O Brasil no Oscar

Clássico é Clássico segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Saiu essa semana a lista de candidatos para concorrer como representante de “melhor filme estrangeiro” pelo Brasil no Oscar 2010. Mais um ano de expectativas quase nulas, diga-se de passagem. Só pra constar, os indicados são:
*Besouro, de João Daniel Tikhomiroff
*Budapeste, de Walter Carvalho
*O Contador de Histórias, de Luiz Villaça
*Feliz Natal, de Selton Mello
*A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele
*Jean Charles, de Henrique Goldman
*Síndrome de Pinnochio – Refluxo, de Thiago Moyses
*O Menino da Porteira, de Jeremias Moreira
*Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte
*Salve Geral, de Sérgio Rezende
Independente da minha total falta de expectativas esse ano (pra variar), a nomeação me inspirou em escrever o um pouco da história do Brasil no Oscar.

Orfeu Negro

(Marcel Camus, 1959)

Poucos sabem, mas logo na primeira vez que o Brasil apareceu na cerimônia do Oscar, levou a estatueta (de melhor filme estrangeiro). O que acontece é que apesar de se passar no Brasil e ser uma produção conjunta entre Brasil, França e Itália, o diretor Marcel Camus era francês. E como a regra do Oscar em questão diz que a nacionalidade do diretor define a do filme…
A obra em questão conta a história de Orfeu e Eurídice, inspirada no mito grego, ambientada em uma favela do Rio de Janeiro em pleno carnaval.. A adaptação ambientou a obra no Brasil, em uma favela do Rio de Janeiro, na época do Carnaval. Quarenta anos depois ganhou um fraquíssimo remake com Tony Garrido no papel principal.

O Pagador de Promessas

(Anselmo Duarte, 1962)

Primeira produção estritamente brasileira a concorrer a categoria de melhor filme estrangeiro (e levar a Palma de Ouro em Cannes). A história de Zé do Burro (Leonardo Villar), mostra um homem que por uma promessa feita em um terreiro de Candomblé, tenta carregar uma cruz à igreja local, mas é impedido pelo padre ao chegar lá, devido as circunstâncias “pagãs”. A partir daí começa uma disputa entre os praticantes de Candomblé (que o utilizam como símbolo da intransigência da Igreja) e a Igreja, entrando também a mídia sensacionalista com o discurso da Reforma Agrária. Filmaço que perdeu a estatueta pro drama francês Sempre aos Domingos.

O Beijo da Mulher-Aranha

(Hector Babenco, 1985)

O Beijo da Mulher-Aranha foi mais um daqueles casos que só acontecem com o Brasil. Uma co-produção estado-unidense, indicada a quatro oscars: melhor filme (e não melhor filme estrangeiro), melhor diretor, melhor roteiro adaptado (o americano Leonard Schrader), de melhor ator para William Hurt (sendo o único que saiu com a estatueta na mão).
A história de dois prisioneiros (um devido a homossexualidade e outro por motivos políticos) que dividem a mesma cela e que através das histórias inventadas pelo primeiro fogem da triste realidade. O elenco ainda conta Sônia Braga (sempre ela) e Mr.Bison Raul Julia.

O Quatrilho

(Fábio Barreto, 1995)

O Quatrilho conta a história de dois casais de imigrantes italianos, em 1910, que resolvem morar na mesma casa. Nisso o marido de um resolve fornicar com a mulher do outro e fugirem para começar vida nova, deixando os cornos pra trás. Típico filme que faz sucesso lá fora, não a toa sendo indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Perdeu pro holandês Antônia.

O Que É Isso, Companheiro?

(Bruno Barreto, 1997)

O filme baseado no livro de Fernando Gabeira conta a história do sequestro do embaixador americano (Alan Arkin, que ganhou o Oscar por Pequena Miss Sunshine), por grupos estudantis durante a ditadura. Com Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Claúdia Abreu, Selton Mello, Matheus Nachtergaele e Luiz Fernando Guimarães. Perdeu novamente para um holandês, o drama Caráter.

Central do Brasil

(Walter Salles, 1998)

Provavelmente a maior chance dos Brasil conseguir o Oscar até hoje. E ironicamente não por melhor filme estrangeiro (já que concorria com o italiano A Vida É Bela, que também concorria a melhor filme), mas por melhor atriz para Fernanda Montenegro. Dessa vez eu posso falar com todas as letras que a estatueta foi roubada das mãos da brasileira para ser dada para Gwineth Patrol (pelo superestismado Shakespeare Apaixonado). Mal sabia que tal revolta se repetiria dois anos depois com a vitória de Julia Roberts (Erin Brockovich – Uma Mulher SEM Talento) em cima de Ellen Burstyn (Réquiem para um Sonho).

Uma História de Futebol

(Paulo Machline, 1999)

A cerimônia de 2001, além de Central do Brasil, também contava com esse curta metragem que fala sobre a infância de Pelé, que você pode assistir aqui. Perdeu para o espanhol Eu quero ser.

Cidade de Deus

(Fernando Meirelles, 2002)

Cidade de Deus foi um exemplo claro de quanto somos azarados. Indicado a quatro Oscars: melhor fotografia (César Charlone), diretor (Fernando Meirelles), Edição (Daniel Rezende) e Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), demos a sorte de concorrer nas mesmas categorias de Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, que como vocês podem ver aqui, levaram todas as estatuetas que fora indicado. Agora como Cidade de Deus perdeu “melhor edição” para Senhor dos Anéis ninguém explica.

Gone Nutty

(Carlos Saldanha, 2002)

E no mesmo ano que Cidade de Deus concorreu, o curta Gone Nutty (que vocês conferem aqui) do brasileiro Carlos Saldanha, perdeu para o argentino (sim… isso mesmo) Harvie Krumpet.

E dessa forma a sina continua: até hoje o país não levou nenhum Oscar. E se a produção nacional não começar a receber incentivos vamos continuar assim. Ou até que eu produza meu primeiro filme.

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