Cartoon Network e a geração das crianças pensantes (Ou não)

Televisão segunda-feira, 11 de abril de 2016

Apesar da insistência dos tios velhos, mais conhecidos como Loney, por essas áreas, o Cartoon Network não acabou após o “fim’ dos Cartoon Cartoons. Houve uma época difícil por causa do Ben 10? Sim, mas o canal já levantou, sacudiu a poeira, deu a volta por cima e mostrou que podia ser ainda melhor. Os novos desenhos originais do Cartoon Network vão além do esperado, mostram situações complicadas da vida de forma que as crianças consigam entender e com isso fazem com que as elas pensem mais fora da casinha. E isso é bom? Claro que é. Tudo bem que foi meio estranho quando minha filha assistiu um episódio de O Incrível Mundo de Gumball e veio me perguntar se o sentido da vida era comer ou ser comido, mas a mensagem estava lá, foi passada e foi engraçada também.

https://youtu.be/HXmufHPVoY8?t=5m36s

Eu não estou dizendo que O Laboratório de Dexter, Johnny Bravo, Coragem, O Cão Covarde, Du, Dudu e Edu, As Meninas Superpoderosas e afins eram ruins, mas o que tá rolando hoje em dia tá em outro nível. Clarêncio, o Otimista mostra a vida dum moleque fodido do subúrbio que vive com a mãe e o namorado dela, tem dois amigos, um mais fodido que ele e outro um pouco menos, que tem que se divertir com a única coisa que tem de sobra, a imaginação. No desenho, ele não enfrenta monstros ou vive grandes aventuras, ele passa pelo perrengue do dia a dia que crianças da idade dele passam. E é ótimo que tenha um desenho tão “normal” pra minha filha assistir e se identificar, sabendo que as coisas que acontecem com ela podem acontecer com qualquer um.

Aliás, não é bom só pra minha filha, é bom pra mim, pra você, pra todo mundo que teve uma infância fora do playground do condomínio. Aquela infância suja de caçar insetos e chegar em casa todo ralado de vez em quando. Aquela infância de fazer merda e a mãe soltar uns gritos sem se preocupar se os vizinhos iriam chamar o conselho do telar tutelar. As vezes rolavam até umas chineladas, mas quem ligava? Uma das maiores adrenalinas da minha vida era levar umas chineladas, dizer que não doeu e ser perseguido pela casa por uma ogra em fúria.

Coisas que a maioria dos pais tentam evitar de conversar com seus filhos pequenos são explorados nos atuais desenhos do Cartoon Network. Jeff, de Clarêncio, o Otimista, tem duas mães. Steven, de Steven Universo, tem uma família bem diferente, com um pai e três mães e em O Incrível Mundo de Gumball, quem trabalha é a mãe, enquanto o pai fica em casa “tomando conta” das crianças.

Até mesmo Apenas um Show e Hora de Aventura são mais do que desenhos loucos pra adultos drogados. Lidar com relacionamentos é o ponto forte deles, e nessa geração onde friendzone é mais conhecida que a Dercy Gonçalves, saber que receber um NÃO não é o fim do mundo pode até mesmo salvar vidas. Porque olha, eyta geraçãozinha pra fazer drama!

É claro que você precisa estar preparado pra responder esse tipo de pergunta para uma criança de 7 anos. Pode ser um pouco desconfortável no começo, uma vez que você provavelmente descobriu essas coisas sozinho, sem nunca ter tido algum tipo de conversa com seus pais. Mas basta respirar fundo, encontrar as palavras certas e abrir ainda mais aquela linda cabecinha pensante. O mais engraçado é ver como uma criança acha estranho ver duas mulheres ou dois homens juntos, mesmo sem ninguém nunca ter dito se era certo ou errado. O problema é que não é comum você ver situações diferentes à “família tradicional brasileira” na TV, principalmente em desenhos, e é aí que o Cartoon Network vem fazendo um ótimo trabalho.

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