SOPA/PIPA

Música quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A não ser que você tenha acordado agora de um coma de vinte anos, com certeza já ouviu falar da SOPA. Pra quem, mesmo com o tamanho da repercussão, ainda está por fora, aí vai um resumo: É um projeto que lei que pretende punir qualquer pessoa, com penas de até 5 anos de prisão, que fizer uso de imagens/sons/vídeos/afins na rede sem autorização direta do dono dos direitos autorais. Se aprovada, a lei transforma todos em criminosos.

 Ela tentou avisar.

Já deu pra imaginar o tamanho da merda, não? Imagine quantas prisões não vão sofrer superlotação? Não que seja motivo de preocupação imediata, já que monitorar cada pixel na internet é uma tarefa impossível. Mas só aí já dá pra ver que temos uma lei inviável e que, pra piorar, ainda vai contra a Primeira Emenda, parte da constituição americana bem conhecida dos fãs de Law And Order. A Primeira Emenda simplesmente libera toda forma de opinião/religião/afins nos Estados Unidos. Logo, qualquer forma de censura é expressamente proibida.

Mas aí muita gente pensa “é do outro lado do mundo, o que isso me afeta?” Simples, jovem gafanhoto, pense em um site acessado por você que seja 100% tupiniquim. Mesmo que você me liste mil blogs de humor, pense em todos os sites da onde esses blogs tiram seus posts. Dêem adeus ao Reddit, 4chan, 9gag e todos mais. E, mesmo que nossos blogs passem serem os criadores do conteúdo postado, a segunda lei, PIPA, permite que as empresas americanas possam processar todo mundo que esteja postando, dentro dos Estados Unidos ou não. Tudo bem, ainda dá pra gente se virar com algum conteúdo próprio, como tirinhas independentes. Mas aí vem o adeus a nossa querida Wikipedia, já que essas leis não vão afetar somente formas de arte (Embora provavelmente a fiscalização recaia só sobre elas). Serão proibidas quaisquer fotos de eventos históricos ou de personalidades famosas que ainda não estejam em domínio público, ou seja, não esteja há mais de cinquenta anos circulando pelo mundo fodeu vai todo mundo repetir de ano.

A situação só fica mais absurda se você pensar que essa história toda começou no país que mais critica a censura e a falta de liberdade dos regimes autoritários.

 HIPOCRISIA: Você está fazendo isso certo.

E piora quando se vê o quão óbvio é o propósito da censura na internet. Todo mundo já sentiu o tamanho do poder da rede com os revoltas recentes lá do outro lado do mundo. Caiu a internet, caiu o governo, praticamente. A internet é simplesmente a ferramenta mais potente pro povão. Seja pra obtenção de conhecimento, seja pra protesto. Basta um celular pra que qualquer um vire jornalista. Em trinta segundos, um acontecimento já atingiu o mundo todo, e, o melhor, fora das barreiras e manipulações da maldita mídia. Tirar essa arma da nossa mão seria uma jogada e tanto.

A internet derruba empresas. Se vocês repararem bem, a maioria das grandes corporações que inicialmente apoiaram o projeto de lei, como a Sony e a Eletronic Arts, já deram pra trás e vieram a público esclarecer as coisas. Basta um passinho em falso e os servidores das empresas vêm abaixo devido ao trabalho de grupos de hackers.

Mas, pensando bem, será que essa eterna batalha entre as empresas e a internet não é desnecessária? Hoje em dia, a indústria musical, por exemplo – e falo dela por que por mais que dê pra baixar um álbum pela internet, só dá pra aproveitr a banda realmente num show – fatura mais ou menos o quádruplo do que faturava uns quinze anos atrás, mesmo com a morte dos CDs.

Mágica? Não. Simplesmente soube-se aproveitar as vantagens de exibir seu trabalho pra todo mundo, de graça. Há mais investimento em publicidade e menos investimento na fabricação dos CDs físicos, apelando para a venda virtual de álbuns de música, ou mesmo de filmes, séries, enfim, qualquer coisa que possa ser codificada em aparatos redondos e brilhantes. Raramente se vê tiragens muito grandes de CDs físicos e DVDs.

Sem falar no ramo de possibilidades que a internet abre para bandas e selos independentes. É muito mais fácil e prático apresentar-se pro povão. Antigamente, até que uma banda conseguisse alguma gravadora louca o suficiente pra investir num desconhecido era uma batalha sem fim. Hoje em dia, bastam quinze minutos e uma filmadora legal. E mais artistas podem se lançar. E isso aumenta a concorrência, e mais produtos de qualidade ou formas criativas de marketing surgem.

Ok, talvez nem tantos produtos de qualidade assim. O que importa é: Existem milhares de possibilidades que poderiam muito bem ser aproveitadas com a liberação da música na rede. É fato: O produto vai vazar alguma hora. Seja no estúdio, com algum espertinho roubando as fitas demo, seja na hora de empacotar os CDs pra levar pras lojas, enfim. Alguém vai ter acesso e vai jogar na rede. É melhor se conformar. Ou usar o vazamento ao seu favor. A exemplo do Nightwish que, ao entregar o material do álbum pras rádios na hora da divulgação, jogou uma marca d’água nas músicas. No meio de cada refrão, a voz do Tuomas aparecia por cima da música, anunciando a data de lançamento do CD, o nome da banda e da gravadora. Assim, pelo menos uma pessoa ia ter que comprar o álbum, pra ter acesso às faixas “limpas”.

Então, gravadoras, minhas lindas, deixem de frescura. Aproveitem a possibilidade de divulgação pra trazer velhos títulos de volta às paradas de sucesso. Aproveitem para divulgar shows e apresentações em programas de TV. Ora, se mais pessoas conhecem algum trabalho novo de um artista, mais pessoas irão ao show. E são esses concertos que sempre deram a maior parte do lucro, em qualquer época da história da música. É sério, até Mozart investiu nisso.

Por fim, apesar de tanta lenga-lenga e frescura, acho difícil que as leis sejam ratificadas. Até por que o próprio Obama já anunciou que é contra, e duvido que alguém diga não ao presidente dos Estados Unidos. Ao MOTHERFUCKING presidente dos Estados Unidos, que é só o cara mais poderoso do mundo.

De qualquer jeito, é bom abrir os olhos e não deixar a peteca cair mesmo assim. Divulgar textos sobre o assunto KIBA NÓS pras pessoas mais leigas, participar de algum manifesto, essas coisas. Até por que já deu pra perceber que basta uma distraçãozinha nossa pra que o governo foda com nossas bundas, sem palavras de amor, jantares românticos ou ao menos vaselina.

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