Top 5 filmes do Francis Ford Coppola

Cinema quarta-feira, 20 de abril de 2011

Então, vocês devem ter ficado sabendo que o Francis Ford Coppola completou 72 anos uns dias atrás, né. Não, se bobear vocês não sabem nem de quem eu tô falando. Mas enfim, bora aproveitar essa data (7 de abril, pra ser exato) como uma desculpa pra homenagear um dos meus diretores favoritos, relembrando alguns dos seus clássicos. E de quebra tirar o Pizurk do meu pé por alguns dias. Lembrando que eu tô listando os filmes que me vieram a cabeça, lógico que esqueci de alguma coisa. Então nada de comentários do tipo ai, faltou esse, esse e esse, mimimi, eu sou viado, etc. Brinks, podem comentar sim, eu só vou ignorar.

5 – Tetro

Ok, talvez não valha pra uma quinta colocação. Mas vale pra destacar que depois de meio século de carreira, o titio Coppola continua em plena forma. Tudo bem, ele passou um tempo razoável sem fazer nada decente, mas com esse filme ele se reencontrou. Tetro é lá de 2009, mas chegou aos cinemas daqui só no final do ano passado. E passou praticamente despercebido, infelizmente. Mas é compreensível, o filme é em preto e branco e falado em espanhol numa boa parte do tempo. Se a gente não ler o nome do diretor no começo, dá até pra esquecer que estamos a frente de um filme americano, graças a trama intimista e o jeito que ela se desenrola.

Certo, a história acompanha a família Tetrocini, que migrou da Itália pra Argentina e atualmente vive nos Estados Unidos. Carlo é um maestro de sucesso que renegou seu irmão mais velho depois da fama. Angelo, seu filho, fugiu para a Argentina pra sair da sombra do pai e tentar se tornar um escritor. O filme começa quando seu irmão mais novo, Bennie, parte pra Argentina para procurá-lo. Mas Angelo agora se chama Tetro e não quer mais nada com a antiga família. O tempo passa, os dois vão se reconciliando e Bennie vai tentando descobrir o que de fato aconteceu entre ele e o pai, numa trama claramente autobiográfica do Coppola. Que acertou em cheio na escolha de filmar em preto e branco. Tetro trabalha controlando as luzes de espetáculos num teatro de Buenos Aires, e a ausência de cores ajuda muito nesse simbolismo de luz e sombra. As cores voltam em alguns flashbacks porém, que vão recontando o passado na forma de uma ópera. Aliás, a ópera, o teatro e a música clássica estão presentes durante todo o tempo, mas lá pro final essa aura de lirismo acaba se tornando maior que todo o resto e o filme vai se perdendo.

Mesmo assim, vale a pena. É um filme que volta a abordar a questão da família, tema recorrente na obra do diretor. Mas agora sem o objetivo de agradar crítica ou público, despreocupação que só anos e anos de experiência podem garantir.

4 – O Selvagem da Motocicleta

Último grande filme do Coppola, e tenho dito. E um de seus mais maduros. Nele acompanhamos Rusty James, um jovem líder de uma gangue de rua dos anos 50 que vive à sombra do seu irmão mais velho, o tal Selvagem da Motocicleta. Que saiu da cidade e abandonou tudo por algum motivo desconhecido. Rusty (Matt Dillon) passa o tempo se metendo em brigas com outras gangues, tentando corresponder à reputação do irmão. Mas aí o introspectivo Selvagem da Motocicleta (Mickey Rourke, em uma de suas melhores interpretações) retorna para proteger Rusty, agora cheio de questões existenciais, e começa a perceber a falta de sentido daquilo tudo. A partir daí, somos convidados a refletir sobre as questões das relações familiares (Olha ela aí de novo), violência, solidão e a desilusão de toda uma juventude pós-beat. Tudo isso também em preto e branco, agora simbolizando a visão que o Selvagem da Motocicleta tem do mundo ao seu redor.

 If you’re going to lead people, you have to have somewhere to go.

