Cadê os grandes personagens?

Livros segunda-feira, 18 de julho de 2011

Qualquer um que entenda um pouco de literatura sabe que ela está cheia de personagens incrivelmente fodas, que marcam gerações e os infelizes movimentos literários, mas nos últimos anos, o que mais tem aparecido são histórias com fórmulas prontas, feitas para ganhar dinheiro e nada de personagens fodões, cheios de carisma e o caralho a quatro. Porra, é tão difícil assim criar uma mulher que não esteja lá para ficar nua na adaptação pro cinema?

 Milagre que não passou disso…

Nem sempre grandes histórias tem grandes personagens, caso dos muitos contos de H.P. Lovecraft (O Necronomicon não é bem um personagem e o Cthulhu, bem, isso dá outro post) e das Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis (E não discutam com isso), mas quando uma história foda tem um personagem foda, a coisa sobe de nível. Nem precisa ser o personagem principal (Apesar de normalmente ser), afinal, a história está cheia de casos em que o personagem secundário “rouba a cena” para si, mas tem vezes que a foditude do personagem ultrapassa as páginas do livro e vira um marco na literatura e na história da humanidade.

Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, Gustave Flaubert, Miguel de Cervantes, Stephen King e Machado de Assis são só alguns dos responsáveis por criar personagens que mudaram tanto a literatura quanto a história, desde romances até aventuras policiais, passando por terror, ficção, drama, mistério e tragicomédias. Os personagens criados por eles são citados, parodiados, criticados e plagiados há ao menos 400 anos, e já representaram desde libertade até o colonialismo, tornando-se ícones para mais de 20 gerações, e hoje em dia temos isso:

Há anos que não aparece um grande personagem (Ou uma grande personagem) na literatura. Claro que tem gente tentando, mas todos falham miseravelmente, talvez por usar o que deveria torná-los grandes: As fórmulas prontas. O Rick Riordan, que criou o Percy Jackson, já lançou o primeiro volume de sua nova saga (É, pois é…), O Herói Perdido. Façamos agora uma comparação: O nome da série (Não do livro) é Os Heróis do Olimpo e, vejam só, Percy Jackson e os Olimpianos! Farei um infográfico:

Porra, tá para sair um novo filme do Sherlock Holmes com o Robert Downey Jr. (Em Janeiro), mesmo OITENTA anos depois da morte do Doyle! Alguém aqui realmente acha que um adolescente que controla água (E todo mundo sabe que a água é o elemento mais chato para se controlar) vai ser lembrado por tanto tempo? Avatar (O da Nickelodeon – alguém ainda fala o nome completo?) faz a mesma coisa, e é muito mais foda!

House of Night, Irmandade da Adaga Negra, Alex Rider, Artemis Fowl, As Aventuras do Caça-Feitiço, Jogos Vorazes e Crônicas do Mundo Emerso são só algumas das várias séries que apresentam um personagem principal (Ou uma personagem principal) e tentam fazer dele (Ou dela) um símbolo para os autores. Só tem duas séries que conseguiram isso (E que já foram feitas pensando nisso): Harry Potter e Crepúsculo.

 Not so fast, motherfuckers!

J. K. Rowling e Stephenie Meyer conseguiram transformar seus personagens principais em símbolos, cada um de uma geração, mas como já ficou demonstrado, não passaram disso. Harry Potter marcou uma geração de 10, talvez 15 anos atrás, e Crepúsculo marcou uma geração de 3 anos atrás, mas todas as gerações anteriores e as gerações posteriores simplesmente reconhecem a existência de cada série, sem representar nada, sem formar gerações e mais gerações, não ao ponto de poder dizer que bisavôs, avôs, pais, filhos e netos conhecem a história, mas bisavôs, avôs, pais, filhos e netos conhecem a história do fidalgo que enfrentava gigantes.

Não sei se haverá, algum dia, uma série que se compare com os grandes clássicos da literatura, do mesmo jeito que não sei se haverá personagens que se comparem à Poirot, à Emma, à Carrie e à Bentinho, mas o fato é que nos últimos 25 anos não há nenhum que tenha representado valores e ideais e nem que tenha servido de exemplo para gerações, e todos sabemos o quanto estas novas gerações precisam disso. Devo admitir que não li nenhuma das “novas” séries de que falei aqui, à excessão de um dos livros de Artemis Fowl (O qual eu desisti de ler várias vezes e só consegui terminá-lo graças à monotonia que é a casa da minha tia), mas duvido MUITO que sejam bons, principalmente os quatro primeiros (Porém, devo também admitir que as capas de As Aventuras do Caça-Feitiço e Crônicas do Mundo Emerso realmente chamaram minha atenção). Enfim, o que quer que aconteça com a literatura nos próximos anos, sempre teremos os velhos livros de páginas amarelas e sem fórmulas repetidas.

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