“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 15 – 11

Cinema sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

15) Cantando na Chuva

(Gene Kelly/Stanley Donen, 1952)

Uiara: E se eu dissesse que a cena de musical mais incrível e aclamada do mundo nem é a melhor do filme que leva o nome dela? E melhor, as músicas são o pano de fundo perfeito pra contar como o som foi inserido no cinema. Não por acaso Gene Kelly serviu de inspiração até pra Malcon McDowell em Laranja Mecânica. Cantando na Chuva é insuperável no título de melhor musical de todos os tempos.

Pedro: Será que existe cena mais marcante que o Gene Kelly dançando na chuva? Acredito que não. Mas engana-se quem acha que esse é o único motivo pelo qual você deve assistir Cantando na Chuva. O filme é um espetáculo do começo ao fim – de músicas e coreografias dando prosseguimento a uma história simples (e divertida), mas que ajuda a entender um pouco da transição do cinema mudo para o cinema falado. Tchubirudu tchubiru…

Veredito Final:
PA diz:
Se você acha que assistir a cena mais famosa do cinema (só rivalizando com o chuveiro de Psicose), é o bastante para “não precisar” assistir ao filme, meu querido leitor – VAI DAR MEIA HORA DE CU pra aprender a deixar de ser moleque
Uiara diz:
assisti esse filme já contando que ia gostar por conta da música tema, mas fiquei muito surpresa ao ver que não é a única nem a melhor. O filme é TODO bom
fiquei me perguntando por que alguém não tinha falado comigo com tanta gentileza quanto o Pedro antes pra me forçar a vê-lo inteiro

PA diz:
E nenhum filme supera ele em coreografias. Nem em otimismo (e olha que fala de uma época “negra” de Hollywood – em que o cinema mudo começava a ganhar som).

14) Bonequinha de Luxo

(Blake Edwards, 1961)

Uiara: Esse é um filme que eu já sabia que ia gostar antes mesmo de ver. Blake Edwards na direção, Audrey Hepburn na tela e Moon River no auto-falante. Mesmo com todos esses fatores ainda me surpreendi com a qualidade do roteiro e a coragem de colocar uma protagonista tão a frente do início dos anos 60. Uma mulher que não esconde o interesse financeiro, não choraminga por amor, entra e sai por janelas quando quer e ainda assim se enquadra no rosto delicado e corpo mignon de Audrey, que é, na minha opinião, a atriz mais foda bela que já apareceu na frente de uma câmera. Mais sobre ele aqui.

Pedro: O que faz uma comédia romântica tão bem posicionada? Será a inesquecível sequência inicial tocando Moonriver (que ganhou um merecido Oscar)? O fato de Hepburn, em sua melhor forma, interpretar uma encantadora prostituta de luxo? Ou seria pelas suas filosofias de liberdade que incluem ter um gato chamado de gato? Talvez por todos esses motivos e alguns outros que só as mulheres entendam. O que eu posso afirmar é que Bonequinha de Luxo é A comédia romântica.

Veredito Final:
Uiara diz:
é um desses que engana pelo título. Tudo bem que a Audrey Hepburn era mesmo uma bonequinha, mas é surpreendente que ela seja mais macho que o homem lá. Sério, eu parei umas duas vezes pra checar em que ano ele foi lançado e mal pude acreditar
PA diz:
Se a Uiara me agradece por Cantando na Chuva, eu faço o mesmo por Bonequinha de Luxo. Acho que a abertura de Moonriver foi o suficiente pra eu falar “como eu nunca tinha parado pra assistir a esse filme”?
E Audrey Hepburn se colocando como mulher mais linda a aparecer em um tela de cinema.

Uiara diz:
ela é tão linda que quase dói ver. Não é a toa que é uma das mulheres mais imitadas de Hollywood
não que alguém consiga ficar tão perfeita num vestido preto sem nada. Ou numa camisola de gosto duvidoso

13) 8½

(Federico Fellini, 1963)

Uiara: Fellini era um homem momentaneamente sem inspiração e “perseguido” pelas mulheres de sua vida. Por que não escrever exatamente sobre isso? O resultado é um dos melhores filmes já feitos e o meu favorito do palhaço diretor. Guido é um cafa de primeira linha e, ainda assim, consegue fazer uma senhora homenagem às mulheres e sua importância em diversos momentos da vida. E isso tudo enquanto tem uma crise que mostra a pressão que é trabalhar nesse meio caótico conhecido como sétima arte. Favor ignorar sua adaptação musical: Nine.

Pedro: Se em Armacord Fellini conta sobre sua infância, em 8 1/2 ele fala sobre as mulheres e crises de criatividade por qual passava em suas vida. Um filme que reúne adjetivos como alegórico, metafórico, cafajeste, artístico, circense, fantástico e biográfico – sem que um se destaque perante o outro. São inúmeras dimensões atingidas, que só conseguem ser representadas devido a liberdade estética do diretor, de modo que é praticamente impossível que você mesmo na faça uma viagem para o seu interior durante a obra.

