As Guerras do Controle Remoto

Televisão segunda-feira, 06 de janeiro de 2014

É interessante que tantas vezes comecemos a escrever algo e, no meio do caminho, a coisa toma um rumo completamente diferente do esperado. Claro que pode-se apagar tudo e fazer de novo, mas a realidade é que, nesses casos, a irrelevancia ao tema acaba sempre sendo o mais legal de se fazer, e, às vezes, de se ler também. E é por isso que eu vou falar sobre TV.

Antigamente, quando “TV” significava ter uma antena UHF em cima da sua televisão, era comum, ao menos aqui em casa, ter a família reunida no domingo de manhã, aproveitando um tempos juntos antes da macarronada do almoço para assistir desenho. Não que não se assistisse Sábado Animado, TV Globinho, Disney Cruj e tudo quanto era programa com adolescentes de coxas de fora, mas domingo era o único dia da semana em que se podia contar com uma parte grande da família, senão inteira, afinal, como todos sabemos, domingo é um dia de merda.

Vivendo agora numa época em que pais “não podem” dar uns tabefes nos filhos e que absolutamente toda vagabundagem e senvergonhisse infantil é tida como doença, síndrome, desordem e/ou distúrbio, fica meio estranho de se pensar como antes, mas, acreditem ou não, pais tem coisas a fazer, e um filho fazendo birra não era motivo para deixar de fazer o necessário… Mas não no domingo. No domingo há apenas dois estágios possíveis, que se aplicam à todos e não só às crianças: “Absolutamente nada para se fazer” e “alguém fez alguma merda grande demais pra ser ignorada até amanhã”.

Sendo assim, domingão, 10 da matina, estava cada um instalado num sofá. É claro que o episódio de hoje não era continuação do que tinha passado ontem; é claro que o programa já tava gravado há pelo menos uma semana; é claro que as aberturas e encerramentos eram cortados e várias vezes substituídos por uma versão pior e mais grudenta cantada pela Angélica; e é claro que era sexualizado demais prum programa infantil. E sabem qual o grande ponto disso tudo? Ninguém ligava.

Quero dizer, não sei quanto a Angélica ganhava por cada música, mas considerando que de três em três meses aparece notícia de que ela e o Huck tem problemas legais por alguma coisa, ela está bem melhor agora. Mas além das dublagens ruins e dos desenhos que saiam da grade no meio da história, o domingo de manhã era dia de molho vermelho com carne moída, reprise da reprise da reprise da reapresentação dos Flintstones e nenhuma reclamação sobre chefe ou salário… Isso é trabalho pro Fantástico.

Era mais legal quando chovia, já que o tapete era uma opção mais confortável que o sofá e, de vez em quando, rolava uns bolinhos de chuva.

 O maior racismo é negar ao preto sua única utilidade.

E é pra isso que o domingo servia: Reunir a família. Afinal, os desenhos eram ruins e/ou mal administrados; o dia em si é uma merda; nenhum de nós nunca pegou nenhuma apresentadora daqueles troços; e eles não davam PlayStations. Tenho certeza que, se você tem mais de 10 anos de idade, já viu alguém culpar a TV pelo afastamento das famílias e mais um monte de coisas que atualmente é culpa da internet e dos videogames. Bem, pra mim, mesmo que só um pouquinho, era ao contrário.

Fiquem aí com o Yudi pra comemorar.

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