Supositório entrevista – Dolemes (Game Reporter)

Games segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

David de Oliveira Lemes, doravante denominado apenas Dolemes, veterano da crônica gamer online e mandante do GameReporter. Não tinha um cara mais adequado pra fechar o Supositório desse mês. O cara anda sempre ocupado, mas descolei um papo com ele.

Entrevista

Atillah: De onde surgiu a idéia e os culhões pra você resolver fazer um blog só sobre games?
Dolemes: Seguinte cara, durante quase 7 anos eu editei o AOL Games, o canal de games da AOL no Brasil. Era um site beeem bacana e tinha como foco e linha editorial olhar para o gamer e depois para a indústria de games, e nunca ao contrário. Esse relacionamento com os gamers me deu as bases para o GameReporter. Comecei o blog em novembro de 2005 e em breve fará 2 anos. No começo, o blog serviu como repositório de todas as matérias que eu e minha equipe tínhamos feito para a AOL. Esse backup era necessário, pois a empresa estava fechando as portas no Brasil e desligaria todos os servidores. E mais: eu queria ter todo aquele conteúdo de qualidade guardado. Assim sendo, o blog já começou com conteúdo de primeira linha, de resto, foi tentar manter o mesmo nível ao longo do tempo.

Atillah: Como você vê a crônica jornalística nacional em comparação com sites internacionais absurdamente ridículos de bons, como o Destructoid?
Dolemes: Cara, sou muito fã do Destructoid. É uma inspiração diária para mim. Assim como a crônica esportiva, a crônica de games é um gueto: sempre as mesmas caras e as mesmas pessoas. Não que isso seja ruim. O que acontece é que estas mesmas pessoas precisam se desdobrar em 15 para tocar as publicações onde trabalham, tendo em vista os baixos salários e tal. É necessário surgir um ponto de ruptura no sistema, como a chegada de um grande portal de games no Brasil para as coisas mudarem por aqui. Enquanto isso não acontece, continuo acreditando nos blogs de games.

Atillah: Você acha que no Brasil a situação dos vídeo-games hoje em dia é melhor ou pior do que na época de 80 e 90? Lembro por exemplo que a TEC TOY sempre tentava acompanhar o mercado internacional, com o lançamento do Master System e do Mega Drive, inclusive com comerciais próprios, veiculados na televisão e em revistas.
Dolemes: Um dos grandes problemas do mercado de jogos no Brasil é a pirataria. Contudo, não consigo ter uma visão completa deste fato nos anos 80 e 90. Sim, existia, mas confesso que não conheço. Hoje isso é intenso e prejudica o mercado nacional. E como combater? Diminuindo o valor dos jogos, incentivando e desenvolvendo a indústria nacional, mas é necessário também de ajuda federal com diminuição de impostos e incentivos fiscais para a indústria. Só assim este quadro pode ser revertido.

Atillah: O que você está jogando?
Dolemes: Atualmento ando jogando Hattrick, Black para PS2 (sei, é um jogo mais antigo, mas dar uns tiros de vez em quando é bom demais, não?) e Lost Planet para XBbox 360. Além disso, váaaarios jogos em Flash, afinal, faço também o GameOZ.

Atillah: Você acha que a pirataria galopante realmente é um problema que impede o estabelecimento de grandes marcas no Brasil?
Dolemes: Sem dúvida nenhuma. A pirataria que impede o Brasil de crescer no mercado de games. Contudo, com o amadurecimento do mercado, creio que isso venha a diminuir, mas ainda vai demorar uns bons anos.

Atillah: Qual o melhor jogo que você já jogou? Tá bom, pode escolher uns três pra não sofrer tanto. Mas explique por quê eles são os melhores.
Dolemes: Eu sou da geração Atari e me lembro de ficar horas e horas jogando Montezuma’s Revenge e Hero. Montezuma’s foi o primeiro jogo onde percebi que um game poderia ter uma narrativa mínima, mesmo na época não sabendo o que era uma narrativa propriamente dita. Só lembro de sentir que ali existia uma história. Joguei muito MSX e gostava de tudo. Aquele lance de ter um computador ligado na TV me fascinava. Agora, passando para a nova geração, fica bem difícil eleger um… e como gosto de jogo de tiro em primeira pessoa, fico com o Lost Planet…. aquilo é cinematográfico. E confesso: estou louco para jogar Halo 3.

Atillah: Qual é a grande revolução nos vídeo-games que ainda NÃO aconteceu?
Dolemes: Projeções holográficas interativas é algo ficcional que pode ser a grande próxima revolução do ponto de vista do suporte, ou seja, sairemos da mundo simulado em uma caixa (TV ou monitor) para um mundo projetado no ambiente em que estamos inseridos. Já existe muita pesquisa nesta área.

Atillah: Você acha que a faixa etária dos jogadores no Brasil está aumentando? Essa parece ser uma tendência mundial, mas não temos dados extensivos pra saber o que acontece em nosso país. Em caso positivo, você acha isso bom ou ruim?
Dolemes: A faixa está aumentando pois a geração Atari cresceu. E mais: é uma geração que já tem filhos. Conclusão: dá para jogar em família. Acho isso muito positivo, pois o videogame pode até ajudar pais e filhos a se relacionarem melhor, afinal, é só jogarem juntos.

Atillah: Você gosta de gordinhas? Você não acha que o papel das mulheres no cenário gamer ainda é muito restrito? Falo isso tanto em termos da representação feminina nos jogos, com mulheres como objeto sexual, como no fato de acreditar que elas ainda jogam pouco e participam de forma tímida da cena gamer.
Dolemes: Cara, eu acho o seguinte: o público feminino é diferente do público masculino. Só porque as garotas não curtem Battlefield 1942 não quer dizer que elas não gostam de games. É como no cinema: elas preferem comédias românticas e os homens, geralmente, filmes de ação. Mulher gosta de casual games, jogos de raciocínio e não tiros e velocidade. Jogos que exploram a figura feminina são para os nerdões sem namorada. Em tempo: nenhuma mulher resiste ao Collapse.

Atillah: É fácil fazer jornalismo de games no Brasil? Qual é a dica mais valiosa que você gostaria de deixar pra quem quer trabalhar profissionalmente nesse meio?
Dolemes: Em primeiro lugar leia muito, aprenda a escrever corretamente e esqueça os vícios e jargões da área. Segundo, claro, jogue muito e conheça a história do videogame. Não dá para escrever sobre uma coisa que você não conhece. Feito isso, crie um estilo para seus textos e análises. Uma personalidade textual. Depois disso, é só aparecer um pouco no meio jornalístico e o melhor modo para se fazer isso hoje em dia é o blog. De resto, leia todos os dias o GameReporter.

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