engraçado. Pena que o sarcasmo e o humor negro foram trocados por romances toscos e lições sobre amizade com o Batista e o Quinn. Aliás, uma coisa que só os roteiristas parecem não ter percebido: Os policiais do departamento de homicídios não são interessantes. E não evoluíram desde o começo da série, não faz sentido focar neles, véi.

O que nos leva finalmente à Debra Morgan. Promover ela a tenente parecia um acerto e tanto. Até que a personagem, que era a mais intensa da série, e só, começou a ter uma crise emocional por episodio. Mas beleza, deve ter sido pra poder tirar uma psicologa da cartola, e aí sim, cometer o maior erro do seriado. É, isso mesmo. A Deb está apaixonada pelo Dexter. Falando assim, parece até coisa de novela. E foi algo tão jogado que poderia facilmente ter saido de alguma produção mexicana dublada pelo SBT.

 – Eu te amo, Frederico Roberto! – Mas Maria Cecilia, o nosso amor é impossível…

E tudo isso pela simples covardia de começar a acabar tudo na temporada passada. Lembram dela? Vários episódios com o Dexter ajudando a Lumen a se vingar de um bando de estupradores. A polícia atrás do justiceiro, enquanto Deb começa a se perguntar se algumas pessoas merecem realmente morrer, sutilmente indicando que ela poderia vir a entender as ações de Dexter. Até que no final, veio o momento ambíguo perfeito para a revelação. Parece até outro seriado, lembrando agora. Tudo perfeitamente contextualizado, ao contrário desses últimos episódios, onde de repente ela resolveu que quer dar pro irmão e era isso.

E nem precisa dizer que foi tudo esquecido nessa temporada. Aliás, onde foram parar o Cody e a Astor? Beleza, eles já deram o que tinha que dar, mas uma menção a eles seria bem vinda, pra gente ficar com a impressão de que eles eram mais do que um artifício de roteiro momentâneo. São coisas pequenas, mas é onde dá pra perceber porque tudo ficou tão ruim. Eu tentei gostar dessa temporada, eu realmente tentei. Ela teve bons momentos, com o Brother Sam, ou antes de ser revelado que o Professor Gellar estava morto (E eu nem vou falar o quão imbecil foi essa revelação). Mas eles quase sempre foram seguidos por algo tão gratuito que punha tudo a perder.

Mas ok, passada essa longa divagação de reclamações que levaram a mais reclamações, vamos pensar no futuro. Mesmo de forma totalmente inapropriada, a série se encaminha pro fim, olha só. E já foi dito que o troço continua por mais dois anos, um tempo razoável pra preparar tudo direitinho. Como foi até a quinta temporada, tirando alguns tropeços. E a única informação preliminar sobre os anos vindouros é do IMBD, que diz que o próximo episódio se chama Doakes Returns. Ou seja, Debra (Ou toda galera) vão começar a investigar os assassinatos de Dexter que o finado (?) sargento Doakes (Vilão mais foda da série) tinha levado a culpa. Além disso, tem a parada da prótese do Ice Truck Killer, o quanto Louis sabe do passado de Dexter, e onde tudo isso vai levar.

Eu só espero que essa volta ao passado motive os roteiristas a lembrarem das origens da série, mais equilibrada, com personagens legais e um clima mais sombrio. Umas piadinhas também cairiam bem. E pelamor de deus, que o Dexter corra algum perigo real. É só se ater a isso e teremos um final digno, ao menos. E a sexta temporada não passará de uma distante lembrança ruim.

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