Grau 26: Origem do Mal (Anthony E. Zuiker)

Livros sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sou fã do gênero policial. Um dos primeiros livros que eu lembro de ter lido era um do Sidney Sheldon, sobre um assassino de mulheres que só conseguia matar se estivesse chovendo se alguém conhece, favor avisar. Sempre achei incrível como os personagens eram feitos nesse tipo de ficção, de como cada motivação e transtorno mental se uniam pra levar pessoas ao ato de desespero. Sem falar na parte científica, do raciocínio, enfim. A única coisa que não me desce a goela é CSI e seus derivados. Ou seja, aquelas histórias inconsistentes, cheias de falhas na narrativa e apelações tecnológicas. Bones é legal por ser simples e despretensioso. Enfim, o que me atraiu nessa série, Grau 26, tinha sido a atmosfera de doença, como se o livro fosse se desenrolar num thriller show de bola.
E tudo isso acontece. Só que ao contrário.

Existe uma tabela, dividida em 25 graus, usada por psicológos forenses pra determinar o nível de psicopatia de alguns indivíduos e manter os mais perigosos na linha, sendo observados e estudados. Essa tabela vai do filho da puta que rouba a sua vaga na chefia da empresa ao filho da puta que mata pra beber o sangue das vítimas. Até que surge um cara que é tão, mas tão desgraçado que precisam inventar uma nova classificação pra ele: O grau 26. Ele já roubou, raptou, mutilou, estuprou e matou (Não necessariamente nessa ordem) mais de trinta pessoas, em quase vinte anos de carreira. O único sobrevivente foi um bebê que ficava repetindo a palavra squeeze (Apertar) pra exemplificar o que tinha acontecido com a mãe, o que rendeu ao psicopata o apelido Sqweegel desde então.

Homens, mulheres, crianças, cachorrinhos, filhas do Roberto Justus: Ninguém é poupado. Isso é, além de ser um tremendo peralta, Sqweegel não tem modus operandis. Esse ano, suas vítimas podem ser mulheres loiras de olhos claros. No próximo período de ataque, podem ser poodles indefesos ou matilhas de chiuauas. Isso torna ainda mais impossível rastrear e investigá-lo. O cara perfeito pra namorar sua filha, não?

Até que o detetive Steve negão Dark, entra em cena, chegando cada vez mais perto de pegar o sujeito. Mas aí toda a família dele é assassinada e o pobre coitado se aposenta. Estranhamente, o assassino também some. O detetive negão consegue, depois de longos anos, reconstruir uma família e vive feliz e contente com sua nova esposa. Quando mais crimes tornam a acontecer, ele é obrigado, sob ameaça de morte pelo FBI, a retomar o caso.

E antes que eu esqueça: O livro é inovador, único, original, enfim, em outro aspecto técnico. No fim de cada capítulo, você encontra uma senha que, quando posta no site da série, abre um link pra cena filmada com atores de verdade. É. Isso aí.

Olha, só queria dizer que enquanto audiolivros são legais e úteis, videolivros são estúpidos a terceira potência.

 O assassino mais perigoso do mundo parece um saquinho de Zip Loc.

Enfim, até aí teríamos um livro super legal e maneiro, que promete dar tudo aquilo e muito mais. Um livro pra bater mais forte o coração. Mas é tudo morno. Os personagens são estereotipados até o tutano dos ossos. Só que ok, dá pra relevar. O problema é o roteiro típico de CSI, que empata a foda: Toda câmera de segurança de esquina tem resolução melhor que Avatar 3D e cada vez que você espirra, seu DNA fica preso em algum lugar muito óbvio e comum, tipo a pá do ventilador.

Digo, não precisava ser igual à vida real. Até por que estamos mencionando um assassino que é incrivelmente inverossímil. Mas o foco da narrativa era o jogo de gato e rato entre o detetive negão e o homem camisinha! E todo esse aspecto que é realmente interessante se perde, dando lugar a cenas forçadas, gente sem espaço pra aparecer e outras coisas. Além do mais, o livro tem muito embasamento científico, que se perde em meio a tanta forçação de barra. Lutas, tiroteios, mortes, enfim, tudo acontece de um jeito que te deixa com a maior expressão de dafuq?. Não queria ter de soltar spoiler, mas a coisa é tão absurda que chegamos ao ponto do detetive negão não perceber o Sqweegel escondido na própria sala de estar. Atrás de uma cortina. Sabe aquela coisa pendurada na parede, que você vivia tentando usar pra se esconder mas até sua tia com quinze graus de miopia ou a avó cheia de catarata percebia? Então. O único detetive do mundo que chegou perto do maior assassino da história não percebeu o puto a 30 centímetros de distância. E olha que ele invadiu a sala pela janela!

Por fim, é um livro consumível. É agitado, cheio de ritmo e adrenalina, uma lambada (E uma lambança) praticamente pura. Mas é um episódio de CSI em forma de livro. Aliás, em meia forma de livro, já que tem partes filmadas. Melhor ainda, é ler e assistir um episódio de CSI sem o David Caruso.

Acima de tudo, tenha estômago pra aguentar cada punheta tocada pelo tal malvadão. Quando ele não tá massacrando coisas adoráveis como ursinhos carinhosos, ele tá no porão tocando uma bronha.

Grau 26: A Origem do Mal (Anthony E. Zuiker)


Level 26: Dark Origins
Ano de Edição: 2009
Autor: Anthony E. Zuiker
Número de Páginas: 431
Editora: Record

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