O fim de The Following e da minha tortura

Televisão quinta-feira, 09 de maio de 2013

A primeira temporada de The Following acabou e eu finalmente estou livre dessa série horrenda. Sou ingênua e acreditei em todas as pessoas que me disseram “ah, mas no próximo episódio a série vai começar a ficar boa”. Ouvi isso durante os 15 episódios, que nunca melhoraram. Nos últimos, então, meu Facebook ficou recheado de pessoas dizendo que perderam o fôlego, que mal poderiam esperar a season finale. Eu também não, meus amigos. The Final Chapter era, para mim, equivalente a assinatura da Lei Áurea. Finalmente me veria livre de tantos furos no plot, de “caras de Kevin Bacon” e poderia investir meu tempo em coisas melhores: Hannibal, Hemlock Grove e Seinfeld. Sempre Seinfeld.

 A cara de Kevin Bacon

A partir daqui o texto será puramente composto de spoilers dos últimos dois episódios, então se não terminou de acompanhar e ainda quiser perder uma hora do seu dia, pare de ler por aqui.

Em The End is Near, vemos um Joe desestabilizado emocionalmente e com hemorragia abdominal, fruto de uma tentativa de assassinato por parte de Claire. Aliado a isso, a casa do culto está insegura porque o FBI, depois de 14 capítulos de ações infrutíferas, finalmente sabe como localizá-los. Joe Carroll ordena então que seus seguidores coloquem o grande plano central da série em prática: Matar pessoas aleatórias no Centro de Evacuação da cidade enquanto ele, Claire, Emma e Jacob encontram refúgio. Isso me incomodou um pouco, porque a série sustentava que eles tinham um super propósito e, para 80% do culto, era fazer o que faziam todas as noites: Tentar dominar o mundo Matar pessoas. Com o adicional nada agradável de morrer na mão da polícia/ir pra cadeia. Não era uma vibe Charles Manson, os crimes nem eram de execução especial. As pessoas nem sabiam na real porque estavam morrendo. Era só uma manobra pro covardão fugir da polícia. Nessas condições é melhor agir sozinho.

A polícia sacou logo o plano do culto e fez exatamente o que eles queriam que fosse feito: 99% do efetivo policial foi para o local de ataque e o 1% restante ficou jogando paciência na DP e comendo rosquinhas. Enquanto isso, Joe Carroll invadiu a casa de um casal, fez deles reféns ao lado de Claire e degustaram no jantar um delicioso macarrão al sugo com vinho tinto. Como estava todo fodido e ferido, ele fez o que qualquer um faria: Chamou sua assistente Emma para abrir a garrafa de vinho. Só que não. Desamarrou a esposa, que tentou matá-lo há menos de 24 horas e a deixou livre para pegar um garfo e enfiar na lesão do dia anterior. Ela foge com o ex agonizando no chão, para ser capturada logo depois. E mereceu, por ter tentado matar duas vezes o marido e falhar miseravelmente. No Centro de Evacuação, a polícia não consegue conter os assassinos, tampouco extrair as informações que queriam. Na confusão, Debra Parker, a detetive chefona, é sequestrada e enterrada viva. Jacob, o personagem mais interessante e bem trabalhado da série, se abre com Emma sobre a insatisfação em relação ao culto e ela mata o namorado temendo que ele fuja e denuncie os planos. Porque é brilhante você se abrir justamente com a pessoa que te abandonou quando você mais precisou. Carroll conduz Claire para um barco e o episódio acaba. Ou eu dormi.

The Final Chapter começa na manhã seguinte aos eventos de The End is Near, com as pessoas dando falta de Debra, que tá tirando umas férias num caixão enterrado no meio da floresta. Claire, em contra partida, é levada para um farol onde se encontra refém ao lado de um cara aleatório que nada acrescenta na trama. Rola muito mimimi, muita conversa mole, Joe Carroll se emputece com Claire porque ela se sente culpada pelos crimes que ele cometeu, o que não faz sentido nenhum. Ai pra provar que é o único responsável por seus atos, ele mata o cara do farol que a gente não sabe quem é e nem quer saber. Na DP, depois de fazerem porra nenhuma para descobrir o paradeiro das sequestradas, uma criança com uma máscara irada de Edgar Allan Poe leva um número de telefone para o FBI, que é de um celular que se encontra dentro do caixão de Parker que, ao receber a ligação, desanda a falar e não pára mais. A detetive dá algumas coordenadas para facilitar seu resgate mas, em vez de desligar e poupar a colega, os policiais insistem em mantê-la falando com eles, alegando querer ter certeza de que ela continua viva e bem. Ou – para fãs de teorias da conspiração – terminarem de matá-la de vez.

