Talk Like a Pirate Day: Pogues – Música pra se ouvir no convés

Música quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Yo-ho, marujos! Venho ao convés para expandir vossa cultura piratesca sonora, aye? E, por mais que achar o espírito pirata na música não seja tão difícil quanto dizem ser, eu devo privilegiar certos seres lendários que assolam os sete mares com seu som, percebe? E, é claro, não existe no mundo inteiro pessoa mais apta a ser homenageada no dia de hoje quanto Shane MacGowan. Com mil lulas endiabradas! Se existe alguém que fala como um pirata nesse mundo, esse alguém é o infame vocalista dos Pogues, aye?

Certo, pois os Pogues são uma banda irlandesa. O que me leva, claro, a citar outros piratas irlandeses que marcaram a história. Podem-se citar, por exemplo, o rei e pirata Niall dos Nove Reféns, a rainha Grace O’Malley, que se revoltou contra a própria coroa inglesa, ou a terrível Anne Bonny, que era mais macho que teu pai, aye? Notem vocês, maltrapilhos imundos, que por falta de piratas a Irlanda não morre. Mas a história não acaba aí. Apesar da banda ser irlandesa, Shane Patrick Lysaght MacGowan (vulgo Cão DESOSSANDO manga) nasceu na Inglaterra, terra de ninguém mais, ninguém menos que Edward Teach, o Barba Negra.

Após essa breve menção ás raízes piratenses da banda, vamos ao que importa: A cachaça. Shane MacGowan é conhecido por beber em quinze minutos álcool o bastante pra matar uma baleia azul de cirrose, aye? O sujeito só não sobreviveu a um enema ainda porque enfiar qualquer coisa no cu é coisa de FOCA. E, é claro, as músicas dos Pogues são divididas em quatro tipos: As sobre cachaça, as sobre briga com cachaça no meio, as sobre sexo com cachaça no meio e as que misturam os temas já citados. O que já deveria ser o suficiente para que vossa excremência fosse ouvir imediatamente o som dos caras.

Por outro lado, eu sei que vocês, corsários que são, não vão aquietar esses traseiros imundos antes de andar na prancha ou de eu falar sobre o que os marujos tocam, aye? Pois bem, optarei por falar sobre o som dos caras pra evitar a superlotação da prancha.

Os Pogues surgiram em 1982, com o singelo nome de Pogue Mahone – uma anglicização do irlandês póg mo thóin (beije meu FURO). Tocavam uma mistura sanguinária de folk irlandês com o punk rock inglês, algo que você provavelmente já ouviu com o Dropkick Murphys ou com o Flogging Molly, que surgiram uma porrada de tempo depois. Seu primeiro álbum, Red Roses for Me, incendiaria o convés do próprio William Kidd, com as versões foderosas de músicas tradicionais irlandesas, como Greenland Whale Fisheries, por exemplo, que eles fizeram. O álbum seguinte, Rum, Sodomy and the Lash (cuja capa é uma corruptela da Balsa da Medusa de Théodore Géricault, com os rostos dos membros da banda no lugar dos cidadãos da balsa) também chegou como uma bala de canhão no convés de uma fragata sarracena. O álbum foi o número 93 na lista dos cem melhores álbuns ingleses de todos os tempos lançada pela Q Magazine, em 2000, e foi eleito pela Rolling Stone o álbum de número 445 dos 500 maiores de toda a história. À primeira vista pode parecer pouco, mas cê tem noção do tanto de tanguice famosa que os caras tiveram que jogar lá pra cima pra agradar os leitores? Aliás, pra uma banda que mostra a cara de Shane MacGowan sem nem um pingo de vergonha, só de chegar no top 500 já é uma grande vitória.

“And they ruined my good looks in the Old Main Drag.”

Em 1991, Shane MacGowan, incontrolável, acabou deixando a banda, para a infelicidade de muitos marujos pelo mundo afora. Joe Strummer (O cara do Clash, mesmo) se tornou o vocalista dos Pogues por algum tempo, mas Spider Stacy (Que, nos discos iniciais, era o encarregado dos backing vocals e de bater uma bandeja de cerveja na própria cabeça) acabou ocupando o “cargo” até 1996. Depois disso, a banda se separou, cada músico indo pra um canto. Spider Stacy ainda tentou continuar a bagaça com a Boys From the County Hell, uma banda em tributo aos Pogues, mas as coisas só voltaram a melhorar após a reunião em 2001, quando MacGowan voltou a tocar com os camaradas. Aliás, a tour de 2007 deles tá uma maravilha.

No fim das contas, ao longo de toda a história da banda, pode-se acompanhar obras fantásticas como Hell’s Ditch, do álbum de mesmo nome, onde MacGowan narra de modo inigualável a vida na prisão, Fairytale of New York, que é considerada por muitos a melhor canção de natal já feita ou a ótima descrição da vida na rua de The Old Main Drag. Bêbado como for, Shane MacGowan foi e ainda é um gênio musical.

Claro, eu não deixaria vocês, marujos, sem o gostinho de ouvir pelo menos uma música dos caras, aye? Aliás, como eu sou um capitão misericordioso, darei três exemplos da genialidade dos Pogues.

Abaixo, o primeiro vídeo, com quatro músicas: A Pair of Brown Eyes, Sally MacLennane, The Battle of Brisbane (que, aliás, é do caralho) e Transmetropolitan, que, como a HQ, é tão boa quanto atirar num pescador em dia de saque.

Arhh! No próximo vídeo, o que você esperava ver há quatro parágrafos: Um clássico dos Pogues, com a empolgante performance de Spider Stacy com a bandeja. E é sério, aye? A bandeja foi uma adição empolgante pra cacete á música.

Por fim, a genial Hell’s Ditch. Uma das melhores músicas dos caras. A entonação do MacGowan nessa música é a melhor entonação que se pode dar a um prisioneiro sem esperança, aliás.

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