Revanchismo (Rogério de Campos)

Livros quarta-feira, 16 de maio de 2012

Eu recebi da Conrad, dentre outras coisas, o livro Revanchismo, de um tal de Rogério de Campos [Que depois eu vim a descobrir que era um autor estreante, além de fundador da própria Conrad]. Talvez pela capa roxa, eu não tenha ido com a cara do pobre livro. E, mais uma vez, aquele velho deitado que diz que não se julga livro pela capa cobrou seu preço. Eta livrinho bão, sô.

O livro começa meio esquisito, com um prólogo curto que não explica muita coisa. Ai vem o primeiro capítulo e… Explica menos ainda. O livro é meio confuso de início [Na verdade é BEM confuso], mas conforme a sua leitura vai avançando, você vai sacando o que se passa ao redor [Ou não]. A estrutura básica é montada em torno do seguinte método: Cada capítulo, por mais curto que seja, é baseado no ponto de vista de uma personagem. Alguns personagens aparecem brevemente aqui e ali, outros permeiam o livro todo. Mas isso não quer dizer que um seja mais importante que o outro. Todos tem sua fundamentalidade na trama, complexa pra caralho.

O que importa é que a história gira basicamente em torno de Laura, uma artista/desenhista/ilustradora/doida, que é envolvida sem querer num rolo desgraçado com um tal de Kocinas. Que, por sua vez, está mergulhado até o pescoço no que sobrou da lama do período da ditadura militar no Brasil. Kocinas era um policial/torturador, e tem provas pra chantagear meio mundo político do cenário atual brasileiro. E é o que ele faz, até que morre, de um jeito um tanto quanto desconcertante. Acontece que o seu material de chantagem acaba caindo nas mãos de Laura, que inclusive estava sendo perseguida por ele [Por um motivo cretino, diga-se de passagem]. Acontece que esse material interessa à muita gente: Letícia Whitaker, [Na época] ministra, que é representada boa parte do tempo pelo ex-policial e agora consultor de segurança Daniel Escalante; e o Vampiro, governador do Estado de São Paulo. Qualquer pessoa minimamente integrada de política logo notará em quem tais personagens [Pelo menos os políticos] foram inspirados.

Os motivos que levam Vampiro a querer o material de chantagem não ficam claros [Ele quer evitar que seu passado venha a tona ou pretende usar tudo contra seus inimigos?], mas o que Letícia quer evitar que vaze é exposto de forma clara [No texto]: Fotos de quando ela foi torturada, apenas por ser comunista. Acontece que ambos são coadjuvantes na história. Tudo gira em torno de Laura e Daniel. Alguns capítulos, ao serem apresentados, não fazem o menor sentido, devido à personagens que nada tem a acrescentar à narrativa. Porém, com o seguir da história, tais acontecimentos são explicados, e você se bate na testa e fala aquele clássico “Ah, tá!”. Acontece que, ao contrário do que possa parecer, não existe inocente na história. Por mais que você queira acreditar que alguém é 100% bonzinho, honesto ou ingênuo, ninguém o é. Mesmo Laura, que parece frágil e tola, é mais esperta que muito bicheiro que você conhece. Talvez não o tempo todo, mas quem é algo vinte e quatro horas por dia?

Por fim, o livro trabalha muito bem com a ideia de que as coisas não são reveladas com intuito de esclarecer a população, mas sim por puro interesse dos envolvidos, seja para enaltecer os aliados, seja pra esculhambar os inimigos. Claro que soa levemente paranóico, mas quem me garante que os paranóicos não estão certos, nem que seja de vez em quando? Minha única ressalva ao livro é que parece levemente esquerdista, como se ser direita e esquerda hoje em dia, no nosso Brasil, fizesse alguma diferença. Mas não chega a ser uma panfletagem descarada, o que não estraga o livro, que te prende do começo ao fim. Leia numa sentada só [Entenda como quiser].

Revanchismo


Ano de Edição: 2009
Autor: Rogério de Campos
Número de Páginas: 200
Editora: Amok-Conrad

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