Especial Foo Fighters: A fábrica de bons videoclipes

Música sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Se existe uma banda que sabe usar todo o poder que um vídeoclipe tem, essa banda é o Foo Fighters. Dá pra contar nos dedos os músicos que tem uma vasta videografia de trabalhos bem cuidados, com idéias originais e engraçadas. No texto abaixo você vai encontrar os melhores vídeos da banda e o link para os restantes juntamente com uma breve descrição e alguma curiosidades a respeito da música ou do vídeo. O que você ainda está fazendo aqui?

FOO FIGHTERS

I’ll Stick Around
Diretor: Gerald Casale

Como primeiro clipe da banda, não podíamos esperar muito. Dave Grohl ainda era aquele cara que saiu do Nirvana e a possibilidade de um novo projeto fracassar diante de um passado na mega fuckin’ big band of the moment era imenso. Apesar de I’ll Stick Around ser uma das melhores canções do álbum de estréia, o clipe é bem fraco. Dave Grohl parece não saber o que fazer recém saído de uma bateria, pois fica pulando de maneira estranha durante o clipe e a transição de cores é mais chata do que aqueles efeitos de gelo seco nos clipes da Legião Urbana. Afora isso, você pode se lembrar do clipe por outras passagens bizarras, como quando Grohl literalmente come algumas peças de xadrez ou escova os dentes com uma lixa.

Big Me
Diretor:
Jesse Peretz

Em seguida veio Big Me, baladinha bacana e com um dos clipes mais lembrados por todo mundo. A idéia do clipe se baseia no comercial das balinhas Menthos, onde todo mundo tem uma inspiração sobrenatural depois de comer algumas pra transpor os obstáculos do dia a dia. Agora, se você nunca comeu um Menthos, levante essa bunda gorda da frente do computador pela primeira vez na sua vida e vá até uma doceria se engasgar com essa balinha do demônio.
PS: durante muito tempo o Foo Fighters deixou essa música de fora do setlist nos shows, pois cada vez que era executada, uma chuva de Menthos se abatia sobre a banda. Da próxima vez eles fazem um clipe parodiando uma marca de Maria-Mole.

THE COLOUR AND THE SHAPE

Monkey Wrench
Diretor:
Dave Grohl

Você entra no seu prédio, dá um olá pro porteiro, entra no elevador, escuta uma musiquinha que você tem certeza que já ouviu em algum lugar, mas não lembra onde, até que se dá conta que é uma versão “música de elevador” de Big Me, dos Foo Fighters e quando tenta entrar no seu apartamento adivinha só quem está lá quebrando tudo? Se você disse Engenheiros do Hawaii, tente novamente mais tarde. Claro que são os Foo Fighters, mas enquanto eu e você ficaríamos maravilhados com isso, Dave Grohl achou muito estranho, uma vez que a casa era dele e obviamente aquilo era uma falha na Matrix, já que ele estava dentro da casa, fora da casa e ainda por cima dirigindo o clipe.

My Hero
Diretor:
Dave Grohl

There goes my hero, he’s ordinary! Não é a toa que o rosto do protagonista não aparece em nenhum momento e você também não vê ninguém com uma cueca por cima da calça nos mais de quatro minutos do vídeo, Dave compôs essa canção homenageando pessoas que de uma forma ou de outra se tornaram heróis pra ele e que invariavelmente eram pessoas comuns. Embora não seja um herói no sentido mais completo da palavra, Grohl ainda usa seus poderes para cantar, tocar no meio de um incêndio e ainda arruma tempo pra dirigir o clipe.

