Matthew McConaughey, um profissional como todos nós

Cinema segunda-feira, 24 de março de 2014

O que aconteceu com Matthew McConaughey, aquele louro, alto, bonito e sensual que víamos em comédias românticas, sendo perdido em 10 dias? Como ele ganhou o Oscar de Melhor Ator e, de quebra, protagonizou a melhor série do ano, a incrível True Detective, produzida pela HBO, assim, do nada?

Aconteceu o que acontece com você, caro leitor. Ou com qualquer pessoa que está buscando um lugar ao sol no mercado de trabalho. Ninguém começa a carreira sendo o melhor, ou tendo o cargo que sempre sonhou. Primeiro, é necessário aprender. E assim como você, que fez faculdade/curso técnico/colégio, o mesmo fez o protagonista de Dallas Buyers Club, que se graduou em rádio, cinema e TV na University of Texas at Austin College of Communication. Assim como eu, vocês também sabem que a gente aprende, de verdade, na labuta. E passamos muitas dificuldades até provar o nosso valor. Às vezes trabalhamos de graça, ou com algo que não é exatamente do nosso interesse, mas bagagem é tudo. Um dia você quer chegar lá, mas quem tiver experiência vai estar na frente. Todos os que julgaram a trajetória do novo queridinho de Hollywood deveriam se espelhar nele, porque foi o conjunto da obra que o transformou em um profissional caro, talentoso e que, adivinhem: Ao contrário da gente, já pode escolher a dedo com o que trabalhar, sem ter que provar nada a ninguém.

A marginalização de comédias românticas me incomoda profundamente. Mil vezes assistir Elizabethtown ou Simplesmente Amor, que são engraçados e fofinhos, do que o sonífero Azul é a Cor Mais Quente. Portanto, não acho problemático que o papador de prêmios tenha se consolidado nesse nicho tão desrespeitado por crítica e público. É notório para qualquer ser humano que Matthew McConaughey é um deus grego que veio parar na Terra por engano. Então é natural que seja um nome óbvio quando o papel é talhado para homens bonitos. Principalmente na maior indústria do cinema. Atuar em filmes tidos como medíocres foi o primeiro passo para ser conhecido, fazer contatos. O segundo, foi buscar desafios que mostrassem toda a sua capacidade. Com dinheiro no bolso para resguardar a segurança dos filhos, assumiu riscos. O primeiro grande deles foi Killer Joe, onde interpretou um assassino de aluguel que ganha, como parte do pagamento, a irmã meio retardada do contratante. Não tem nada de romance. Joe é egocêntrico, violento e corrupto. O que sobra na beleza, falta em escrúpulos. Essa foi a primeira vez que tive a oportunidade de ver quem era o ator por trás da casca. Ganhou prêmios. Impressionou a crítica. Me impressionou.

Foi Killer Joe, aliás, que me estimulou a assistir True Detective, outro grande acerto do ator. Em 8 episódios, a parceria de seu Rustin Cohle com o Martin Hart de Woody Harrelson me comoveu. Matthew foi brilhante na atuação do conturbado detetive traumatizado pelos desastres da vida. Tanto McConaughey quanto seu parceiro de cena foram capazes de construir uma relação de amizade baseada em sutilezas. Dois homens com vivências diferentes que se tornaram amigos, sem nunca proferirem um elogio, ou uma palavra de carinho. Muito pelo contrário. Só gestos e olhares demonstravam que havia cumplicidade entre os dois, lá no fundo, em algum lugar. Uma conexão entre duas pessoas tão diferentes que se complementavam. A química entre Cohle e Hart era uma força da natureza e o ponto alto da temporada.

Infelizmente ainda não tive a oportunidade de assistir Dallas Buyers Club, mas espero dele o mesmo comprometimento e talento que se tornaram constantes nos papeis de McConaughey. Um ator admirável que não se envergonha de seu trabalho. Muitas vezes rotulado como fraco, medíocre, nunca mereceu esses adjetivos. Como muitos de nós, foi um talento mal aproveitado por tempo demais, mas foi forte e fez o milagre acontecer. Trabalhem como ele trabalhou, sejam humildes, aproveitem oportunidades e saiam da zona de conforto. Talvez, como ele, a gente chegue lá.

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