“Crássicos” da Nova Era

Livros sábado, 11 de setembro de 2010

Fazendo uma pesquisa no meio da madrugada, e já tendo pensado numa discussão parecida, me deparei como o seguinte anunciado: “Best Sellers podem abrir caminho para os clássicos”. Depois de muito pensar e querendo falar mal de alguns livro, no intervalo do Expresso Oriente, me senti inspirada para voltar aqui. Já vou avisando, QUERO VER SANGUE! Fãs de vampiros vegetarianos, retirem-se por favor, os próximos parágrafos são fortes demais para seus coraçõezinhos…

Antes de falar mal, vamos definir os termos (Aprendi isso com a minha orientadora de TCC). Entendemos por clássicos da literatura aqueles livros que são considerados obras primas de todos os tempos, em qualquer lingua. Mas Jorge Luís Borges pode definir melhor do que eu:

As emoções que a literatura suscita são talvez eternas, mas os meios devem variar constantemente, mesmo que lligeiramente, para não perder a sua virtude. Desgastam-se à medida que o leitor os reconhece. Daí o perigo de afirmar que existem obras clássicas que o serão para sempre.
Cada qual descrê da sua arte e dos seus artifícios. Eu, que me resignei a pôr em dúvida a indefinida duração de Voltaire ou de Shakespeare, acredito (nesta tarde de um dos últimos dias de 1965) na de Schopenhauer e na de Berkeley.
Clássico não é um livro (repito-o) que possui necessariamente tais ou tais méritos. É um livro que as gerações dos homens, motivadas por razões diversas, lêem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade.

Então surge a dúvida: Best Sellers podem tornar-se clássicos? Afinal tantas pessoas lêem esses livros com tanto fervor e lealdade que pensam ter encontrado a verdade universal. Mas será que esses best sellers serão lidos pelas futuras gerações? Para responder esta e outras indagações faremos a partir de agora pequenas comparações entre os clássicos do passado e os futuros ‘crássicos’ dessa nossa geração.

1 – Crepúsculo (Stphenie Meyer) X Drácula (Bram Stokers)

Não poderia começar a escrever sem que houvesse a citação ao chamego dos novos leitores, ou melhor, leitoras, sempre tão àvidas por um cara topetudo, com jeito de bom menino e (Quem diria!) apreciador de sangue.

 Mui séchssi

Crepúsculo tornou-se em pouco tempo um sucesso de vendas mostrando a paixão entre uma jovem e um vampiro que não alimenta-se de sangue humano e não teme a luz do sol. Destruição de mitos a parte, o livro até poderia tornar-se alguma referência futura em matéria de romances impossíveis se não começasse a misturar tudo em um enredo pobre: Vampiros, lobisomens, poderes dignos de X-Men, romance água com açucar by Romeu e Julieta, doses de “tensão” e personagens mais rasos que colher de chá.

Se a história concentra-se apenas em uma linha de organização seria muito mais aceitável. Como por exemplo, esquecer os poderes à lá Marvel e ficar apenas com o romance complicado entre um ser das trevas e uma humana normal. Outro ponto completamente desfavorável da história é a falta de conteúdo mitico e explicações aceitáveis para tal: Porque raios ao invés de virar pó ao sol, os vampiros crepusculares brilham? É por causa da dieta? Ou seria apenas uma tentativa da autora em desmoralizar essa classe tão temida dos “monstros” da literatura?

Vampiro para mim tem que temer ao sol e ser ‘macho’ como Drácula, apresentado ao mundo literário pela primeira através da caneta tinteiro de Bram Stokers. Com esse livro, nasceu o mito moderno dos vampiros, seres apreciadores da noite, sedentos por sangue e por moças belas e desprotegidas. Tornou-se clássico por conseguir representar até hoje o medo da escuridão, que, a espreita em ruelas escondidas de cidades semi desertas ou de castelos antigos, pode estar atrás da sua artéria carótida.

 Esse sim é um Vampiro, com V maiúsculo

De acordo com o mito descrito pelo escritor irlandês, os vampiros são sedutores natos, com seus olhos que refletem a imortalidade e juventude eterna, e caninos mortais prontos a levaram qualquer moçoila ao paraíso, literalmente. Porém, não resistem ao sol devido ao simbolismo de luz, brilho, destruidor das trevas da noite e conseqüentemente dos medos que ela desperta.

2 – Percy Jackson (Rick Riordan) X Tom Sawyer (Mark Twain)

Percy Jackson causou frisson em seu lançamento nos cinemas, pois até então no mercado editorial não havia muita agitação. Esse livro, que agrada tanto adolescentes como adultos, traz em seu enredo adolescentes poderosos, deuses míticos e muita lenda na bagagem, despertando a nostalgia dos antigos mitos gregos.

Esse livro não traz nada de revolucionário, é apenas bom de se ler, com um ritmo gostoso e viciante. A história é capaz de prender a atenção do leitor devido as cenas de ação bem feitas, mescladas com algum toque de romance adolescente. Porém, o protagonista que dá título ao livro e série nada mais é do que a formula básica descrita por Joseph Campbell em A Jornada do Herói, encontrada também nos próprios mitos gregos.

Tom Sawyer é um clássico da literatura, juntamente com seu companheiro Hucklberry Finn. Assim como Percy Jackson, os livros de Mark Twain são do gênero aventura, porém não precisam apelar para poderes extraordinários ou mitos antigos. Todas as aventuras são baseadas em molecagens de criança com sabor de infância e descoberta do mundo que os cerca, as margens do Mississippi no século XIX. Mesmo parecendo uma história feita para crianças, Mark Twain conseguiu levar os seus personagens à aventuras densas, sempre permeadas de lições sobre a vida, suas dificuldades, a transição da infância para a vida adulta e nem sempre com um final feliz.

Para se ter a noção da importância que Tom Sawyer adquiriu no desabrochar da literatura moderna norte americana, basta saber que tornou-se icone da cultura pop e suas citações aparecem desde filmes até livros cults.

Esses são alguns exemplos de futuros ‘crássicos’ que a nossa geração poderá deixar para a vindoura. E vocês caros leitores, quais os ‘crássicos’ que indicam? Se alguém responder a essa pergunta posso até fazer uma segunda parte para falar mal deles.

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