Walking After You
Diretor:
Matthew Rolston

Em 1997, chegava aos cinemas a versão cinematográfica da mega série Arquivo X. Era também o ano em que o Foo Fighters estava quebrando tudo com as músicas e clipes antológicos de Everlong e My Hero. Tão fácil quanto saber que 2+2=4 era chamar Dave Grohl e companhia pra fazer parte da trilha do filme e ter retorno garantido. Pena que isso não se refletiu no clipe, que é bem mais ou menos: Grohl contracena com uma bela garota, mas ambos estão separados por um vidro, que representa as barreiras de um relacionamento e blá blá blá… bullshit! O vídeo seria bem mais legal se eles tivessem feito algumas caretas no vidro. A propósito, nem Dave Grohl gostou dele, porque não tinha nada de engraçado que os outros tinham. Se o cara não gostou, quem sou eu pra discordar?

Everlong
Diretor:
Michel Gondry

Definitivamente, um clássico. Já começa pelo fato de ser uma paródia de um ícone do cinema trash, Evil Dead. Junte o clássico, o roteiro pirado e um diretor competente como Gondry (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e o clipe de Fell in Love With a Girl do White Stripes) e tenha cenas no imaginário de qualquer um que tenha visto a MTV quando alguém ainda tocava música lá, como Dave dando um cacete em seus algozes com uma mão gigante ou então a cena clássica da cama que vira bateria. A propósito, Taylor Hawkins fica melhor de mulher do que de homem.

THERE’S NOTHING LEFT TO LOSE

Breakout
Diretor:
Emmet Malloy & Brendan Malloy

Trilha do filme Eu, eu mesmo & Irene, o clipe se aproveita do mote do filme e mostra um Dave bobão (como é que ele conseguiu um encontro sendo tão idiota?) que depois de ser passado pra trás por velhotas, pelos seus colegas de banda, por alguns folgados num drive – in e perder sua garota pra um anão bem dotado, vemos o bobão se transformar no nosso Dave gritão velho de guerra encerrar o clipe com um showzinho pra galera que estava assistindo o filme – que nem é lá muito bom.

Next Year
Diretor:
Phil Harder

Sou meio suspeito pra falar de Next Year porque é a música que eu mais odeio em toda a discografia dos Foo Fighters, no entanto além de transformá-la numa música de trabalho, ainda fizeram um clipe para a dita cuja. E o clipe consiste basicamente na tática Forrest Gump de participar de eventos históricos: recorte a cabeça de seus protagonistas e cole nas imagens da época. Phil Harder faz isso e transforma os Foos em astronautas.

Learn to Fly
Diretor:
Jesse Peretz

Rivaliza com Everlong nos quesitos produção e roteiro. Embora faça referências literais a aprender a voar durante o clipe, o resto não tem nada a ver. O clipe começa com os caras do Tenacious D (Quem? Kyle Gass e o bizarrão Jack Black) escondendo uma substância, hum… estranha no café que é servido no avião e quando até o piloto já está mais pra lá do que pra cá, – there goes our hero, again – lá vai Dave mostrar tudo que aprendeu durante anos jogando Flight Simulator. A banda toda representa vários personagens (e de novo Taylor Hawkins faz o papel da gostosa). Dave como a adolescente fã dos Foo Fighters é impagável e nos faz lembrar o Dave de trancinhas do clipe de Big Me.

ONE BY ONE

All My Life
Diretor:
Dave Grohl

Eu tenho um certo problema com bandas que fazem clips onde tudo o que eles fazem é tocar, uma vez que se eu quisesse vê-los apenas tocando eu veria um show ao vivo e não seriam gastos rios de dinheiro em um clipe com nada. As únicas coisas que diferem All My Life de todos os clipes com a mesma idéia é a força da performance da banda no palco, belos truques de câmera e o fato de que ela está sendo apresentada pra… ninguém.

Low
Diretor:
Jesse Peretz

Mais uma transição literal da letra para o clipe, “low as you go” é o que você pode esperar de Dave Grohl e Jack Black como dois caminhoneiros que encostam num motelzinho de beira de estrada e começam a brincar com uma câmera, depois com umas cachacinhas, e já que estão de bobeira mesmo, porque não perucas e lingeries? Duas perguntas ficam no ar: alguém mais ficou com medo do Jack Black de saiote e com a pança de fora, e porque Taylor Hawkins não apareceu vestido de mulher neste clipe também?

