Cachorros na tela

Primeira Fila sexta-feira, 17 de abril de 2009

Eu sou uma pessoa atrasada. Mamãe foi pra sala de parto na noite do dia 15 de junho, cheia de dor, mas eu decidi dormir mais cinco minutinhos. Nessas nasci meio dia do dia 16. Eu não chego na hora numa aula desde 2000. Meus melhores amigos já se acostumaram a marcar comigo e mentir sobre o verdadeiro horário pra DIMINUIR meu atraso. Este texto deveria estar pronto desde ontem. Isso explicado, inicio oficialmente: comprei o livro Marley e Eu essa semana.

Eu não consigo ler os últimos capítulos porque já sei o que vai acontecer. Quando vi o filme com minha mãe há uns meses saí do cinema vermelha e SOLUÇANDO. Não digam que sou do tipo que chora no colo da mamãe porque ele tremia demais enquanto ela rachava o bico por minha causa, em especial quando perguntei aonde, afinal, nós enterraríamos nossos cachorros. Os pobrezinhos teriam cerca de 85 anos se fossem humanos e, como o Marley, já não têm mais dentes, estão ligeiramente cegos, surdos e cheios de problemas nos ossos. Mamãe, do alto de sua sensibilidade disse que provavelmente os jogará no lixo e pronto. O lixeiro nem se abalaria, pelo tamanico deles (são dois pinchers). Então eu chorei mais ainda, fazendo com que o papai noel do shopping até me desse um pirulito e… ok, é mentira. Era 25 de dezembro e o papai noel já tinha ido passar o resto do verão nas Bahamas. E o que realmente interessa é que só queria um gancho pra falar de… *vide título, suas antas!*

exercitem seu “baby talk”

Cachorros me fazem muito mais “óun” do que bebês, de longe. Aqueles olhos pidões, o focinho preto parecendo engraxado, a barriguinha branca… Muito mais bonitinhos que caras de joelho. MAS (e sempre tem um “mas”) não é em qualquer tipo de filme que essa combinação olho-focinho-barrigabranca matadora funciona. Partindo do pressuposto que eu odeio filme hiperlotado de efeitos especiais, histórias que mostrem cachorros falantes, pilotando aviões ou administrando times de baseball também não estão entre os meus favoritos.

Na verdade, qualquer filme que mostre bichos agindo de forma humana, em especial os que são MAIS inteligentes, me decepcionam. Sim, senhores PETA ou whatever, eu sei que de certa forma os humanos são os animais mais burros porque destroem seu próprio habitat e todo esse blablabla moralista (e verdadeiro, vá lá), mas… me poupem, cachorros não desarmam bombas. Eles até se comunicam com o olhar, mas, definitivamente, não falam. Bom, os meus nunca me responderam nesses 12 anos, e olha que eu falo bastante com eles. Já até tentei inglês, a língua mais falada pelos cãezinhos de Hollywood mas nem assim. E eles são adoráveis desse jeito mesmo. Por isso que filmes que contam a história de cachorros que babam e abanam o rabo alegremente têm todo o meu respeito.

“Sprechen sie deutsch?”

Já cães que planejam fugas, como em 101 Dálmatas; ou As Aventuras de um Cachorro, em que um vira-lata conta toda a sua dramática história de vida; ou os cães pastores língua solta de Babe, o Porquinho Atrapalhado; ou mesmo os cachorros mais falantes ainda, de Dr.Doolittle; todos são daqueles que busco um cobertor quando paro pra assistir na TV. Mas tem aqueles que não são dignos nem de servir de pano de fundo pro meu sono. Bud, o Cão Amigo, que joga BASQUETE, é um deles. O cãozinho de Uma Dupla Quase Perfeita é a testemunha de um crime, fazendo que o personagem de Tom Hanks tenha que o acompanhar pra cima e pra baixo na esperança que o bicho elucide tudo. K9 vai mais longe e coloca um pastor alemão como PARCEIRO de um policial. Mais esperto, diga-se de passagem. Em comum entre esses filmes tem o público alvo e o fato de serem estrelados ou por absolutos desconhecidos ou por grandes nomes que provavelmente tentam apaga-los do currículo. O que nem deve ser difícil, já que a maioria foi lançado direto em vídeo mesmo.

O campeão pra mim é Como Cães e Gatos. Lá tem uma das cenas mais memoráveis, onde o cachorro 1 diz pro cachorro 2 (é, como se eu fosse lembrar dos nomes), no tenso momento clássico de desarmar a bomba nos filmes de ação: “Corta o fio azul! O azul!” “Mas eu sou um cachorro, enxergo em preto-e-branco” “Então corta aquele cinza médio”.

For crying out loud…

Como eu disse antes e os nervosinhos devem ter ignorado e ido fazer algum comentário do tipo “mimimi, que imbecil, como você generaliza”, nem todos os filmes tratam os bichinhos como gente. Tem alguns que os cachorros são personagens de extrema importância e não fazem nada além de… agir como cachorro. Como no supracitado Marley e o cãozinho Skip. São só bons companheiros, como todo cachorro deve ser. Os personagens principais do Amores Brutos (que no nome original quer dizer “amores cães”, do espanhol Amores Perros) também são simples e nem por isso deixam de roubar a cena. Até mesmo o cão frufru de Legalmente Loira é mais digno que o Magaiverístico Benji.

O único lugar permitido (pra não dizer quase obrigatório) onde cães podem agir como humanos, baleias, girafas, ou o que bem entenderem é em desenhos animados. Lá sim, tudo isso é normal. Assim como efeitos especiais absurdos. No mais, melhor deixar os bichinhos serem bichinhos e as vaquinhas serem churrasco. Mas aí o que seria da Sessão da Tarde?

Viu, eles são fofinhos mesmo quando são… cachorros.

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