Resenha – Eu Sou A Lenda (2)

Cinema domingo, 20 de janeiro de 2008

O que explica o super sucesso de EU SOU A LENDA nos cinemas americanos? Não que o filme seja ruim e não mereça o retorno do público, inclusive, o filme um misto de ficção, aventura com drama é acima da média, mas, para mim, a única explicação atende pelo nome de Will Smith, o novo astro Midas de Hollywood, todos os projetos do ator dão certo, com exceção do pavoroso As Loucas Aventuras de James West, mas o filme é de 1999, são quase dez anos de sucessos.

EU SOU A LENDA é um projeto que já rolava por Hollywood há mais de dez anos, inclusive teve o nome de Arnold Schwarzenegger envolvido antes do mesmo resolver ser governador da Califórnia. Melhor pra nós, Will Smith não é nenhum ator shakespereano, mas tem carisma suficiente e bem dirigido é um competente ator. Como Robert Neville, médico militar imume ao vírus que dizimou a Terra, Smith consegue injetar no personagem esperança (em encontrar a cura para doença e achar outros humanos), loucura (de sobreviver sozinho numa Nova York abandonada), medo (dos mutantes da praga que espreitam á noite atrás de sangue) e, até mesmo, tiradas cômicas (como suas conversas com manequins tratados como pessoas).

O roteiro de EU SOU A LENDA busca, claramente, um tom parecido com o sucesso Náufrago, de Robert Zemeckis, por razões óbvias, Smith permanece sozinho 70% do filme, carregando sozinho a narrativa, outra similaridade com o filme é que ao invés da bola Wilson com quem Tom Hanks dialogava incessantemente, Neville possui uma cadela Sam para conversar (entre os dois acontece uma das cenas mais dramáticas do filme). O clima de isolamento é fantástico graças ao estado de abandono de Nova York (inevitável comparar com a Londres abandonada de Extermínio), tomada por animais e mata selvagem, uma criação bastante realista que assusta. O roteiro também acerta em criar uma tensão crescente desde apresentação da cidade, dos perigos que rondam Neville (na excelente cena do depósito onde somos apresentados aos mutantes) até os inevitáveis confrontos. Uma pena o ato final do filme ser tão banal e simplista, inclusive perdendo a oportunidade de trabalhar melhor Anna, personagem de Alice Braga (sempre natural em cena).

Alice Braga, sem muito o que fazer em cena

A direção de Francis Lawrence, de Constantine, acerta em imprimir um tom intimista na narrativa, Neville é um personagem trágico, como demonstra os flashbacks a la Lost inseridos na trama, que possui uma rotina militar para não se entregar aos ímpetos de loucura pela solidão que lhe acerca. Portanto, EU SOU A LENDA consegue ser mais do que um blockbuster ao inserir dimensão dramática ao protagonista, uma pena que mesmo sendo uma super produção, o filme não consiga superar a artificialidade na criação digital dos mutantes, muito perceptível aos olhos de quem assiste, de repente seria mais inteligente utilizar maquiagem á moda antiga para conferir realidade ás criaturas, assim como a direção optou em outros aspectos no filme.

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