Sandman – Fábulas e Reflexões (Vertigo)

Bíblia Nerd terça-feira, 31 de março de 2009

Uma das características mais marcantes da série Sandman é o fato de ela mostrar, por uma perspectiva inusitada, os acontecimentos na humanidade: eventos históricos, surgimento de imperadores e escritores, novas versões de lendas antigas… enfim, milhares de eventos conhecidos, reais ou não, são frutos das ações dos Perpétuos, sejam apostas, promessas pessoais ou até mesmo sua falta de ação diante certas coisas. Isso é mostrado claramente em Fábulas e Reflexões, uma coleção de histórias sem ligação entre si, mas que mostram como os Perpétuos supostamente influenciam em nossas vidas.

Medo de Cair
Uma história curta, sobre um autor e diretor de teatro que tem medo das consequências que sua peça possa ter, independente de sucesso ou fracasso. (Arte de Kent Williams)

Três Setembros e um Janeiro

Uma história divertida sobre a história de Joshua Abraham Norton, primeiro, último e único Imperador dos US of A. Mostra as ações de Norton como resultado de um desafio entre Sonho e Desespero. A história também mostra uma explicação para as ações de Desejo em A Casa de Bonecas. (Arte de Shawn McManus)

Termidor

Uma história sombria, ocorrida no final da “Fase do Terror” da Revolução Francesa. Tendo como personagem principal Lady Johanna Constantine e fazendo uma breve introdução de Orpheus, é possivelmente a passagem mais política da série, mostrando Gaiman em sua crítica mais selvagem de um regime que vai contra suas crenças quase que totalmente: um regime que fez de tudo para abolir a história -inclusive com a introdução de um calendário próprio- e, portanto, entra em choque com a crença de Gaiman na importância das histórias humanas. (Arte de Stan Woch e Dick Giordano)

Caçada
Um conto de fadas do leste europeu sobre um jovem do “Povo” (lobisomens) que ganha o retrato de uma bela princesa. Faz referências à Morte de Koschei, o Imortal, e à bruxa Baba Yaga. (Arte de Duncan Eagleson e Vince Locke)

Agosto
Um conto bastante desolador sobre o imperador romano Augusto César. Disfarçado de mendigo, ele fala de sua vida para o anão Lício, que o ajudou com o disfarce. Aprendemos que, quando jovem, foi estuprado pelo seu tio-avô Júlio César; que Augusto escolheu o futuro de acordo com dois conjuntos de profecias, um em que o Império Romano cresce de modo a dominar todo o mundo e durar milênios, e um em que o império sucumbiria após alguns séculos. O motivo de seu dia como mendigo foi uma sugestão de Morpheus, que o disse, em sonho, que daquele modo os deuses não poderiam saber de seus planos. A maior parte dos fatos históricos é baseado no livro “A Vida dos Doze Césares”, de Suetônio. (Arte de Bryan Talbot e Stan Wooch)

Regiões Abstratas
Uma história de Marco Polo enquanto ainda era jovem, em que se perde no deserto. Sem querer, ele adentra uma das regiões abstratas, um lugar onde a divisão entre o Sonhar e a realidade não é muito bem definida. Lá, ele encontra Rustichello de Pisa (o escritor de “As Viagens de Marco Polo” -Marco só fez narrar suas aventuras), Gilbert/Fiddler’s Green e o próprio Morpheus, que está voltando ao Sonhar após seu cativeiro em Prelúdios e Noturnos. A história tem algo a ver com Exílios, uma história do livro Despertar. (Arte de John Watkiss)

A Canção de Orpheus
História central do volume, conta parte do mito grego de Orpheus, de modo parecido com o de “Sonhos de Uma Noite de Verão” (Terra dos Sonhos). Por trás da história principal, há uma interpretação própria de Gaiman do mito, com visão baseada em seus próprios personagens, uma vez que os pais de Orpheus são Calíope e Morpheus, enquanto seus tios Destruição e Morte são importantes por permiti-lo ir ao submundo depois da morte de sua esposa, Eurídice. A versão de Gaiman reforça a tragédia de Orpheus com a diferente e sutil relação de seus pais, que ecoa em Vidas Breves. (Arte de Bryan Talbot e Mark Buckingham)

Parlamento das Gralhas
Essa história segue Daniel Hall, filho de Sonho com Hipólita Hall, como um personagem independente. É uma metahistória, uma vez que fala sobre histórias e seus contadores, um recurso muito utilizado em Fim dos Mundos, uma vez que Caim, Abel, Eva, Matthew e Daniel se juntam para contar e ouvir histórias. Essas são sobre as três esposas de Adão, como Caim e Abel foram viver no Sonhar, e um curioso fenômeno natural, o parlamento das gralhas. Em alguns quadros de Jill Thompson, são mostrados versões de Sonho e Morte quando “crianças”, formato que se tornou popular entre muitos fãs da série. (Arte de Jill Thompson e Vince Locke)

Ramadã
Uma história contada, ilustrada e letrada de acordo com a tradição árabe. O califa Harun Al-Rashid governa sobre a cidade de Bagdá, a maior cidade jamais vista. No entanto, ele está preocupado com a efemeridade da própria perfeição da cidade. Ele vai ao topo de seu palácio e ameaça quebrar um globo de vidro cheio de demônios se Morpheus não aparecer para falar com ele. O blefe não é engolido, e, irado, o califa arremessa o globo; Morpheus, então, aparece e o apanha. Depois de uma breve discussão, ele e Al-Rashid vão ao mercado, onde o califa propõe um negócio único: ele dará a era de ouro da cidade de Bagdá a Morpheus, desde que ele faça a cidade ser lembrada enquanto a humanidade existir. Uma vez que o acordo foi fechado, o tapete voador de Rashid cai no chão. Rashid acorda e se encontra numa Bagdá mais normal e sombria, sem memórias de sua forma anterior. Ao retornar ao palácio, ele encontra Morpheus, que está com a cidade antiga numa garrafa. A história termina com uma mudança abrupta para uma Bagdá em seus dias modernos, destruída pela guerra, onde um velho estava contando a história a um menino em troca de moedas e cigarros. No fim, o menino pergunta como o acordo terminou, mas o velho não responde. No entanto, ao voltar para casa, o garoto está encantado pela história, e então tudo fica claro: ao contar histórias sobre a cidade, com as lendas como pano de fundo, Sonho se certificou que as histórias fossem contadas e recontadas, mantendo-se vivas para sempre na memória. (Arte de P. Craig Russell, Lovern Kinzierski e Digital Chamemeon)

Sandman-Fábulas e Reflexões


The Sandman: Fables and Reflections
Lançamento: 1993
Arte: Vários Desenhistas
Roteiro: Neil Gaiman
Número de Páginas: 272
Editora:Conrad

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