Como começar a ler quadrinhos?

HQs sábado, 13 de agosto de 2011

Então você é antenado na “cultura pop”. Pirou com os filmes do X-Men, do Thor e do Capitão América. Repentinamente, numa noite de sexta-feira em que deveria estar na rua entupindo seu fígado de álcool até ele se tornar uma uva passa, você tem uma epifania. Quer começar a ler quadrinhos.

Aqui vão algumas dicas úteis para que você chegue ao fim dessa árdua jornada e não desista no meio para voltar ao seu videogame.

Comece por encadernados

 Sacaneando clássicos desde 1989.

Partindo do pressuposto que você saiba o básico, tipo que o Batman e o Superman são da DC Comics e que o Homem-Aranha e o Thor são…

Como assim o que é DC Comics? Que tipo de sacripanta bestial você é? Como você conseguiu ligar o computador? Usou um mapa? Porra, saia daqui e volte a ler a Revista Capricho!

Caham. Enfim, eu altamente não recomendo que você saia por aí comprando todos os gibis mensais que a Panini (Que publica por aqui o material estrangeiro) despeja no mercado. Mesmo que você se ache o nerdão-mor por saber quem é Peter Parker ou saber que Clark Kent gosta da Lois Lane que gosta do Superman, evite gastar seu dinheiro nisso. Pelo menos por enquanto. Acredite, você vai precisar dele depois.

Simplesmente por que as edições mensais funcionam em um sistema de arcos. Não, sabichão, não é tipo Turma da Mônica, em que uma história começa e termina ali na revista. Algumas tramas costumam durar de 4 a 6 edições, ou seja de 4 a 6 meses. A chance de você pegar uma no início é bem rara, ainda mais que a Panini coloca conteúdo de 3 ou 4 revistas americanas em uma edição só no Brasil.

 Lendo um prosaico gibi depois de assassinar milhões.

Ou seja, você gasta 6 contão numa revista em que as três histórias estão pela metade, fica mais perdido que o Bolsonaro em uma convenção de fãs bigodudos do Village People, perde dinheiro e se revolta contra as comics. Nunca mais lê nada assim na vida.

Tenho uma solução para você, jovem padawan. Esqueça as bancas e vá nas livrarias. Pois é um hábito universalmente aceito e festejado das editoras lançar um arco muito vendido e elogiado pela crítica em edições única e caprichadas, que são vendidas em livrarias com um preço entre de 30 a 100 mangos (Bem menos em bons sebos, se dinheiro for problema).

Você lê boas histórias, com seus personagens favoritos e decide se quer cultivar esse hobby. Melhor impossível, não é?

Conheça seus gostos

 INCEPTION!

Isso é básico para qualquer situação. Seja para apreciadores de filmes ou de músicas, então por que seria diferente com os quadrinhos? Não, eles não são todos iguais e qualquer pessoa pode encontrar um que goste muito. Qualquer pessoa mesmo. Desde crianças até os mais velhinhos. Então pegue esse papo de que “ai, eu não quero ler quadrinhos por que não tenho mais 15 anos de idade” e enfie no centro do olho do seu cu, sim? Desafio você, Sr. Eu-Leio-Dostoyevski-No-Original, a ler Sandman ou Miracleman sem gozar nas calças e querer mais doses cavalares disso.

Experimente, venda, compre, se arrependa ou se apaixone. Tanto faz. Nem todo mundo gosta de Batman assim como nem todo mundo gosta de Alan Moore (Estes deveriam ser jogados na mais profunda e abissal masmorra), mas todo mundo gosta de alguma coisa. Talvez só falta você descobrir qual é a sua.

Pesquise

 Se até uma criança consegue…

Então você já leu bastante para saber do que gosta. Descobriu que, por algum motivo, Grant Morrison só serve para limpar sua banda e que o Hulk Vermelho do Loeb é a coisa mais maneira do mundo! Deus tenha piedade da sua alma.

Enfim, você curte super-herois e decidiu quer entrar no louco mundo dos mensais. Agora vai descobrir que uma aventura influencia diretamente a outra e que a morte de uma namorada há 40 anos ainda assombra o Homem-Aranha dos dias de hoje. Vai descobrir que a morte nunca é definitiva nas HQs e que todos os heróis de uma editora habitam um mesmo universo.

A cronologia é provavelmente a pior barreira que os novos leitores têm de atravessar. Citações a eventos passados, parcerias firmadas há décadas atrás e casamentos que duram quase 100 anos pipocam a torto e a direito, sem que os roteiristas se incomodem a explicar direito.

Então, no momento em que seu cérebro começa a vazar pelo seu umbigo e você achar que a única saída é deitar em posição fetal no canto da sala e chorar o resto da noite pedindo por suas HQs do Tio Patinhas, relaxe e evite o pânico, meu jovem. Nem tudo está perdido e isso não significa que o mundo das comics mensais é inacessível e reservado apenas para tiozinhos gordos, semi-carecas, usando óculos e sem vida própria, que ainda moram com os pais.

 Como eu amo estereótipos

Esse assombramento e dificuldade que a cronologia acaba por gerar a transformou na principal vilã das editoras. Muitos jovens nerds por aí acham que entender as HQs do Batman do Grant Morrison é tão difícil quanto comer uma mulher de verdade. Pff, tolinhos. Comer uma mulher é bem mais fácil.

A dica mais valiosa para situações como essa é ligar a porra do PC e pesquisar. O Google, a Wikipédia (E o Comicvine, se você é ixpertão e manja de inglês) tão aí exclusivamente para isso. Não se intimide.

Interaja

 Cara, isso tá muito errado…

Frequente sites, fóruns e listas de discussão. Metade da graça vai embora se você se tranca no seu quarto e passa o resto da vida lendo HQs sozinho e debatendo consigo mesmo se o Jack Kirby é mais genial que o Geoff Johns ou como seria fazer sexo com o Colossus ultimate. Ou então como seria uma aventura sexual entre o Coisa e o Hulk.

Meu deus, pare de ter ideias tão doentias e saia do meu artigo, seu maldito! Sujo! Impuro!

Acredite, tem mais gente por aí com ideias tão absurdas quanto as suas e elas são duzentas vezes mais legais depois de serem colocadas em discussão. Fora que isso também vai fazer você se sentir um pouco menos solitário nesse mundo.

Então é isso

 Rachar a HQ pra não pagar ela inteira: essa arte eu domino.

Viu? Não é tão difícil quanto poderia parecer a principio e no final vale muito a pena. Afinal, ler quadrinhos é bom pra caralho. Recomendo, e muito, que você dê uma chance à nona arte. Daqui a alguns anos você talvez me amaldiçoe por isso.

É um hábito difícil de ser largado.

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