“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 55 – 51

Cinema sexta-feira, 01 de janeiro de 2010

55) Ed Wood

(Tim Burton, 1994)

Uiara: Pra quem já estava se coçando por um filme do Tim Burton, cá está um que não obteve o sucesso que merecia. Ao falar de Ed Wood, que foi eleito por sei lá quem o Pior Diretor de Todos os Tempos, temos uma senhora lição de que é possível não “vender a alma” em Hollywood, mesmo que isso resulte em filmes de gosto duvidoso. Brigar com produtores pra que não mandem sua mensagem pro espaço e substituam por ideias que vendam melhor é uma arte um tanto esquecida e Ed Wood, com toda a sua estranheza, alcoolismo e gosto por se vestir de moça, era mestre.

Pedro: Em meio a tantos filmes conhecidos do público como Edward Mãos de Tesoura e Batman, talvez surpreenda alguns escolher uma obra (injustamente) não tão celebrada pela grande audiência. Acontece que o filme, preto e branco, sobre a vida do pior diretor do mundo (outro rótulo discutível) é um presente para quem gosta de cinema. Afinal, em uma época em que os filmes cada vez mais parecem ter saídos do “automático” apenas para suprir demanda, é prazeroso ver um homem (que gosta de se vestir de mulher) que faz de tudo para dar vida a seus filmes. Mesmo que isso resulte em atuações péssimas e erros técnicos monstruosos. O diálogo que Ed Wood tem com Orson Welles (Cidadão Kane) mostra que não importa o seu “tamanho” – dentro de Hollywood um diretor precisa ser malabarista (equilibrando seu amor pelo que faz e o desejo dos produtores que financiam) para manter a alma de seus filmes.

Veredito Final:
PA diz:
Lembra quando falei que Cinema Paradiso era um conto sobre o amor ao cinema? Então. Ed Wood é quase isso – com o bônus de ser um filme estilizado, biográfico e chefiado pela duplinha Depp e Burton.
PA diz:
Por mais cômica que possa parecer a história do pior diretor do mundo, o que fica é a briga por cada projeto (que inclui até roubos de películas e material cenográfico) em meios as milhares de alterações de roteiro e atuações péssimas. Ele era ruim, esquisito – mas é inegável o prazer que ele tinha fazendo aquilo.
Fica até difícil não admirar um cara assim.

Uiara diz:
Ed Wood ganhou injustamente o título de “pior diretor de todos os tempos”. Um cara que tinha tanto gosto pelo que fazia é melhor do que muito picareta por aí que largou os tempos de prazer pra só dirigir filmes pra ganhar dinheiro. A vida do cara foi uma bizarrice do início ao fim, é inegável, mas a devoção dele ao defender as ideias que tinha (por mais toscas que fossem) é invejável.
Uiara diz:
Johnny Depp mais uma vez prova que é um dos melhores atores da atualidade, completamente despido de qualquer estrelismo ao se entregar a um personagem tão… excêntrico
e Tim Burton é um maluco que acerta sempre exatamente por meter o pé na jaca

54) Grease

(Randal Kleiser, 1978)

Uiara: Com músicas chiclete, roupas over e penteados esquisitos, é de se admirar que alguém tenha gostado realmente desse filme. O negócio é que qualquer um que senta pra vê-lo SABE dessas coisas de musical e difícil mesmo é não gostar. O galã engraçado e atrapalhado na sua própria macheza, a mocinha Sandy que é como a brasileira, a vilã debochada e a turma que vivia na lanchonete entre hamburguers e milks shake. Como não gostar? Foi o filme que meus pais viram 398 vezes no cinema. Acho que meu gosto por musicais deve ser genético. Mais sobre ele aqui.

Pedro: Se um ano antes, em Os Embalos de Sábado a Noite, John Travolta havia sido protagonista de um filme sujo (e até mesmo mórbido), em Grease ele mostra sua veia cômica em um dos musicais mais marcantes da história. Nada de roteiro ou personagens complexos, tudo em Grease é um grande clichê – e em nenhum momento isso importa. É como se falassem: vamos pegar a fórmula enlatada dos musicais, misturar com o A + B das comédias românticas, mas fazer um filme tão divertido e com personagens tão carismáticos que ninguém se importará. O pior é que dá muito certo.

Veredito Final:
PA diz:
Pegue Embalos de Sábado a Noite, dê uma injeção de ânimo a lá Mary Poppins e você conseguirá imaginar Grease.
Uiara diz:
eu disse que Mary Poppins é feliz. Se ela tomasse uma overdose de LSD e se multiplicasse, viraria o Grease
Uiara diz:
todos esses filmes sobre musicais escolares são cópias extremamente mal feitas do Grease. O personagem do John Travolta é o machão mais engraçado da história do cinema e a Sandy… bom, é igual a Sandy brasileira, mas é compensada pela Rizzo. Aliás, a música que ela canta pra Sandy não poderia ser mais perfeita.
PA diz:
E com um John Travolta inspiradíssimo – não a toa, acabara de sair do filme que lhe jogou nos braços da fama.
Fora que Summer Nights alternando o ponto de vista de uma mulher apaixonada e de um “galinha” para o mesmo evento é hilário.

