O ódio involuntário

Cinema terça-feira, 29 de abril de 2014

Vocês gostam de esportes? Nem eu. Quer dizer, minto, quando eu era pequeno fiz aulas de natação e tenho muita vontade de assistir e aprender a jogar baseball. Não, não sei por quê esse lance do baseball. Eu só acho legal, assim como tem pessoas que jogam pólo aquático ou bocha. A diferença é que eu nunca assisti um jogo inteiro, não sei as regras e não tenho onde jogar. Mas o que são pequenos obstáculos? Enfim, estou me distanciando do tópico aqui. Perguntei sobre esportes por que pode ser que algum de vocês seja chegado em iatismo. É, aquele esporte de rico, com barcos à vela e tal. Mas eu vou ter que explicar o porquê de eu ter mencionado isso já já, logo após você clicar em “continue lendo” (Ou simplesmente continuar lendo, se você veio parar aqui pelo link do Facebook). Vem comigo.

Na verdade eu não ligo nem um pouco pro iatismo. O caso é que um dos expoentes desse esporte no Brasil é um sujeito chamado Torben Grael. Como vocês podem comprovar com a ajuda da sempre útil interwebs, ele é um verdadeiro esportista, sujeito aparentemente tranquilo e que não inspira nada de negativo. Inclusive, o irmão dele, Lars Grael, protagonizou um dos comerciais imortais da televisão brasileira, que há pelo menos quinze anos ensina que “os barcos são como as lanchas, as motos são como os jet skis” e que você pode ver aqui caso tenha sido criado por lobos-guará e não saiba do que eu estou falando.

 Foi mal, cara.

Bem, eu fiz essa introdução toda pra dizer que foi por culpa desse cara, Torben Grael, que eu conheci um fenômeno muito estranho, que eu batizei de “ódio involuntário”. O nome é óbvio e auto-explicativo: É uma onda de ódio, ou raiva, que alguém sente por uma coisa ou pessoa qualquer sem razão nenhuma. É diferente de quando você tem motivos concretos, já que no ódio involuntário você só sente, sabe que detesta seu alvo, e ao mesmo tempo sabe que está sendo completamente irracional e provavelmente devia ver um psiquiatra. Ou consultar o Google, dá quase no mesmo. No meu caso, eu passei a odiar o nome do cara — só o nome — desde a primeira vez que ouvi quando era criança, em algum domingo sem nada pra fazer, assistindo Esporte Espetacular. Eu não estava nem aí pro iatismo, e não tinha nada contra o cara em si, mas eu simplesmente odiava o nome Torben Grael e ponto. Achava ridículo, debochava. Era tipo “Torben. Grael. Torben? Sério, isso lá é nome de gente? TORBEN? Que merda.” E ficava repetindo mentalmente por alguns segundos “Torben, Torben Grael. Grael (Em tom de deboche). Torben (Debochando ainda mais). TOR-BEN, GRAEL. Ridículo, merda de nome idiota.”

Sim, eu provavelmente tinha um problema, mas era mais forte que eu. Não fazia, não faz e nunca fará sentido. Claro, hoje eu cresci, e sei que ele e o irmão são descendentes de dinamarqueses e o nome deles também. Nada de mais. A não ser que continua um nome imbecil pra caralho. TORBEN, sério gente? TORBEN? GRAEL? PARECE UMA CRIANÇA TENTANDO FALAR, PORRA. Lars até vai, mas TORBEN? E ainda mais GRAEL? Não soa imbecil? SOA SIahem… Então, é, enfim. Como eu disse, é o ódio irracional e involuntário.

Mais tarde na minha vida, descobri que mesmo que qualquer coisa ou ser que existe no universo possa ser alvo do odium irracionalis (É o nome em latim, claro), ele é mais provocado por artistas, especialmente atores de cinema. Curiosamente, depois que o ódio se instala você começa a descobrir (Ou criar) motivos pra não se sentir tão esquisito com a situação. Eventualmente, você se livra do ódio involuntário por que ele passa a ser voluntário e completamente justificado. Traduzindo, você primeiro descobre que detesta o artista e só depois descobre o porquê.

Por exemplo, uma das pessoas na indústria cinematográfica que eu mais detesto é o Vin Diesel. Desde a primeira vez que eu vi esse cara, eu sabia que detestava ele. O cara quer ser tipo um Bruce Willis, mas nunca será. Sabe, de cabeça raspada, posando de fodão e tal. A diferença é que o Bruce Willis é foda. O Vin Diesel é só um retardado metido a macho. Eu soube disso a vida toda. Em qualquer conversa sobre cinema e atores preferidos, eu sempre afirmei e afirmo que o Vin Diesel é um bosta sem talento. Só que eu não tinha argumentos convincentes pra apoiar minha crítica. Até ontem, quando descobri que o argumento mais forte estava gravado em vídeo há exatos 30 anos:

Aquele cara com cabelo, fazendo danças absurdas até para os padrões dos anos 80 é o Vin Diesel, quando ele ainda era só Mark Vincent, mas já demonstrava sua falta de talento. Sinceramente, esse vídeo é praticamente uma ofensa ao break dance, à cultura negra, aos Estados Unidos, aos anos 80 e a qualquer pessoa capaz de enxergar. E isso é ótimo pros meus argumentos. Por que de filmes de luta muita gente pode gostar e até, imaginem só, Velozes e Furiosos tem fãs. Mas isso aí não. Só… Não. Não é possível.

Sério pessoal. Não é.

Meu segundo exemplo notável de ódio involuntário é o Joseph Gordon-Levitt. Eu fico surpreso de esse cara ter fãs, de verdade. Pior do que isso, eu fico surpreso de a humanidade não ter entrado em consenso no momento em que ele apareceu em um filme pela primeira vez que isso nunca, nunca devia acontecer de novo. Nunca. Porra, a natureza escreveu “bunda mole” na testa dele, em letras garrafais feitas de neon. É tão óbvio que nem dá vontade de argumentar quando alguém diz “mas ele é um ator legal” ou qualquer coisa assim. A minha sorte, vejam só, é que eu apenas não preciso argumentar. É só pedir pra quem tiver debatendo comigo assistir 500 Dias Com Ela. Enquanto que o Vin Diesel só tem um vídeo de cinco minutos fazendo coisas ridículas, o Joseph Gordon-Levitt tem UM FILME INTEIRO dedicado a fazer cada pessoa bem ajustada em seus relacionamentos amorosos e na vida em geral odiar ele. São DUAS HORAS dedicadas a fazer homens terem sono, mulheres jurarem que nunca vão passar perto de um cara feito o personagem do Joseph Gordon-Levitt enquanto riem internamente de tudo que ele representa. E não é só o personagem. Você olha praquele cara e sabe, na hora, que ele é daquele jeito. Você só sabe. Você tem certeza.

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