Mão de obra estrangeira

Primeira Fila sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Quando Hollywood viu que nem sempre era possível refilmar com sucesso e qualidade obras de outros países, resolveu que convidar diretores estrangeiros (diretores que não são americanos) para contar ou filmar com um olhar diferente as tramas já desgastadas de Hollywood, poderia agradar e conquistar novos fãs do cinema americano.

Um dos mais requisitados nos anos 90 foi Roland Emmerich, alemão de origem, que em meados dos anos 80 já realizava co-produções entre a Alemanha e os EUA. Nos anos 90 foi adotado como um cineasta especialista em blockbusters de ação, ficção e aventura. Começou com Soldado Universal, ação com ficção que reunia uma dupla de peso pesados do cinema de ação na época, Dolph Ludgren e Jean-Claude Van Damme. Depois dirigiu Stargate, Independence Day e O Dia Depois do Amanhã. Para este ano, Emmerich lança 10.000 a.C, produção com a “meia-brasileira”, Camilla Belle (do filme Quando Um Estranho Chama) e Omar Shariff numa aventura que se passa na Pré-História.

Será que desta vez Emmerich acerta a mão?

Outro diretor, também não lá muito elogiável porque meio que produz um filme decente a cada ciclo do calendário chinês, é o holandês Paul Verhoeven, que dirigiu os bons Robocop e Vingador do Futuro mas também os ruins Showgirls (que na verdade não é ruim, é HORRÍVEL e MEDONHO) e Tropas Estrelares. Há pouco Verhoeven voltou a seu país de origem para dirigir A Espiã, um drama que se passa na Segunda Guerra e que angariou elogios da crítica. No entanto, vai voltou aos EUA para dirigir a seqüência de Thomas Crown, a ser lançada agora em 2008.

Normalmente, esta transição ocorre quando estes diretores conseguem alguma apreciação atráves de prêmios em Festivais ou mesmo no Oscar, com filmes nos seus paises de origem. Exemplo disso é Gabriele Muccino, diretor italiano de bastante sucesso pelos seus melodramas, principalmente O Último Beijo (refilmado nos EUA como Um Beijo a Mais), que fez com que Will Smith o convidasse para assumir a direção do “bom novelão” á Procura da Felicidade. Já está comprometido com o drama também protagonizado por Will Smith Seven Pounds, para ser lançado em 2008.

Deixando de lado um pouco os cineastas europeus, vamos falar da invasão oriental. Primeiro o cinema de ação chinês, sob a direção do mestre John Woo, chamou a atenção dos produtores americanos que foram buscar o diretor (juntamente com seu maior colaborador, o ator Chow Yun-Fat) de sucessos como Fervura Máxima e Bala na Cabeça para o inesquecível filme fodaço A Outra Face. Além deste último, Woo dirigiu O Alvo, com Van Damme (notem como o belga trabalhou com bons diretores), A Última Ameaça, com John Travolta, e os medianos Missão: Ímpossivel 2, Códigos de Guerra e O Pagamento.

Mas nem só para filmes de ação servem os diretores orientais. Ang Lee talvez seja o maior cineasta oriental do momento, trabalhando tanto em Hollywood quando na China. Para quem não liga o nome a pessoa: Lee, extremamente eclético em solo americano, dirigiu um romance de época inglês excelente, Razão e Sensibilidade, um drama de guerra pouco visto, Cavalgada com o Diabo, o drama setentista, Tempestade de Gelo, além de seu maior erro, Hulk e seu maior acerto, O Segredo de Brokeback Mountain. O mais recente integrante do pack oriental em Hollywood é Andy Lau, cineasta da trilogia Conflitos Internos (aqui somente o primeiro foi lançado, mas você com certeza conhece por ser a trama que foi refilmada como Os Infiltrados, de Martin Scorsese. No entanto, o seu primeiro trabalho em solo americano foi o banal e fraco Justiça a Qualquer Preço, recentemente lançado em dvd.

Justiça a Qualquer Preço: importação desnecessária

Os latinos não ficaram de fora. Já nos anos 80 o argentino quase brasileiro Hector Babenco com o sucesso internacional de O Beijo da Mulher Aranha conseguiu um visto de trabalho nos EUA. Depois, trabalhou com os astros Jack Nicholson e Meryl Streep, num drama sobre alcoolismo, Ironweed, e com Kathy Bates, Tom Berenger e Aidan Quinn no épico Brincando nos Campos do Senhor. Depois disto, Babenco se voltou para a produção local. No momento outros dois cineastas brasileiros – que certamente devem ter mais sorte do que Babenco – estão com carreiras promissoras nos EUA. São eles: Walter Salles, que dirigiu Central do Brasil, trabalhou em solo americano no duvidoso Ígua Negra e atualmente trabalha na produção On The Road, pra ser lançada em 2009; o outro nome, é Fernando Meirelles, que depois de Cidade de Deus, já dirigiu a produção internacional O Jardineiro Fiel
e atualmente está envolvido com o projeto Blindness, baseado no livro de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira e com um super elenco (Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover, Gael Garcia Bernal e Alice Braga). Recentemente viu seu nome envolvido na próxima aventura de Jack Ryan, personagem dos filmes de ação como Perigo Real e Imediato, convite que o diretor recusou.

Os mexicanos atualmente são os que melhor representam a mão de obra estrangeira nos EUA. São três nomes renomados, formando a trinca espanhola:
1) Alejandro González Inãoárritu, com o sucesso mundial de Amores Brutos, viu seu nome ser disputado por estúdios americanos, podendo escolher roteiro e elenco. Já dirigiu 21 Gramas, com Sean Penn e Naomi Watts e seu mais recente trabalho é Babel, com Brad Pitt e Cate Blanchett. Cineasta especializado em dramas com temas pesados e universais, normalmente utilizando narrativas desconstruídas em forma de mosaico.
2) Alfonso Cuaron, especializado em fantasias ou temas como rito de passagem de adolescentes ( A Princesinha, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e o mexicano E Sua Mãe Também). Realizou no ano passado uma ficção quase realista incrível e pouco vista, Filhos da Esperança, com Clive Owen e Juliane Moore.
3) Gullermo Del Toro, surgido do cinema fantástico e de suspense mexicano, como A Espinha do Diabo, hoje é disputado a tapa pelos produtores dos estúdios pelo talento comprovado em filmes como HellBoy e O Labirinto do Fauno. Para quem não sabe, Del Toro assumiu a direção de O Hobbit, adaptação do livro de J.R.R. Tolkien, com eventos anteriores aos mostrados na trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson (somente como produtor desta vez).

Imperdível!!!!!!

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito