Accept

Música terça-feira, 09 de março de 2010

No mundo da música, em qualquer gênero, existem as bandas que todo mundo ouve, as que alguns ouvem porque encontraram num site russo e acham legal serem exclusivos e outras que ficam no limbo chamado “eu gosto só de umas músicas, não da banda”. Accept é uma banda que, particularmente, eu não morri de amores na primeira vez, porque a primeira música que ouvi foi Balls To The Wall e eu achei ela meio monótona. Tudo mudou quando ouvi Fast As A Shark, pois meus miolos foram parar no teto, após ter pronunciado um “que afudê!!!!”. Pra quem não é do sul, “afudê” quer dizer o mesmo que “muito bom” ou “que massa!”. [Nota do tradutor: Ou “Que foda!”]

Banda que não canta em inglês dificilmente consegue notoriedade. Tirando uma ou outra que conseguiu fazer sucesso na sua língua materna, o negócio mesmo é traduzir tudo pro inglês e mandar bala. Accept, como os seus fãs muito bem sabem, é uma banda alemã que tem letras 99% em inglês e uma única em espanhol. Honestamente eu acho que as músicas deles em alemão ficariam muito mais interessantes, pois o vocal rasgado e agudo daria toda uma agressividade especial. Mas eu sou suspeita, já que línguas estrangeiras é algo que me atrai bastante e o inglês, desde que virou “o novo latim” meio que perdeu a graça pra mim.

Agora, deixando minhas preferências de lado, Accept é/foi uma banda com muitos altos e baixos. “É”, porque de vez em quando eles se reúnem pra fazer um showzinho aqui e acolá e “foi” porque desde 2005 não se ouve mais em apresentações ao público. Uma pena, pois eu adoraria ver um show deles e deixar meus músculos das costas por lá, de tanto bangear. Se você está lendo um texto sobre uma banda de metal e não sabe o que é “bangear”, por favor, feche a página. Você não merece estar aqui.

Accept teve como formação original uma alemoada muito boa, afinal, os primeiros CDs são muito bons, embora pouco conhecidos. Udo Dirkschneider nos vocais, Wolf Hoffmann e Jorg Fischer nas guitarras, Peter Baltes no baixo e Frank Friedrich na bateria fazia a banda ter bastante velocidade, porém com guitarras nem tão salientes. O primeiro álbum soa bem como banda de garagem, tipo o Metallica no Kill ‘Em All. Não que isso seja uma crítica, já que isso não necessariamente deprecia a banda, desde que ela tenha como gênero predominante o heavy metal ou thrash metal. Bandas como Epica ficariam horríveis se fizessem um CD de garagem, pois o que dá a beleza pra esse tipo de som é a ausência de chiados, os instrumentos em harmonia perfeita e um microfone que preste pra captar direitinho os vocais líricos. Heavy metal de macho não precisa destas frescuras.

A montanha russa de toda banda sempre é divergências artísticas, misturadas com “drogas”, com “você nunca mais veio gravar” e “porra, larga esse copo e decora a música, caralho!”. Isso tudo acabou trazendo o primeiro rompimento da banda, em 1986, que foi quando o vocalista Udo e o guitarrista Jorg saíram da banda. Três anos depois e um trabalho solo (Que todo integrante, vingativo ou não, faz) o Accept voltou com o álbum Eat The Heat, que tinha David Reece nos vocais. Pra uma banda, mudar de vocalista pode significar mudar de identidade. Por exemplo, imagina o Motörhead sem o Lemmy e no lugar dele colocarem o Robert Plant. Não adianta reclamar, a banda acaba ajustando o tom e a velocidade pra favorecer o vocal e com isso, muda a essência. Pega o Motörhead, tira o peso e coloca aquela distorção de guitarra que o Led Zeppelin usa. É outra coisa. Iron Maiden com o Paul Di’Anno é diferente do Iron Maiden com o Bruce Dickinson. O novo vocalista do Accept acabou fazendo com que a banda mudasse muito da sua essência, colocando elementos eletrônicos nas músicas e, como consequência, não foi bem recebido pelos fãs.