Ryan e Mike (Que eu chamo carinhosamente de “o outro Ryan” por viver esquecendo o nome dele) encontram prontamente o cara que enterrou Parker e o espancam até convencê-lo a levá-los ao local do crime. E vão falando com ela no telefone. Ryan, o outro Ryan e a moribunda se declaram BFF’s por uns 7 minutos. E nisso ela desperdiçando todo o ar que ainda tinha para respirar. Tamanha burrice custa a vida dela, que morre instantes antes de ser desenterrada por Débi e Lóide. Dentro do caixão, Joe deixou seu manuscrito, dizendo exatamente onde ele e Claire poderiam ser encontrados. Porque ele sabe que, se não deixar tudo mastigado, o ex agente do FBI não vai conseguir dar nem um passo.

Ryan deixa Mike sem carona no meio da floresta e encontra Emma, que promete levá-lo até sua amante se ele largar arma e celular. Como qualquer (Ex) policial gabaritado, ele atende prontamente sem nem tentar um tiro no joelho. Após uma coronhada que nem suspeita de onde veio, Hardy chega desacordado e amarrado no farol. Prestes a ver sua amada morrendo, ele convence Joe – com uma atuação de fazer chorar – que o assassinato de Claire é muito óbvio para o gran finale e que o público ia odiar. Putos, os dois travam uma briga. Joe conduz coincidentemente, ou não, Ryan para um galpão com tonéis e mais tonéis de líquido inflamável, a arma de Joe dispara e ele morre queimado. No dia seguinte, Ryan e Claire aliviados com o fim do pesadelo, vão para a casa do ex agente e estão num climinha apaixonado que acaba com a vizinha dele – que era da seita – esfaqueando os dois. Ou seja, para saber se os dois morreram, ficaram inválidos ou com uma colostomia, só na season 2.

Meus palpites são de que Ryan e Claire sobreviverão. Ele, por ser o grande protagonista da série. Ela, por ser mãe do Joey. Depois de tudo o que ela fez pelo moleque, vão deixar o garoto órfão? Já que Ryan tem o coração fodido, acredito que sobre para sua amada ficar com sequelas do ataque. Em algum momento da próxima temporada, descobriremos que os registros dentários de Joe Carroll foram adulterados, que alguém da seita falsificou o exame de DNA e que ele ta vivão orquestrando ações criminosas a partir de algum paraíso fiscal.

The Following não ofereceu nada de interessante além do embate entre Ryan e Joe, portanto deveria se encerrar aqui. Os criadores não se preocuparam em se aprofundar na personalidade e objetivos de cada personagem, fazendo deles descartáveis. Histórias paralelas, como a morte do pai do Ryan e as consequências dela na vida do ex-detetive, foram abordadas de forma ridícula em 5 minutos de episódio para depois serem abandonadas. Onde foi parar a irmã do Ryan que quase foi assassinada pelo culto? E o que aconteceu com o melhor amigo dele, retratado pelo ator David Zayas, o Angel Batista de Dexter? Que diferença fez saber que Debra Parker e sua família eram parte de uma seita na adolescência dela? Fazer o público pensar que ela também era seguidora do Joe Carroll? BO-RING! Todo mundo era mesmo, mais um, menos um, não faria a menor diferença.

Uma nova temporada não pode se fiar na resolução do plot central da temporada anterior. E se os criadores são incapazes de diferenciar a trama geral que definirá a série da trama central de cada temporada, que escrevam um filme, uma minissérie ou que, de preferência, não escrevam nada. Me frustra saber que perdi tempo com um seriado potencialmente bom que, simplesmente, não andou e não evoluiu. Mas agora chega, quero mais é que todo mundo na série morra. Empurraria todos eles, de mãos dadas, no Poço de Piche. Aquele que o Dino da Silva Sauro ia empurrar a sogra no episódio O Dia do Arremesso. E não adianta vir me dizer que a season 2 está muito boa e que eu preciso dar uma nova chance, hoje sou escrava alforriada.

 É triste como as lembranças somem, ainda bem que eu tenho tudo aqui em vídeo!

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