Da televisão aberta

Televisão quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A televisão aberta é uma parada interessante nos dias de hoje. Ela teoricamente atende todos os tipos de pessoas: Os idiotas, os inteligentes, os analfabetos funcionais, os críticos, etc, etc. Nessa necessidade, as grandes emissoras carecem, portanto, de analisar seu público; elas precisam saber o que colocar no ar, o que vai dar audiência e, mais importante, por que vai dar audiência. Dependendo da conclusão, um grupo pode ser considerado mais importante pros negócios. Vem comigo…

A Globo, o SBT, a Band e a Record – as quatro grandes da televisão aberta – são empresas. Elas movimentam uma grande quantidade de dinheiro todos os anos, seja comprando filmes, criando novos programas, isso sem falar em toda a estrutura e funcionários. Logo, elas precisam de lucro. Ninguém quer ser uma Manchete da vida. Pra ter lucro, eles precisam de patrocinadores e pra tê-los, precisam de… Exatamente leitor, de audiência. Quando mais gente assiste, mais empresas querem anunciar e mais grana entra. E sim, estou falando o óbvio. Pois bem.

Agora, coloque-se no lugar da diretoria de programação de uma das big four ali em cima. O que você colocaria na sua rede de TV, pra atrair gente e, portanto, a grana dos patrocinadores? Qualquer que seja a resposta, se você parou pra pensar só no que você gosta ou acha útil, interessante, etc, então já errou. Esse tipo de decisão não é feita com base em uma pessoa ou um grupo (De diretores ou CEOs, por exemplo) apenas, mas no que eles acham que o povo, a massa, vai gostar. É só o que interessa, que dá lucro. E não, eu não estou dando uma de crítico de universidade, nem vou, já que ali mesmo em cima eu disse que elas são empresas. Nada mais justo que procurar aumentar os números de renda anuais. Enfim, voltando à programação, agora vos pergunto: E o que é que o povo gosta? Chegamos ao núcleo do problema.

Quem vai fazer uma emissora aberta, dar a cara de sua programação, ter seus gostos refletidos, são as pessoas. Se o SBT passa um programa como Casos de Família (Ou qualquer nome que tenha agora) é por que eles sabem que tem público, alguém vai assistir. Muitos alguéns na verdade. Se a Globo passa o Big Brother Brasil há mais de uma década, é por que dá uma grana absurda. Ao mesmo tempo, se passa Globo Rural, é por que tem gente que gosta daquilo. Nada é por acaso. Quando os críticos de Facebook, universitários e afins resolvem falar mal da televisão aberta, criticar o baixo nível intelectual lá exibido todos os dias, eles o estão fazendo por um curioso misto de imbecilidade e falta de conta pra pagar, sim, mas ao mesmo tempo estão inadvertidamente detectando a borda de um problema. E o problema são os outros. Ou o inferno são os outros, se você preferir citar algum filósofo comunista.

 Se for domingo, melhor ficar com a estática.

O que eu estou dizendo, leitor, é que a televisão não é o problema (Ao menos não ele todo), já que ela na maior parte do tempo é só um reflexo. Reclamar dela é quase como reclamar de um espelho ostentando a cara feia da sua tia Odete. Não, não é agradável olhar praquilo, mas ele não tem tanta culpa. A pilha de bosta que você assiste todo domingo indica algo semelhante e vivo, do outro lado da tela, dentro daqueles que não só ligam a televisão no programa da Eliana, mas gostam do que estão vendo; é gente que realmente acha divertido ver sub-celebridades supostamente tentando arranjar namorados, crianças que cantam (Mal pra caralho), variedades ridículas, reality shows de segunda e afins. Os telespectadores-alvo dessa programação representam a maioria do povo brasileiro, logo, a maioria da programação vai ser assim. O problema real é o baixo nível da nação. É como uma epidemia.

Algum suposto defensor dos fracos e oprimidos pode argumentar agora que também não é culpa das pessoas, que essa maioria se trata de gente de baixa renda e que ninguém tem culpa de ter poucas condições de vida e de ter uma mente limitada, portanto. Isso é uma desculpa, um acomodamento. Até uma ofensa na verdade. Quando fazemos esse tipo de crítica, da população brasileira ter um nível cultural muito baixo, tem sempre alguém querendo pôr a culpa na falta de dinheiro, nas condições ruins, mas a verdade é que ser pobre não te transforma em idiota. Você se transforma nisso. E se toda vez que você decidir trilhar o obscuro caminho da mal-gosto e da burrice alguém vier e disser que a culpa não é sua, e sim de você ganhar um salário mínimo, você vai se acomodar. Afinal, a culpa foi tirada de você. Você não sente o peso de ser um imbecil e nunca vai mudar. Nada muda sem um catalizador, um combustível.

E a televisão? Bem, ela está dentro desse fogo cruzado. E o Brasil tem a programação que merece. Vida longa e próspera.

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