Um filme simples, mas incrivelmente profundo ao mesmo tempo, que praticamente salvou a década de 80 pro Coppola. E ainda tem o Dennis Hopper, o Tom Waits e o Nicolas Cage antes de desistir de atuar, olha só.

3 – Apocalypse Now

Simplesmente a obra definitiva sobre a Guerra do Vietnã. Num filme tão grandioso que fez o diretor quase desistir do cinema (E da vida, por sinal) conseguimos presenciar toda a loucura e falta de sentido do conflito. O capitão Willard (Martin Sheen) é designado à uma missão para trazer de volta o coronel Kurtz (Marlon Brando), que deserdou e está desaparecido no meio da selva. No caminho, ele se depara com toda a insanidade e absurdo da guerra, desde um comandante (Robert Duvall) que bombardeia seus inimigos ao som de Cavalgada das Valquírias (Numa das cenas mais icônicas do cinema), até regimentos de soldados americanos isolados lutando contra oponentes invisíveis. Conforme vamos chegando ao fim e tudo vai ficando cada vez mais surreal, não temos escolha a não ser mergulhar de cabeça no n’O horror… O horror…

2 – O Poderoso Chefão Parte II

Talvez a melhor sequência da história, e uma das poucas a superar seu predecessor, na minha opinião. O filme marca a ascensão de Michael a Don Corleone, em contra-partida ao seu declínio como ser humano, numa interpretação magistral de Al Pacino. Mesmo assim, Robert De Niro consegue roubar a cena de vez em quando ao encarnar o jovem Vito Corleone. Com as histórias paralelas do início ao auge da Família Corleone, Coppola se aproxima da perfeição e ganha um lugar eterno entre os grandes do cinema.

1 – O Poderoso Chefão

Sim, eu prefiro a Parte 2, mas a importância d’O Poderoso Chefão é inegável. Todo mundo já conhece a história do filme mais referenciado de todos os tempos e suas inúmeras qualidades (Eu espero), qualquer coisa que eu falar aqui será redundante. Então, uma curiosidade: Lá pelos idos dos anos 70, os então jovens Francis Ford Coppola e George Lucas resolveram montar uma produtora independente de cinema. Tudo ia muito bem, até que o trabalho de Coppola chamou a atenção de Hollywood e ele foi chamado pra dirigir um certo filme sobre a máfia, tema bastante desvalorizado até então. O jovem Francis, não querendo trair o movimento, naturalmente recusou. Mas o astuto Lucas convenceu o colega a aceitar o cargo, dizendo que ambos poderiam financiar seus projetos futuros com o dinheiro. Coppola então relutantemente aceitou, reinventou o gênero, e o resto é história. Viram crianças, ao assistirem qualquer coisa que retrate a máfia italiana do jeito que viemos a amar, não esqueçam de agradecer o sacana do George Lucas.

Menção honrosa – Drácula de Bram Stoker

É, esse filme tem suas várias falhas, mas deve ter sido a última representação decente do vampiro clássico no cinema. Tudo bem, mesmo com as desgraças do gênero nos últimos anos, algumas coisas ainda se salvaram, tipo os sensacionais Deixa Ela Entrar e Sede de Sangue, mais recentemente. Só que nenhum deles deu aos vampiros aquela classe característica, que costumava colocá-los num patamar acima de outras criaturas fantásticas. Coisa que Francis Ford Coppola fez com maestria, apesar do Keanu Reeves de alguns problemas. Talvez por causa de sua própria semelhança com os vampiros. Não, ele não se alimenta de sangue nem consegue se transformar em um morcego (Acho). Mas, também ele se encontra em um patamar acima da maioria de seus semelhantes. No caso nós, meros mortais.

E sim, eu sei que o Sidney Lumet morreu no sábado, 9 de abril, e uma homenagem a ele talvez fizesse mais sentido. Mas eu não conheço o suficiente da obra do cara pra isso, então fica aqui o registro. Limito-me a dizer que Um Dia de Cão e 12 homens e uma Sentença são duas obras primas.

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