Veredito Final:
Uiara diz:
se é verdade eu não sei, mas acho que o filme fica ainda melhor se você pensar que é auto-biográfico
PA diz:
Olha o Fellini de novo, em outro filme biográfico. A história por trás de 8 1/2 é genial. Em uma crise de criatividade, o diretor italiano pensa em fazer um filme, sobre um diretor em crise de criatividade.
E coloca coisas que foram marcantes em sua vida (circo e mulheres) e produz simplesmente o seu filme mais celebrado

Uiara diz:
não por acaso, já que é o melhor do homem. Não bastasse o roteiro genial e o Mastroianni representando o bon vivant em crise de forma maestral, as mulheres do elenco são lindas nos mais diversos aspectos

12) O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

(Jean-Pierre Jeunet, 2001)

Uiara: É engraçado como faltam palavras pra falar exatamente dos meus filmes favoritos. Amélie é um filme com gosto de infância, que mostra Paris como deveria ser – de cores quentes e sem chuva – e que te lembra de ser feliz com os menores detalhes da sua vida, por mais que isso seja um puta clichê. Amélie tem um q de sonho do começo ao fim. Fim esse que tem o beijo mais encantador que meu eu-mulherzinha já viu.

Pedro: Sensação francesa do começo de século, O Fabulo Destino de Amélie Poulain não se preocupa em inventar uma nova linguagem cinematográfica, como fizeram os grandes clássicos do país – mas em contar uma história melhor do que ninguém. Seguindo uma personagem carismática que busca trazer a felicidade de todos a sua volta, o filme se utiliza dos mais variados recursos estéticos e linguístico para transformar a história em um algo mais – uma viagem, um sonho, um delírio.

Veredito Final:
Uiara diz:
Amélie é o filme mais doce, mais maluco e que veio a ser um dos meus favoritos apesar de ter sido o único que larguei antes da metade no cinema
é o meu maior arrependimento da vida, sem dúvida

PA diz:
E porque você fez isso?
Uiara diz:
não sei, sinceramente
tava com mais duas grandes amigas e em um dado ponto dissemos “vamos pra outra sala?” e fomos.
agora a trilha sonora dele está eternamente na lista das 25 mais tocadas do meu iPod

PA diz:
e qual era o filme da outra sala?
Uiara diz:
onze homens e um segredo
ou doze homens
enfim, um desses

PA diz:
Eu acho que o único filme que me fez sair do meio foi Speed Racer – fiquei 20 minutos “circulando” pelos corredores, e quando voltei TCHARAN não havia perdido nada
Bem, Amélie não se tornou sensação a toa – é um filme verdadeiramente francês, mas sem aquela chatice/monotonia comum das obras

11) Ligações Perigosas

(Stephen Frears, 1988)

Uiara: Esse é um belo tira-teima pra você se decidir romântico, sádico ou simplesmente um corrompido. A expressão que eu mesma cunhei pra esse filme é “sadismo de salto alto”. Dois aristocratas, um homem e um mulher, tratam suas relações amorosas como jogos pra matar o tédio. Por diversão, brincam com um casal jovem e virgem e com uma respeitosa senhora casada. O problema, claro, é quando um resolve brincar com o outro.

Pedro: Uma das melhores coisas que esse Top 100 fez foi me obrigar a tirar meu DVD (até então intocado) de Ligações Perigosas da prateleira e assistir. O que eu até então achava que seria só um filme de época, como tantos que existem, se mostrou um filme que eu me identifiquei de forma ímpar. Não é um filme sobre costumes ou eventos históricos – mas um filme sobre a natureza do amor. Visto por românticos – sempre ingênuos e abertos para se machucar, e de pessoas frias – que o manipulam de forma a se divertir (e como podem acabar se ferindo com isso). Sem entregar de cara o lado com o qual me identifiquei, vamos simplesmente dizer que em determinada parte do filme, eu sorri exatamente da mesma forma e no mesmo momento em que um(a) personagem.

Veredito Final:
PA diz:
Única vez que ao assistir um filme pela primeira vez, um personagem reproduziu (ou eu reproduzi, sei lá) a expressão corporal que eu estava no momento da cena. Olha que geralmente eu deixo “a fantasia” do cinema de lado, e fico imaginando como estava se dando (e o porquê das escolhas) o processo de filmagem naquele momento
Uiara diz:
eu consigo intercalar as duas coisas
PA diz:
O filme é tão malicioso que ele resolve colocar os mais frios e racionais dos protagonistas, em uma época que era normal morrer por amor
Uiara diz:
que a gente é fã de humor negro não é novidade e, portanto, não poderia faltar esse dois personagens que são mestres do sadismo no salto alto
a maquiagem que colocavam diariamente pela manhã era melhor que qualquer máscara

PA diz:
E a alternância “sutil” entre “você é o amor da minha vida” para “vou dar uns pegas na garota, arrumar um amante pra ela – e transformar aquela garotinha inocente em uma mulher que dá pra quem quiser quando bem entender – só por diversão” é fantástica
Uiara diz:
se nada disso convenceu, assista por ter Keanu Reeves na única atuação boa de sua vida
PA diz:
e Uma Thurman pré Tarantino

Este texto faz parte de um TOP 100. Veja o índice aqui.

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