Uiara diz:
o filme inteiro é uma sucessão de clichês, e por isso mesmo é tão genial. Tem as melhores músicas chicletes que um compositor poderia inventar.
PA diz:
É como se pegasse todos os clichês (e personagens clichês) que você pode imaginar – juntasse com todas as músicas animadas e chicletes, levassem a perfeição e por tabela tornassem medíocres todos os filmes que tentassem repetir essa fórmula.
Uiara diz:
a minha cena favorita é a do personagem do John Travolta e um amigo dando um abraço rápido. Depois de perceber que estavam ali, num momento fofo, separam rápido e saem penteando o cabelo
PA diz:
Você falando dessa cena do cabelo me fez pensar uma coisa – acho que o gênero musical não empolga mais, pq o mais perto que fizeram de um “representando a geração” foi aquela coisa tosca chamada High School Musical.
PA diz:
Basta ver que os últimos musicais que fizeram algum sucesso (justificado) por aqui foram todos de época – Hairspray, Chicago, Dreamgirls (chato de dar dó, mas enfim) e Moulin Rouge,
Uiara diz:
Dreamgirls é um pesadelo, os outros são maravilhosos. Eu ainda acredito nos musicais. Demora, mas de vez em quando sai um que preste
PA diz:
Embora já se tenha percebido (com o próprio High School Musical, e um SERIADO como Glee) que isso faz sucesso.
PA diz:
Ah, mas falando nisso, eu não poderia deixar de compartilhar um vídeo com meus amados leitores adoradores de vampiros que brilham: http://www.youtube.com/watch?v=ClvSqVaiKcU
Uiara diz:
as vezes eu fico pensando se eu não gostaria do High School Musical se ele tivesse repercutido menos entre os adolescentes. Eu acho que o Zac Ephron tem futuro, de verdade. Muita gente passa por cima dele só porque o cara é gato, como fizeram com o Leonardo di Caprio. Mas eu vejo talento ali
PA diz:
O problema novamente é o agente. Se fosse atrás de um papel menos “ídolo teen” o cara cresceria facilmente. Basta ver que os mesmos cuecas que queriam dar um tiro no Leonardo do Caprio em Titanic, pagaram pau pra ele em Gangues de Nova York,
Uiara diz:
acho que vou pra Hollywood agenciar talentos teen. Vou colocar o Zac Ephron em filmes adultos e dizer pro vampiro brilhante pra investir na carreira de cantor e largar as telas
PA diz:
Idem com Brad Pitt diga-se de passagem. Mas bastou ele fazer Seven e logo depois Clube da Luta, que ele deixou de ser visto como “eca” e virou ídolo.
Uiara diz:
quem diria que ser bonito fosse um problema em algum lugar

53) Os Suspeitos

(Bryan Singer, 1995)

Uiara: Pela boca de Roger Kint somos informados, junto com a polícia, de um crime que começou com a prisão de cinco homens. E esse é o máximo que posso dar como sinopse do filme. Com um show de atuação de Gabriel Byrne, Stephen Baldwin, Benicio Del Toro, Kevin Pollack e, principalmente, de Kevin Spacey. Não discuta e vá logo assistir.

Pedro: Faça um exercício mental: conte quanto filmes você conhece que transformaram o nome de um personagem em um verbo? Não um adjetivo como “Esse cara tem um fôlego de Rocky”, mas um verbo. Se a sua resposta for nenhum, largue o computador, não vá atrás de nenhuma
informação e vá assistir a esse filme. E no final você descobrirá o que é ser “Keyser Soozed”.

Veredito Final:
PA diz:
É difícil falar muito desse filme sem estragar a experiência de quem nem sabe do que se trata. Basta dizer que você vai ver, vai adorar e no final vai ficar babando e balbuciando “PQP QUE FILME FODA!”.
PA diz:
Não bastasse uma atuação PERFEITA de Kevin Spacey (que não a toa é meu ator vivo favorito), através de uma narração não-linear, totalmente pautada em pontos de vistas – Bryan Singer consegue criar um vilão (literalmente) mítico do cinema moderno: Keyser Sooze.
Uiara diz:
mesmo deduzindo como seria o final, não deu pra segurar um pulo de “que louco, véi”. O roteiro é genial. E eu sei que os leitores do Bacon não tem capacidade de prever o final, então o pulo deles vai ser triplo.
PA diz:
Por mais gay (e não, isso não é spoiler) que isso soe, aquele sopro do Kevin Spacey me deu arrepios.
Uiara diz:
e não dá pra falar mais nada do filme. Ah, o Kevin Spacey rouba a cena, mas o resto do elenco é afiadíssimo.
PA diz:
E a história muito bem contada.

