Overdose Faroeste: Resenha – Dança com Lobos

Cinema domingo, 18 de novembro de 2007

Desde o começo da televisão, o western foi um gênero de filmes e séries de sucesso. A passagem dos anos 50 para os 60 pode ter sido o auge do western para a TV, mas foi só em 1990 que o que talvez seja a maior pérola do gênero surgiu. Dança com Lobos (Dances With Wolves, no original), dirigido e estrelado por Kevin Costner, é indubitavelmente uma das maiores (e melhores) produções do cinema americano de todos os tempos.

O filme conta a história de John Dunbar, um oficial do exército da União durante a guerra civil americana. Logo no começo do filme, Dunbar se sente terrível por descobrir que terá que amputar a perna ferida. A idéia de viver sem uma perna mexe tanto com a cabeça do cidadão que ele resolve se suicidar, cavalgando abertamente no meio do fogo cruzado, atraindo os tiros do exército inimigo… mas Dunbar não morre. Inexplicavelmente, o homem escapa de todos os tiros, e acaba, sem querer, empolgando os homens de seu exército, que vencem a tropa confederada e tomam a posição inimiga. Depois da batalha, o cara é visto como um herói, e o cirurgião do próprio general cuida pra que a perna dele fique boa.

Como um prêmio pela bravura de Dunbar em batalha, os superiores do cara oferecem a ele o cavalo que ele cavalgou durante a batalha e a chance de escolher seu próximo posto. Ele pede então uma transferência para a fronteira oeste. E é aí que o filme começa a chegar no núcleo de sua história. Dunbar é transferido para um posto deserto, o forte Sedgwick, e começa a limpar e arrumar o local, esperando que os reforços cheguem. Suas únicas companhias são um lobo solitário (lobo mesmo, véi, não tô usando nenhuma metáfora ridícula pra caubói não), a quem Dunbar dá o nome de Duas Meias, por causa da cor de suas patas dianteiras e seu cavalo, Cisco. O cara começa a explorar sozinho as redondezas, quando descobre que índios Sioux-Lakota vivem por ali. O cara começa, então, a fazer contato com os índios, aos poucos, e acaba descobrindo que uma mulher branca vive como índia entre eles. Durante sua estadia no acampamento, Dunbar, que recebe dos índios o nome de Shu-mani-tu-tonka Ob’ Wa-chi (mas você só vai lembrar de “tatanca” durante o filme), passa a ver os índios não como os selvagens sanguinários que tinha ouvido falar, mas como um povo como qualquer outro. E ele começa a ver os motivos para alguns índios atacarem os brancos, como a matança dos búfalos que garantiam a sobrevivência dos índios, fornecendo comida, peles e por aí vai. É claro que saber que mais homens brancos estão vindo para o forte incomoda bastante tatân… er, Dunbar, que teme um conflito entre os dois bandos, sabendo que os homens brancos estão melhor armados e em maior número. Claro que eu não vou dizer aqui no que isso vai dar. Tiraria toda a graça do filme.

Um dos pontos mais marcantes do filme é que ele trata os índios de maneira diferente da maioria dos filmes de Hollywood, que geralmente tratam os índios ou como bandidos sanguinários que matam só por matar, ou como um povo infinitamente nobre e sem nenhum defeito, completamente irreal. Por ter retratado os Sioux como um povo de verdade no filme, Kevin Costner se tornou membro honorário do verdadeiro povo Sioux. Boa parte do filme é falado numa versão simplificada do idioma Lakota. A maravilha é que a linguagem tem tanto uma forma de fala masculina quanto uma feminina, e no filme, pra coisa ficar mais simples pros atores, só se usou a forma feminina. Imagina que maravilha ver os guerreiros da tribo todos falando como mulherzinhas, véi!

O filme ganhou sete Oscars, incluindo melhor filme e melhor trilha sonora. O próprio papa João Paulo II chegou a declarar que a trilha de Dança com Lobos é uma de suas peças de música favoritas. E é do caráio mesmo, véi. Enfim, um filme imperdível, ótimo em todos os detalhes.

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