Enquanto Udo esteve no grupo, antes da sua saída em 86, foram lançados os álbuns I’m a Rebel, Restless and Wild, Balls To The Wall e Russian Roulette, nessa ordem. I’m a Rebel é um álbum que ainda soava bem som de garagem. Já no Restless and Wild, a qualidade da gravação melhora muito e a banda aposta mais no seu potencial. A faixa Fast As A Shark é extremamente empolgante, pois começa com uma gravação de bandinha alemã e depois “risca o disco” e Udo rompe com um berro de dar inveja ao Rob Halford.


AAAAAAAAAHHHHHH!!!!!!

Balls To The Wall segue mais ou menos na mesma linha speed do Restless and Wild. Russian Roulette já é mais calminho, porém a banda continua dando o melhor de si e a qualidade é indiscutível.

Depois do Eat The Heat, Udo retorna ao grupo e eles gravam Objection Overruled, que é um álbum menos speed e mais pesado. Apesar de terem um guitarrista a menos, já que Jorg tinha saído, o álbum não perdeu qualidade e fica entre um dos meus preferidos.

Eu percebo uma diferença grotesca entre as músicas do Eat the Heat e do Objection Overruled. Como eu prefiro (E aqui é uma questão de gosto) o estilo com mais peso e mais feeling, acho que a época do Udo é onde o Accept tem mais identidade, ou seja, se parece menos com todas as outras bandas. Embora eles tenham um estilo muito parecido (Ou quase igual) ao do Judas Priest, eu acho que ainda assim eles conseguem montar um som único, que dificilmente se consegue imitar com perfeição.

Um tempo depois, precisamente em 1992 (E muitos dos que leem essa bagaça nem tinha nascido), veio o Death Row. Se o Objection Overruled eles tinham se acalmado, nesse aqui eles se ligaram na tomada e compuseram músicas mais rápidas. Depois deste álbum devidamente lançado, Stefan Kaufmann se despediu do grupo por problemas de saúde.

Sodom & Gomorra parece muito com Guns n’ Roses, se prestarem atenção. No fundo, acho que toda banda de rock se inspirou nem que fosse um pouquinho no Accept. Os caras ajudaram a pavimentar o caminho que outras bandas precursoras abriram, como o Black Sabbath, por exemplo.

Depois desse álbum fenomenal, eles lançaram o Predator, que é outra obra prima deles. É claro que opinião de fã sempre é parcial, mas em minha defesa, digo que é difícil um fã curtir 90% dos álbuns que a sa banda preferida lança. Aposto que tem muito fã de Metallica que certamente odeia mais de um álbum, ou seja, o St. Anger e mais outro qualquer. Eu gosto de quase todos do Accept em igual proporção, menos o Eat The Heat, porque ficou muito diferente da essência da banda, do que anteriormente eles nos fizeram curtir como doidos e bangear até deslocar o pescoço.

Aqui vai uma das melhores do álbum Predator, Diggin’ In The Dirt!

Quando a gente acha que a coisa vai deslanchar, eles decidiram encerrar as atividades da banda. Não foi uma coisa definitiva no sentido de que nunca mais iriam tocar juntos, mas que não iriam produzir mais material. Após essa última trombeta do apocalipse ter sido tocada, a única coisa que eles fizeram foi tocar algumas vezes em shows (Coisa que em 2005 eles “encerraram” também) e lançar uma coletânea aqui e outra acolá.

Por mais que exista a sombra de que eles nunca mais possam se apresentar juntos, eu ainda prefiro pensar que antes de morrer, eu poderei ver um grande show dos caras. E que eu serei suficientemente rica para vê-los onde quer que toquem. Sonhar não custa nada, afinal, tem gente que ainda acredita que Elvis irá voltar. Que Morrison fugiu pra uma ilha no meio do oceano pacífico. Cada louco com a sua crença, mas eu ainda sou mais a minha.

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