5 boas razões para não esquecer de Rocky Balboa

Cinema segunda-feira, 06 de maio de 2013

Todos nós sabemos que Rocky Balboa, a personagem, e portanto os filmes (Com qualquer numeral ou subtítulo depois) são inesquecíveis. Qualquer um deles. E sim, eu sei que lá pro quarto e quinto a coisa começou a perder força, mas pelas barbas do camarão, nós assistimos mesmo assim. Afinal, é o Rocky, o cara com a boca torta mais amado das telas – isso é, se a gente não contar com o Popeye. Mas mesmo assim, há razões bem específicas e boas pra nunca esquecer do Garanhão Italiano. Quer saber? Vem comigo.

5 – Ele fez os diálogos mais originais dos anos 80

Não, eu não estou dizendo que cada página do roteiro pingava genialidade, que cada cena era pura e profunda filosofia que muda vidas (Mas algumas vezes era mesmo). Na verdade, não importa tanto o quê ele fala, mas como ele fala. Se você assistiu qualquer filme do Rocky legendado e ouviu a voz do Stallone, você sabe do que eu estou falando. E a coisa melhora se você tiver um conhecimento leve de inglês. Rocky Balboa, conforme criado por Sylvester Stallone, parece ter um problema de fala. É uma mistura de sotaque enrolado com o fato do maxilar não estar exatamente onde deveria e uma pitada de baixa escolaridade, que também resultam nos vícios de linguagem. Logo, algo simples como “Good morning, Adrian“, em Rockynês vai virar algo como “Yo Adrian, ain’t t’is a good mornin’? Real good, ya know“. Coloque ele pra recitar Shakespeare: “Ya know, I ain’t so sure if I should be or not. Maybe that jus’ ain’t fo’ me, man. That’s the question, ya know?“, e ele vai presumivelmente dizer isso enquanto gesticula e olha pros lados, meio sem jeito e sem saber bem o que está dizendo, no melhor estilo Balboa.

Se você não gosta de filme legendado e nem sabe o que é inglês, não desanime. Graças à maravilhosa dublagem dos anos 80, você ainda pode captar um pouco do assunto, como nessa cena onde ele é desafiado pelo Mr. T. Com sua típica malemolência, aquele gingado meio travado e meio analfabeto, Rocky transforma qualquer cena em diversão, cheia de originalidade. Melhor do que ouvir é tentar imitar (Principalmente se você conhece alguém chamada Adrian):

Na cena do Mr. T, dá pra notar como o Rocky não tem jeito pra falar com multidões. Aliás, ele não tem jeito pra quase nada. O que me lembra que…

4 – Ele tinha quase nada a seu favor

No primeiro filme do Rocky, ele era pouco mais que um pau-mandado da máfia. Ele nem fazia nada de tão errado, na verdade. Ele só queria ganhar uns trocados e agüentar a barra de viver em um subúrbio violento e com poucas chances da Filadélfia. É claro que muitos outros viviam nessa, mas Balboa tinha ainda menos possibilidades de dar certo na vida já que, sinceramente, ele não era o mais brilhante da classe – assumindo claro, que ele foi à escola. Não é pra detoná-lo, não me entendam mal. Mas é a verdade. Antes de levar o boxe à sério, Rocky era praticamente um Zé Ninguém, sem ter onde cair morto. As únicas coisas que ele tinha em seu favor, e responsáveis pelo “quase” no título dessa entrada, eram o treinador ranzinza mas que confiava em seu talento, a namorada (Meio problemática), um pouco de força de vontade e um talento meio tímido, mas presente. E mesmo sendo bastante pra quem até pouco tempo andava com má companhia pelas ruas, é bem menos que a média do cinema da época.

 Pobre e quase criminoso, mas com estilo.

Em De Volta Pro Futuro, de 1985, Marty McFly é um garoto normal: Tem pais, uma namorada, uma casa legal e viaja no tempo com um sujeito maluco e termina melhorando a própria vida, que já nem era tão ruim assim. Em E.T., as crianças não apenas descobrem que há vida fora da Terra, como ficam amigos do alien (Coisa da qual Sigourney Weaver e sua trupe não podem exatamente se orgulhar). Em Cobra, de 1986, o próprio Stallone faz um policial fodão, acostumado a esfregar frases de efeito na cara de sujeitos fortemente armados, que tem um puta carro modificado e que no final (SPOILERS, caso você esteja trancado em uma caverna há 25 anos) acaba com o vilão da maneira mais fodalhona que ele consegue.

Nada disso tem à ver com Rocky. Na maior parte da vida ele é porra nenhuma. Ele não tinha descoberto nem feito nada de interessante a vida toda. Aliás, ele parecia nem ter meios pra isso. Mas as coisas mudam. E aí, quando menos se espera…

