The End

Primeira Fila sexta-feira, 14 de março de 2008

Uma das reclamações da safra deste Oscar, segundo alguns críticos, seriam os finais em aberto dos filmes, onde não há notadamente um clímax, prática usual, mas sim um simples “fechar cortinas” sem chamar muito a atenção. Assim ocorre com o vencedor do Oscar de melhor filme Onde os Fracos Não Têm Vez. Ou mesmo um final amargo sem dar possibilidade de redenção ou mesmo um sentimento de felicidade para os personagens retratados no filme.

Para mim, que trabalhei em videolocadora, sinto que as pessoas necessitam de um final “redodinho”, de preferência bem feliz, como um conto de fadas. Poucas pessoas acham que um filme possa ser encarado como “assim é a vida”, podendo terminar de forma ruim. Num ponto as pessoas têm razão (e os produtores hollywoodianos sabem disso): finais surpresas marcam um filme, para o bem, mesmo que o filme não seja aquela maravilha e, obivamente, finais felizes também.

Os finais surpresas, uma verdadeira febre nestes últimos dez anos, são reconhecidamente um “salva filmes”. Se o filme não está lá grandes coisas, conta com uma trama de suspense ou mistério, é só encaixar uma revelação final ou reviravolta na trama que pronto, o filme vai conseguir seu espaço na memória coletiva das pessoas. Acredito que a grande referência desta década seja o final de O Sexto Sentido, excelente drama com suspense, que como um conto de fantasmas, surpreende simplesmente por dificilmente observarmos o que estamos assistindo; somos pegos de surpresa (positivamente). Outro exemplo poderia ser a caminhada final de Kevin Spacey em Os Suspeitos (só quem assistiu o filme sabe do que eu estou falando), ótimo suspense de Bryan Singer. Mas levante a mão quem nunca teve o prazer de contar o final de um filme de propósito para estragar a surpresa de uma outra pessoa?

Sinceramente, finais felizes me enjoam, são boring, acho-os previsíveis e dependem única e exclusivamente do meu humor. A trama e os personagens têm que ser muito divertidos, interessantes ou terem um tempero especial para me agradar. Para não dizerem que sou xarope de carteirinha posso citar a recente comédia romântica Ligeiramente Grávidos como um filme com final feliz (e previsível), mas nem por isto deixa de ser um filme com personagens engraçados e situações cômicas.

Porém, nada me agrada mais do que um evento único e inesperado para fechar um filme, e isto não significa que precisa ser um dramalhão como o lacriminoso (e antigo) Tarde Demais para Esquecer, na cena em que Cary Grant descobre que Deborah Kerr está paralítica; pode ser um filme de ação, Thelma & Louise, com as atrizes se jogando no Grand Canyon; um épico, O Poderoso Chefão III, na cena em que Sofia Coppola (que deixou de ser atriz depois deste filme e, hoje, é uma excelente diretora) é morta nas escadarias do Teatro é deslumbrante; ou mesmo um filme de terror, O Bêbe de Rosemary, na aterradora cena em que Rosemary embala o berço do bebê-diabo.

Mesmo citando estes exemplos, quero deixar bem claro que o the end do filme não necessita ser um evento extraordinário para o mesmo virar um ícone; acho que o filme tem que seguir uma linha de raciocínio que nasce lá na introdução do mesmo. Não adianta chutar o pau da barraca na cena final achando que o filme vai prestar se não há uma coerência na trama (e olhe que isto acontece bastante, finais reviravoltas são os campeões de furos na lógica da trama para tentar ludibriar o público).

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