Baseado, em fatos reais

Cinema quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Nunca fui grande fã por filmes de terror/horror/pavor/temor por dois motivos: Eles normalmente são a mesma coisa sem graça e eu sou um covarde. Freddy, Jason, Leatherface, Chucky e todos os outros nunca entraram e nunca entrarão numa lista que eu fizer de personagens memoráveis. Aliás, os Gremlins também não… E nem o Furby, que é só um plágio safado. Se, por um lado, quando eu era criança, passava longe dessas coisas, agora já vejo uma coisa ou outra… Bem, mais ou menos.

 Ventríloquos são do mal, véi.

Não sei como ainda não fizeram um filme em que bonecos de ventríloquo, marionetes e fantoches lutam entre si pelo domínio do mundo do entretenimento, arriscando revelar-se como serem vivos aos humanos, numa batalha que pode levar ao fim dos teatros e do show business clássico. Você viu primeiro aqui.®

Mas voltando ao assunto: Ainda que eu não seja um fã do estilo, creio que assim como todo mundo, já pensei sobre como seria o filme de terror máximo. Vocês sabem, aquele que faz peruas gritarem no cinema, que deixa marmanjos com medo de andar na rua à noite e que faz criancinhas terem pesadelos por semanas. Um filme que ninguém no mundo sequer teria coragem de questionar sua veracidade: Tudo aquilo é real, pode acontecer mesmo e VAI acontecer caso você faça alguma merda.

E, claro, a resposta mais óbvia é que tal filme jamais existirá. Mas, claro também, que nem eu nem ninguém se satisfaz com a simplicidade do mundo real: Essa porra tem que existir, de um jeito ou de outro. E pensando nisso foi que, subtamente, fui atingido pela aura do conhecimento e da sagacidade: O melhor filme de terror é a realidade.

 Sim, é isso mesmo.

Sempre haverá alguém pra acreditar em alguma coisa; a vida me ensinou isso, os filmes me ensinaram isso e o pastor da congregação me ensinou isso também. Isso significa dizer que você pode fazer o filme que bem entender, independente de roteiro, atuação e qualquer outra coisa, desde que, como grand finale, venha escrito em letras nada amigáveis e garrafais:

Baseado em fatos reais

Deixando de lado o pleonasmo, é apenas isso que você precisa para que seu filme merda sobre fantasmas seja foda pra caralho: Dizer que tudo aquilo aconteceu de verdade. É claro que não importa se aconteceu mesmo, afinal, é só um filme, mas esta simples frase muda tudo. TUDO, eu disse.

Como opcional, indico que a “história real” tenha acontecido entre os anos 40 e 70, numa cidadezinha pacata e irrelevante, que foi para sempre alterada por tais acontecimentos. Dê preferência também à histórias com famílias grandes, de pelo menos 5 pessoas, que são absolutamente normais e sem graça, vivendo suas vidinhas como todo mundo faz. Um local envolto por lendas urbanas e/ou vista com apreensão pelos cidadãos sempre dá um toque à mais, mesmo que tal local seja completamente irrelevante para a história… Aliás, o local nem mesmo precisa ser parte da história, só diga que ele existe e que todo mundo na cidade o acha estranho. E uma arma, sempre deve haver uma arma na história, seja a arma do crime ou uma arma que alguém usará contra o que quer que seja (E que obviamente não funcionará no momento necessário). Uma arma que funciona perfeitamente mas não tem munição também é uma boa pedida.

Quer dar um toque profissional à coisa?

Alguns nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.

Quer deixar a parada ainda mais cabulosa?

Fulano ainda cumpre sua pena em cativeiro.

Nota do editor: Pena em cativeiro? Ele foi sequestrado ou é um papagaio?

AINDA MAIS cabulosa?

Fulano cumpriu sua pena e foi solto dois anos atrás.

PRA CARALHO MESMO?!

Fulano nunca mais foi visto depois dos eventos mostrados.

E acreditem, isso tudo funciona, seja com fantasmas e poltergeists, seja com monstros gigantes e animais radioativos, passando por maldições, cemitérios indígenas, poços antigos, crimes hediondos, aparições, criaturas fantásticas, magia negra, vudu, alucinações, pessoas transformadas em monstros, bruxaria, robôs psicopatas, zumbis, antigas seitas secretas, rituais de conjuração, homens-bomba, monstros, novas espécies não catalogadas, possessões, terroristas, criaturas do centro da Terra, aliens, pássaros, tubarões, tubarões gigantes, tubarões geneticamente modificados, tubarões robôs, tubarões que só comem carne humana, piranhas do tamanho de tubarões, tubarões com lasers, tubarões que voam, tubarões super inteligentes, tubarões pré-históricos, tubarões com duas (Ou mais) cabeças, tubarões zumbis e o Capeta.

E se você der um chiclete pro Stephen King ainda pode conseguir que ele crie uma pantufa assassina só pra você.

Depois de tudo executado basta apenas lançar seu filme. Será um sucesso e terá gente no mundo inteiro jurando que viu alguma coisa parecida depois de assistir o filme. Se você fizer bem feito, vai ter gente jurando que já tinha passado pela mesmo coisa até antes de ter assistido… Caso alguém se suicide após ver sua obra não se desespere: É normal e faz bem pra audiência, dando um acréscimo nas bilheteriais. Mande um

Este filme não é indicado para alguns expectadores.

logo no começo: Assim você se livra de um eventual processo e/ou investigação e ainda garante que sofreu fortes retaliações só por ter ousado mostrar aquilo para o grande público. Aquela sua cicatriz do tombo da bicicleta pode vir a calhar. O grande primeiro passo é convencer à si mesmo de que aquilo tudo é verdade, e aqui vem uma escolha: Ou o filme é baseado numa história real ou o filme em si é real e não é só um filme, mas sim um relato verídico que, por acaso, foi filmado em 3D como mera recordação pra galera. E se, mesmo depois disso tudo, alguém ainda tiver coragem para desacreditá-lo, apele para a velha técnica de pagar pra alguém dizer o que você quer que ele diga: Basta dar um baseado prum mendigo e deixá-lo assistir o filme. Será tudo fato real pra ele.

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