Zumbis – Entre o martelo e a foice.

Primeira Fila sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Então você sai de casa, entra em seu carro e parte pro cinema, se preparando pra uma das melhores experiências de sua vida. Por meses você aguardou a chegada desse filme, afinal, um filme de zumbis NÃO TEM como ser ruim. Quer dizer, é só colocar a zumbizada DEVORANDO o povão, encher de sangue, decapitações TOSCAS, escopetas e coisas do gênero!

…e é aí que você se ENGANA.

Quer dizer, veja RESIDENT EVIL! Aliás, NÃO veja. Porra, o filme começa até bem. Ce vai assistindo, a coisa vai começando a melhorar, com a cena do negão PICOTADO por lasers, e os zumbis demorando a aparecer direito. E escopetas, claro. Tá tudo lá. Mas você SENTE que falta alguma coisa. Não é como assistir a uma pérola do Romero(não o Curinga, véi. O GEORGE Romero). Você procura, procura e não acha o que falta. Aí chega o DOIS no cinema, e a coisa desanda de vez. Porque o filme começa como um filme sobre zumbis, e você cria uma expectativa.

…aí ele vira MATRIX. A mulher sai lutando kung fu com os zumbis, e tudo termina numa briga TITÂNICA onde ela enfrenta o grande OVERLORD ZUMBI no SOCO. Enfim, uma bosta. Claro, não dá pra esperar nada de um terceiro filme depois disso.

Então você resolve assistir mais uma vez A Volta dos Mortos-Vivos, pra tentar ver o que falta nos filmes novos. Porque pô, até de colocar o negão/caipira com a escopeta/espingarda os caras lembraram! Qual a grande sacada que não se vê mais nos filmes de zumbi de hoje em dia? O foco, claro.

Por exemplo, o que acontece quando você vê um filme do Rambo?

O cara vai lá, é chamado pelo exército, mata hordas incontáveis de figurantes, que nem sequer TOCAM nele, depois briga com alguns coadjuvantes, e, finalmente, tem o confronto final com o antagonista(aquela cena do helicóptero e o tanque se chocando em Rambo 3 é do caralho de tão trash, aliás).

Num filme do Superman? Mesma coisa: Ninguém tá nem aí pros figurantes, o cara briga com um ou outro coadjuvante e no final enche o vilão de cacete.

Variando um pouco, temos filmes como A Hora do Pesadelo, Hellraiser, Hello Kitty, essas coisas assim, onde o centro das atenções acaba sendo o vilão sanguinário e terrível. Ou seja, o antagonista. Claro que se enxergarmos o antagonista como protagonista e vice-versa, não tem tanta diferença assim. É só mais um filme padrão onde os personagens importantes aparecem mais.

O que seria, então, um filme de zumbi? Nada mais que a revolta do proletariado, rapá! O protagonista pode ser quem for, e o antagonista geralmente nem existe. Mas os figurantes estão lá, em marcha, pra eliminar todo aquele que tem um papel dito maior e trazer enfim a igualdade final.

Matar um coadjuvante ou o protagonista não é apenas um homicídio, num filme de zumbis. É o ato de protesto final de um figurante enfurecido. O zumbi não está simplesmente dando uma morte memorável pro mocinho. Não está simplesmente devorando seu corpo e destruindo sua mente e esperança. Ele faz MAIS que isso: Ele transforma o homem em zumbi. O protagonista em figurante. É quase como ver um partidário do PSDB ou do PT convertido pro PCO, rapá! Que mané dar destaque pro protagonista o quê. Porra de mostrar a relação entre os seres humanos em situações extremas, véi. O negócio é botar a zumbizada pra FUMAR a negada toda, pô! George Romero foi praticamente o Lênin do mundo cinematográfico. A grande sacada é essa: As estrelas dos filmes de zumbis são os zumbis, cacete! A grande verdade é essa: Ninguém tá nem aí se o ator principal vai casar com a mocinha. Nego tá pouco se fodendo se o negão tá sendo injustiçado pelo redneck do grupo! Desde que seja todo mundo devorado no final, tá ótimo, pô!

PZO: Quem bate cartão devora o patrão.

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