3 – Ele vence mesmo assim

Essa é toda a graça, toda a maravilha de Rocky Balboa: Mesmo aparentemente sem condições, mesmo tendo tudo pra continuar sendo um perdedor, ele vai lá, treina e vira um vencedor. E de início não é por que ele simplesmente venceu um cara mais experiente e com mais condições como Apollo, por que ele só vai fazer isso mais tarde. Mas ele passou por cima, ou antes, nadou através dos problemas, nadou na merda, e conseguir chegar mais alto do que ele mesmo esperaria. Lutou, agüentou a porrada com Apollo Creed, fez frente à ele. É inspirador ver um azarão como Rocky Balboa contornar as próprias adversidades, isso é fato. Afinal, se ele pode, você aí, que pelo menos pode ter um computador (Ou pode pagar o cyber café lan house) e ler textos na internet, também pode. Aliás, pelo menos você sabe ler direito. Isso sem falar que, pelas estatísticas presumidas por mim sobre os leitores do Bacon, você tem condições mais ou menos boas de vida, uma possibilidade de emprego quando sair da faculdade que frequenta. É capaz que tenha até um emprego agora mesmo, e esteja lendo isso enquanto reza pro chefe não aparecer do nada. E tudo isso é bem melhor que morar no equivalente ao Brooklyn da Filadélfia dos anos 80, se dividir entre ser aviãozinho da máfia local e dar a cara à tapa pra viver. Pois bem, com a pouca ajuda que tinha e músicas inspiradoras, Rocky venceu. Mas não só isso…

2 – Ele continuou vencendo

Nós sabemos o quanto é difícil superar dificuldades, mas o cinema faz parecer até fácil de vez em quando. Coloque um pouco de Han Solo e Forrest Gump, uma camada de inspiração, sem esquecer da velha e boa força de vontade, e voalá, temos uma história de superação. Mas fica a pergunta: E depois? Será que algum tempo depois de salvar o dia, o Cobra avançou um sinal vermelho e foi parar no necrotério? Será que depois de derrubar o Império os rebeldes se desentenderam entre si e se dividiram? Perguntas que nunca serão respondidas (Eu acho). Mas de uma coisa temos certeza: Rocky Balboa continuou vencendo. E mais, continuou superando as dificuldades mais ridículas que surgiram no caminho. Ele levou muita porrada, perdeu a esposa, o treinador, o melhor amigo, viu o filho virar um engomadinho retardado, aturou a aposentadoria e só sobrou pra ele o cunhado vagabundo. Sabe o que ele fez no final de tudo isso? Venceu, caso eu não tenha dito isso muitas vezes ainda nesse texto.

 Porradas da vida.

Rocky levou uma vida dura, desde que nós o conhecemos. Teve glória, teve dinheiro, ficou sem os dois, caiu no esquecimento e nunca desistiu. Parece clichê, e é, mas também é a pura realidade fictícia das telas. Melhor ainda do que ver um azarão vencer, é ver ele não desistir. Ainda mais um cara tão legal como Rocky. Sério, ele é um cara legal demais. Sobre as vitórias, você tem a constante sensação de que ele mereceu cada uma. Ele mereceu voltar ao topo – ou talvez ele nunca tenha saído mesmo de lá.

Rocky é um cara tão legal, tão capaz, que enquanto lidava com a própria vida e tentava solucionar suas questões mais difíceis, também ajudou o mundo a se livrar de um certo problema. Coisa boba:

1 – Ele acabou com a Guerra Fria

Foi em 1985. Rocky estava no topo, com grana e fama, até ser desafiado por Ivan Drago, vindo lá do lado vermelho do mundo e querendo provar que na Rússia Soviética, o boxe mata VOCÊ. Ou melhor, mata seu melhor amigo e ex-adversário. Sabendo que Drago era um adversário muito mais forte, preparado por experimentos soviéticos suspeitos e capaz de assassinar, Rocky fez obviamente a coisa mais sensata e decidiu ir pra Rússia treinar e lutar na casa do inimigo. Mas leitores, vos digo em verdade: Nunca duvidais de Rocky Balboa. Dessa vez, com tanto desejo de vingança, nosso herói desce a porrada em Drago e, não contente com isso, involuntariamente acaba com seu país:

Depois da luta, Rocky, em um súbito acesso de inspiração política, faz um discurso, que é automaticamente traduzido para o russo por um tradutor entusiasmado demais com aquele americano de boca torta, na frente de uma multidão de cidadãos oprimidos, para o desagrado do alto comando soviético, assistindo a coisa toda. Dentre eles está um sujeito incrivelmente parecido com o secretário-geral do partido comunista da URSS na vida real em 1985, Mikhail Gorbachev. Toda essa gente acaba ouvindo o seguinte (Na voz entrecortada de cansaço de Rocky):

Durante essa luta… Eu vi muitas mudanças. A maneira como vocês se sentiram sobre mim… E a maneira como eu me senti sobre vocês. Aqui dentro… Havia dois sujeitos… se matando. Mas eu acho que isso é melhor que vinte milhões. O que eu estou tentando dizer é… Se eu posso mudar… E vocês podem mudar… TODO MUNDO PODE MUDAR!

Claro, todo mundo poder mudar, até a URSS, uma mensagem tão clara que qualquer um imaginaria que a cena que se segue é de Rocky e seus amigos gritando enquanto são fuzilados pelos guardas parados ao redor do ringue. Mas não. Nesse ponto, surpreendentemente, o suposto Gorbachev levanta, aturdido e… Aplaude Rocky. Seguido por toda a alta cúpula da União Soviética.

 Gorbachev sem mancha na testa.

Depois disso, é história. Glasnost, Perestroika e fim da URSS cinco anos depois. É, acho que é a vida.

Valeu, Rocky, por moldar o futuro geopolítico mundial e inspirar gerações. Vida longa e próspera pra você.

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