52) A Malvada

(Joseph L. Mankiewicz, 1950)

Uiara: Eve fez escola nesse filme, mostrando que uma boa vilã não precisa de risadas malvadas ou outras caras e bocas do tipo. No melhor estilo lobo em pele de cordeiro, a moça se mostrou uma boa aprendiz de Ana Bolena e sabe que a forma mais eficaz de passar uma rasteira numa diva como é Bette Davis é comendo quieto. Com uma partição pra lá de especial de Marilyn Monroe, perfeita. E com tantas indicações ao Oscar quanto era merecido.

Pedro: Dois filmes na história do Oscar conseguiram atingir a marca de 14 indicações – Titanic e A Malvada. Mas o que acontece é que enquanto o drama do navio contou com milhares de indicações técnica e duas para atuações, esse recebeu a inacreditável marca de cinco indicações para atuações – inclusive DUAS para melhor atriz. Deu pra imaginar o nível? Como mais duas indicações a atriz coadjuvante, não é a toa que a personagem que dá nome ao título (original) é Eve, ou em bom português, Eva.

Veredito Final:
PA diz:
Bem. O que podemos falar de um filme que justificadamente foi indicado a QUATORZE oscars?
Uiara diz:
depois de Ana Bolena, Eve é a segunda mestra da falcatruagem. A mulher nega até o fim que fez alguma coisa de errado… Genial
Uiara diz:
melhor papel da Bette Davis
e uma pontinha da DEUSA Marilyn

PA diz:
E vale falar que não só é o “papel” que lançou Marilyn, mas também foi a personagem que resgatou Bette Davis (que tava no ostracismo, assim como sua personagem).
PA diz:
A única birra que eu tenho do filme é que usurpou o Oscar de um dos melhores filmes da história do cinema. Mas isso é história para colunas a frente.
Uiara diz:
acontece nos raros anos que tem mais de um filme bom concorrendo ao careca
PA diz:
Fazer o que… acontece. Pelo menos o vencedor fez por merecer.

51) O Labirinto do Fauno

(Guillermo Del Toro, 2006)

Uiara: Procure na área de filmes infantis, é possível que o dono da sua locadora seja uma anta. Essa é a única ligação dele com crianças, no entanto. Não se deixe enganar pela protagonista novinha ou por faunos, fadas e um mundo inteiro imaginário. A história faz muito, mas MUITO marmanjo ficar de queixo caído e lágrimas nos olhos. Eu choro feito um bebê gordo sempre que assisto. E tive pesadelos com aquele… bom, vocês vão ver. Se eu tivesse que descrever esse filme em uma palavra só, acho que seria “belo”. De um jeito que eu não vejo no cinema há muito tempo. Ponto pro Del Toro.

Pedro: Se com A Espinha do Diabo, o diretor de Hellboy e Blade II já tinha mostrado um algo a mais em relação aos tradicionais diretores de blockbusters, com O Labirinto do Fauno (que ele também escreveu) não restaram dúvidas: o homem sabe o que faz. Maquiado como “um conto infantil” (nem pense em deixar uma criança assistir isso), Del Toro, comanda um dos filmes mais cruéis e sangrentos dos últimos tempos. Fazendo um paralelo entre seres fantasticamente assustadores (palmas para Doug Jones que interpreta o Fauno e o grotesco Pale Man) e a guerra civil espanhola, acompanhamos a garotinha Ofélia em sua jornada em dois mundos horríveis. Sendo um deles o seu próprio.
Veredito Final:
Uiara diz:
poucos filmes me foram tão diretamente recomendados quanto esse. Acho que eu tenho cara de conto de fadas. Existe um fator nesse filme que já o tira completamente da prateleira dos infantis: não tem cópias dubladas. Só por aí já dá pra ter uma ideia
PA diz:
Eu imagino quantos processos deve ter levado alguém que colocou “O Labirinto do Fauno” como filme infantil
O filme é cheio de sangue, algumas das cenas de guerra mais violentas de que se tem notícias e alguns personagens tão tenebrosos quanto fantásticos.

Uiara diz:
aquele monstro sem olhos dá calafrios… E é sensacional ver uma versão de como o Coringa teria ganhado aquela boca dele
fora isso, o final é um dos mais tristes que já vi na vida

Uiara diz:
e aquela musiquinha de ninar é marcante
PA diz:
Uma das maiores supresas do ano.

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