Os homens que não amavam as mulheres (Novamente)

Livros sexta-feira, 09 de março de 2012

Motivado pelo Dia Internacional da Mulher, resolvi escrever um pouco sobre o livro Os Homens que Não Amavam as Mulheres, que recentemente terminei de ler. Não irei fazer uma resenha, pois tanto filme quanto livro já foram resenhados aqui no Bacon, então trata-se de um texto mais de opinião e divagações de minha parte como se alguém se importasse com qualquer coisa que eu diga. Aviso de antemão que, apesar de não entregar nada do texto em si, certas partes podem conter spoilers. E outra coisa, falo exclusivamente do livro, porque não assisti o filme, que pelo que sei, possui duas versões.

 Capinha bacanosa do livro


O livro é um romance investigativo padrão, onde um jornalista e uma hacker se unem para descobrir o desaparecimento/morte de uma jovem membro de uma família importante da Suécia nos anos 60. Apesar deste ser o pontapé inicial para a história, acredito que ela é de pouca importância analítica, pois está relacionada com o problema central. A investigação e tudo mais é bastante interessante, mas o livro não trata de uma garota desaparecida. O que pode vir a sustentar meu ponto, que apresentarei a seguir, são os dados com relação à violência contra a mulher na Suécia que aparecem a cada troca de capítulo do livro.

 Os personagens principais no filme: Caralho, nunca vi ninguém tomar tanto café na vida

Primeiramente, devemos considerar que provavelmente este livro nunca será considerado uma grande obra literária do ponto de vista acadêmico apesar de eu apostar que isso não importa para vocês, que são notadamente leitores de Crepúsculo e Caras. Ele não apresenta alegorias ou recursos de linguagem sofisticados. Muito pelo contrário, ele é bem explicito naquilo que trás e é de uma escrita simples e fluída (Algum estudioso de literatura pode discordar de mim, afinal sou apenas um leigo). O que de maneira alguma o torna negativo. É uma ótima leitura que cumpre bem o que se espera de um best-seller, que são alguns dias de diversão.

Deste modo, pode-se perceber sem nenhum grande esforço (Que eu não iria fazer mesmo) que o tema central no livro, embasado nos dados sobre os quais eu já falei, é a violência contra a mulher.

Todo mundo com um mínimo senso crítico sabe que o mundo ocidental e ocidentalizado em que vivemos é falocêntrico o mundo de alguns um pouco mais. Isto quer dizer que o homem, principalmente branco, europeu e rico, é a figura central no mundo. Isto desde os gregos, quando apenas aqueles que podiam participar das votações na ágora eram os homens livres (Não sabe do que eu to falando vai no Google). Na verdade, até a pouco tempo, considerando a história da humanidade, as mulheres não podiam votar. São incontáveis as implicações disto e por pura preguiça não me alongarei aqui. Confesso que nunca fui apaixonado pelos estudos de gênero, muito pelo contrário, ainda hoje acho um pouco maçante, e não tenho paciência para militantes, apesar de acreditar que estes(estas) sejam importantes.

Divagações a parte, o livro fala exatamente sobre como as mulheres se tornam vítimas por que sua importância no mundo é menor com relação a importância dada aos homens. O título em português não poderia ser mais inoportuno, no sentido de entregar o assunto, claro, mas nos dá uma ideia sobre o que iremos ver pelas aproximadamente 520 páginas. Esta, que é aparente desculpa para a escolha das vítimas feitas por um assassino, me leva a refletir sobre como o autor, Stieg Larsson, tem total razão ao dizer através dos seus personagens, que a mulher ainda está relegada a todo tipo de sorte no mundo, pois elas são figuras secundárias. Isto num país como a Suécia, avançado socialmente, com uma infinidade de direitos universais concedidos. As estatísticas apresentadas no livro são comparáveis com as do Brasil, inclusive. Esta aparência de que está tudo bem, e que o mundo caminha para a igualdade é ferozmente rechaçada no texto do autor. O que ele explicita é que tudo fica muito bem escondido, como acontece com o seu principal antagonista, com anos e anos de matança e nenhuma sombra de suspeita pois ele se vela através de uma aparente imagem de estabilidade.

No mínimo, o livro nos deixa pensando sobre o caso: Será que estamos realmente alcançando a igualdade entre os sexos? E ao olhar para as inúmeras delegacias especializadas em violência contra a mulher, a resposta que fica para mim é não, e que talvez nunca será possível tal coisa. Um mundo onde há igualdade não necessita de leis, delegacias ou o caralho a quatro que o valha de coisas especiais. Delegacia deveria ser apenas delegacia, lei contra agressão física deveria ser igual para todo mundo, mas infelizmente não pode ser assim, ou a coisa fica mais feia do que já tá.

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