Centurião (Centurion)

Filmes bons que passam batidos sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Olha, eu gosto bastante de filmes épicos, mesmo que Hollywood insista em tentar me fazer mudar de ideia. Quase que eu desisto do gênero de vez depois de ir ao cinema pra ver pérolas como Tróia, Alexandre e mais recentemente, Fúria de Titãs.

Porém, sobrevivendo a esse último trauma, voltei pra ver o Robin Hood do Ridley Scott, que deu uma certa sobrevida na minha esperança. E eis que então me deparo por acaso com um filme que me fez acreditar que tudo ainda tem salvação. Mas olha só que surpresa, passou pelo Brasil quase despercebido, no final do ano passado.

Pois é, precisou chegar um certo diretor lá da Britania chamado Neil Marshall pra lembrar todo mundo de como um épico pode ser divertido, e sem precisar gastar centenas de milhões de dólares pra isso.

O filme se aproveita do mistério que cerca o desaparecimento da mítica Nona Legião Hispânica e constrói uma possível explicação pra o que de fato teria acontecido com uma das unidades mais temidas do exercito romano. A história acompanha Quintus Dias (Michael Fassbender), um dos soldados que guarda a fronteira do Império Romano, na região hoje conhecida como… Norte da Inglaterra ou Escócia, sei lá. Roma estava no auge de sua expansão, mas uma tribo de bárbaros escoceses, os pictos, estava conseguindo frear suas constantes investidas imperialistas através de táticas avançadas de guerrilha. Qualquer semelhança com alguns conflitos da atualidade não é mera coincidência. Ou é, vai saber.

 Tática de guerrilha = chuva de meteoros.

Mas a vida continua, sem nada de novo no front, até que em um ataque especialmente ousado, os pictos destroem o posto mais avançado dos romanos e matam todo mundo. Menos Quintus, que é levado como prisioneiro. Enquanto isso, as notícias chegam ao governador da região, Julius Agricola (Paul Freeman), que resolve mandar a tal da Nona Legião pra acabar com essa putaria. E eles acabam salvando Quintus, que se junta ao exercito de novo. Tudo muito bem, só que o gênio do governador também manda Etain (Olga Kurylenko), uma mulher da MESMA TRIBO QUE ELES VÃO ATACAR pra guiar toda a galera. E aí ela leva todo mundo pra uma armadilha, quem diria.

Depois que todo mundo morre (De novo), Quintus e meia dúzia de sobreviventes vão atrás do general Titus Flavius Virilus (Dominic West), que foi feito prisioneiro. Mas chegando lá, dá merda de novo, e além de não conseguirem resgatar o general, um puto mata o filho do rei dos pictos, Gorlacon (Ulrich Thomsen). Aí o cara jura vingança e o filme vira uma perseguição e começa a ficar legal. Mentira, já tava legal antes. Mas fica mais legal ainda.

 FODEU MOÇADA CORRE

Incrivelmente, todos os clichês do gênero (O herói com um senso de dever e moral inabaláveis, o soldado experiente, o traidor, o novato, um interesse romântico ocasional) funcionam muito bem, sempre a serviço da história. E da ação, que aliás, é um dos pontos altos do filme. As batalhas são frenéticas e (Bastante) sangrentas, sem todas aquelas firulas de câmera lenta e etc. Nas cenas mais amplas, os cortes e ângulos de câmera usados pelo diretor fazem com que o modesto orçamento do longa passe imperceptível. Outro ponto positivo é a falta de maniqueísmo do filme. Ambos os lados tem suas razões mostradas, e é só. Os soldados romanos até chegam a questionar pelo que realmente estão lutando, mas isso não é martelado na cabeça do espectador.

Mas sério, o visual do filme é muito bom mesmo. A fotografia é consideravelmente mais escura do que estamos acostumados em filmes com essa mesma temática, e quase só cores frias são usadas durante toda a história, o que ajuda bastante na ambientação invernal das florestas e montanhas do Reino Unido. E ainda temos várias cenas como essa aí ó:

 Ora, mas é claro que essa cabeça cortada é fundamental para o desenvolvimento da história, que pergunta.

As atuações são todas regulares pra cima, mas sem nada de muito excepcional. O Michael Fassbender consegue não deixar que o incorruptível/soldado perfeito/moralmente perfeito Quintus Dias fique chato, isso já é uma grande coisa. Ele ficou até carismático, na verdade. E isso é uma ótima notícia, já que ele vai interpretar o Magneto no próximo X-Men. Os outros atores cumprem bem com seus papeis, sem serem lá muito exigidos. Aliás, taí uma falha do filme. As situações vão acontecendo rápido demais, o que deixa pouco espaço pra um aprofundamento maior na maioria dos personagens. Mas talvez se fosse diferente, o clima de constante tensão não se mantivesse até o final… Enfim, nada que prejudique a experiência.

O maior mérito do diretor Neil Marshall é nos trazer um épico relativamente inovador, fugindo um pouco das velhas manias hollywoodianas e até superando suas mais recentes produções, tudo isso com uma verba bem menos expressiva. Pode até ser por isso que o filme seja tão bem sucedido, a preocupação com o orçamento talvez faça com que a atenção seja focada nos aspectos mais importantes da produção. Mas seria interessante ver o que ele faria tendo os milhões daquela merda de Fúria de Titãs pra gastar a vontade, por exemplo.

Centurião

Centurion (97 minutos – Épico, Ação)
Lançamento: Inglaterra – 2010
Direção: Neil Marshall
Roteiro: Neil Marshall
Elenco: Michael Fassbender, Dominic West, Olga Kurylenko, Ulrich Thomsen, Axelle Carolyn

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