Times Like These
Diretor:
Liam Lynch

Ainda bem que o clipe foi gravado antes dessa moda de conscientização contra o aquecimento global ou coisa que o valha, afinal atirar toda a sorte de objetos ás margens de um rio não é o que podemos chamar de ecologicamente responsável. Aliás, muito me admira que entre os diversos objetos arremessados eles não tenham acertado nenhum na cabeça de algum integrante da banda.

PS: Segundo nossa equipe de análise, foram arremessados: um game boy, 2 TVs, 1 amplificador, 1 violão, 1 calota, 1 skate, 1 caixa de som, 1 maleta, diversas folhas de papel, 1 busto, 1 projeto de ciências, 1 sofá, 1 urso de pelúcia, 1 teclado, 1 jacuzzi, 1 porta retrato, 2 carros e 1 casa.

IN YOUR HONOR

DOA
Diretor:
Mike Palmieri

Lembra quando sua mãe te falava pra você não ficar de cabeça pra baixo senão o sangue ia todo pro cérebro e ia acontecer alguma coisa que você não lembra porque você não ouviu sua mãe e seu sangue foi pro cérebro? Os Foo Fighters também não ouviram suas respectivas progenitoras e fizeram um clipe amarrados num quarto que vai girando 360 graus até que você fique zonzo e desista de entender o conceito. Assista ao clipe e saiba por que Dave apelidou o quarto de Barf Ball (Bola de vômito).

Resolve
Diretor:
Mike Palmieiri

Apesar de ser uma música meio quadradona, é a retomada do videoclipe engraçadinho. Dave exagera na comida japonesa e mergulha (rá, como eu sou engraçado) num mundo de sereias, lulas, enguias, comidas cruas e sobra tempo até pra achar um clone japinha. Repare na referência ao clipe de DOA com a imagem da TV de cabeça para baixo, dê risada do Dave desdenhando do próprio refrão e quebre a taça de cristal da sua mãe tentando equilibrar uma colher e um garfo em cima de um palito de dente.

No Way Back
Diretor:
Nick Wickham

Típico clipe “fala rapeize, esse sou eu e meus brothers na Estrada: nate, taylor, chris e eu causando na estrada, mó legal, só de brinks”. Perfeitamente descartável, se utiliza de um expediente muito comum quando alguém decide que precisam de mais uma música de trabalho, mas ninguém está com paciência de produzir um vídeo novo.

Best of You
Diretor:
Mark Pellington

Por mim, se o clipe de Best of You fosse uma tela preta somente com a música rolando de fundo ou então apenas com os quatro sentados olhando pra cara do espectador sem fazer nada já seria genial. Porque essa música consegue ser tão contundente e empolgante que na verdade ela não necessitaria de outros elementos pra melhorar. No entanto, o diretor Mark Pellington capta a essência da música e com uma câmera nervosa e com cortes rápidos complementa a porrada na orelha gerada por Dave e Cia.

ECHOES, SILENCE, PATIENCE & GRACE

The Pretender

É interessante notar que mesmo quando faz um vídeo minimalista, os caras ainda assim fazem um trabalho muito bem feito. Você começa a assistir The Pretender achando que é um remake pelado de All My Life: os caras pegando os instrumentos, deixando o cabelo cair na cara, pulando, moendo a batera e tal, de repente você vê um cara da tropa de choque do outro lado e pensa “isso vai dar merda” e o clipe não tem muita alteração até que aparece o resto do batalhão comandado pelo Tenente Coronel Praxedes, que recebeu ordem de “fazer esses cabeludos pararem com a arruaça”. Como diria o Fernando Vanucci: simplezinho, mas bonitinho.

***

Se você viu todos esses clipes e ainda não saciou sua sede de Foo Fighters veja ainda o trabalho de um desocupado que tentou achar sentido numa versão de DOA tocada ao contrário ou assista a versão de See You que um cabra magrelo que não tinha mais o que fazer gravou no banheiro de casa.

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