Billboard e eu
Se você já participou da edição de alguma publicação informativa, como um site de variedades, jornal, revista, etc, então você sabe que nós, colunistas, invariavelmente precisamos de uma pauta. Aliás, mesmo que não tenha participado, se você já assistiu algum filme ou série e viu um jornalista procurando uma história, você vai entender o que estou falando.
Pois bem. Eu estava inocentemente procurando minha pauta da semana, a minha história. Às vezes, enquanto outras idéias não estão maduras, é preciso fazer isso: sair pela internet procurando algo para escrever. Minha buscas me levaram inocentemente ao site da revista Billboard. Esperava encontrar lá algo útil, uma idéia, uma notícia a ser comentada, enfim. Fui meio sem esperança, depois de vagar por sites menores e nada achar que me interessasse. A minha referida inocência ao clicar no link da Billboard era a de eu tinha em mente aqueles catálogos que listavam tudo que havia no mundo do rock, da música popular, do country. Entrem em qualquer página da Wikipedia sobre uma banda grande, de respeito, e lá provavelmente estará dizendo que músicas e albuns deles foram pra famosa Billboard. É um nome de peso.
Mas eu não pensei em uma coisa: essas listas de músicas mais tocadas, essas referências, são todas de outros tempos. Refletiam pessoas diferentes e outra cultura. E foi assim que me assustei, chegando mesmo a ficar meio irritado com o que vi, apesar de não ser nenhum surpresa: Na área de notícias fiquei sabendo que 2 Chainz, Bow Wow, Brianna Perry e Esperanza Spalding, sabe-se lá quem são estas pessoas, vão tocar juntos; vi que um certo Adam Lambert pode cantar em breve com o Queen (também conhecido como “o que sobrou depois que o Freddie Mercury morreu”) e que ficar chamando atenção na mídia está fazendo uma tal Nicki Minaj subir nas paradas. Frustrado, fui ver o famoso Top 100 das paradas musicais da Billboard. Nesse momento, os dez primeiros são: Adele, Kelly Clarkson, Rihanna Featuring Calvin Harris, Flo Rida, David Guetta Featuring Nicki Minaj, Bruno Mars, LMFAO, Jessie J, Katy Perry e Tyga. Muitas perguntas surgiram. Quem são eles? Por que eles se unem em duplas sem motivo? Qual o problema com os nomes deles? Será que existe um “Cali Fornia” também? Fiquei triste. Eu queria muito saber falar alguma coisa desse pessoal aqui, afinal eu me proclamo “colunista de música” aqui nesse boteco. Mas eu nem mesmo sei quem é a maioria dessa gente. Tá, a Adele eu conheço, a gordinha bonitinha que canta bem; a Kelly Clarkson me deu um susto, pensei que ela tava morta ou algo assim; a Katy Perry e a Rihanna são, respectivamente, a guria bonita que beijou uma outra guria e a guria bonita que tomou uns sopapos do marido. E, como diria Forrest Gump, isso é tudo que eu tenho a dizer sobre isto.
Uma coisa que me deixou até um tanto assustado, foi que hoje em dia eu tento ao máximo não ofender ninguém musicalmente. Diabos, eu sei que vai ter gente que ouve esse pessoal que eu mencionei lendo isso e vindo comentar, ou quem sabe os representantes da galera prafrentex, da turma que entende a juventude, cavaleiros brancos da modernidade, me chamando de chato e dizendo que a música tem que “evoluir”. Por isso que não vou entrar nesses méritos aqui nesse texto. Aliás, só escrevi isso por que senti que precisava desabafar a minha ignorância como colunista musical. E mais ainda, a minha ignorância como ser humano, eu suponho. É que, de tudo que vi lá na Billboard, de todas as caras que vi nas fotos, de gente bem vestida e “alternativa” e compõe o supra-sumo da indústria musical (?), somente uma figura me fez ficar ofendido por sua simples existência. É cruel, não sou de julgar alguém assim. Me envergonho em dizer isso caros leitores, pois não sou uma pessoa agressiva ou rabugenta, mas por causa de uma foto passei a detestar essa Nicki Minaj:
Essa mulher me assusta. Por favor, alguém me diga que também se sente assim.
*Nota: em reunião de cúpula do site, chegou-se na conclusão unânime de que a Nicki Minaj é gostosa, apesar da sua estranha expressão facial e demais bizarrices.
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