Cinema Alemão para noobs

Primeira Fila sexta-feira, 19 de junho de 2009

No início dessa semana mencionei lá pelas bandas do chat dessa bagaça que o ator Daniel Brühl (um dos meus favoritos ever) fazia aniversário no mesmo dia que eu e, pra minha surpresa, a reação geral foi perguntar se “Brühl” era de comer ou de passar no cabelo. Me senti na obrigação de escrever uma lista básica de filmes alemães que qualquer um deveria assistir. Que já deveria ter assistido, aliás. Mas estamos falando de noobs, fazer o quê…

E pra isso, fiz uma vasta pesquisa em duas VÁRIAS locadoras pra saber os que com certeza você, leitor morto de preguiça, vai encontrar pra não ficar de “mimimi filme europeu é TAUMNNN difícil de achar”. São todos filmes contemporâneos (pelo menos ao falar da data de lançamento) e de simples compreensão. Brincando talvez você até aprenda uma ou outra palavrinha de alemão pra tirar onda. Pelo menos uns palavrões é garantido! Aqui está o arroz com feijão de quem quer ver que existe vida além de Hollywood e que a Alemanha é muito mais que ‘SIEG HEIL’.

A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen ) – 2006


No início dos anos 80, o escritor de sucesso Georg Dreyman e sua companheira de longo tempo Christa-Maria Sieland, uma atriz famosa, são grandes estrelas intelectuais no Estado Socialista, apesar de eles nem sempre pensarem de forma igual ao partido, secretamente. Um dia o Ministro da Cultura se interessa por Christa, então o agente do serviço secreto Wiesler é instruído a observar e sondar o casal, mas a vida deles acaba o fascinando mais e mais…

Eu assisti esse filme por engano, confesso. Ele tava atrás da capa de algum outro na locadora e eu fiquei com vergonha de trocar resolvi levar assim mesmo quando vi que se tratava do ganhador de um Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Não que isso seja garantia alguma, mas eu gosto de assistir os ganhadores de estatuetas nem que seja só pra falar mal depois. Fato é que esse filme é muito, mas MUITO lento. Como boa parte dos filmes alemães, convenhamos. Só que isso está longe de querer dizer que não é bom. Apesar de parecer ser maior que E O Vento Levou… o troço empolga. A medida que o agente Wiesler vai se interessando pelo jeito Big Brother de ser, a gente também é levado a apoiar o casal e suas estripulias em relação a politicagem da época. Prepare uma jarra de café e seja feliz.

Corra, Lola, Corra (Lola rennt) – 1998


Em casa, Lola recebe uma ligação do seu namorado, assustado, que perdeu uma grande quantidade de uma grana que ele recolhia pra gangue. Sua única chance de continuar vivo é se ela conseguir repor o dinheiro em 20 minutos. Lola decide tentar no banco do pai, mas como as coisas vão ficar depende crucialmente, quase que por segundo, de como ela realiza cada detalhe.

Odiado por muitos e adorado por mais outros, Corra, Lola, Corra tem todo o jeito pra ser um filme chato: a história é baseada simplesmente nesses 20 minutos que Lola tem pra ir atrás do dinheiro do namorado pilantra, só que é contada de três formas diferentes, no melhor estilo “e se…”. É legal pensar que vários fatores do seu dia estão diretamente ligados e o que aconteceria se você pudesse mudar um detalhezinho. Tipo quando cê vê seu ônibus passando do outro lado da rua e não dá tempo de atravessar. Daí cê pensa “não devia ter parado pra olhar a caixa do correio…%¨$&%$¨$”. Quem gosta de música eletrônica vai dormir mais feliz depois de assistir. Com a Franka Potente, que vocês noobs talvez conheçam do Identidade Bourne.

Anatomia (Anatomie) – 2000


A estudante Paula Henning ganha um lugar numa exclusiva faculdade de medicina. Quando o corpo de um rapaz que ela conheceu no trem acaba na sua mesa de dissecação, ela começa a investigar as circustâncias misteriosas que rodeiam sua morte, e descobre uma conspiração perpetuada por uma sociedade secreta antihipocrática que opera na faculdade.

Filme de suspense como poucos desse século. Se bem que 2000 nem era esse século ainda, mas vocês entenderam a idéia. Com a mesma atriz do Corra, Lola, Corra. E como bom suspense, nem vou falar mais nada. Filmão, véi. FILMÃO. E tem uma continuação.

A Queda! – As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang) – 2004


São os últimos dias de Adolf Hitler, em abril de 1945, e sua secretária Traudl Junge se encontra no bunker do Fuhrer. Encarando uma derrota inevitável, o humor de Hitler oscila entre a decisão de lutar ou fugir, permancer leal ou optar pela auto preservação. Eva Braun festeja enquanto Magda Goebbels mata seus filhos. O filme mostra como Hitler e Eva viveram suas últimas horas.

Eu acrescentaria um “vírgulateoricamente” aí no final dessa sinopse. Mas isso é só porque eu me amarro em teorias de conspiração e ainda acho que aquela aberração da humanidade deu um jeito de fugir pra um país tropical e morreu velhinho e de calção de banho florido. Anyway, é impressionante ver como o Bruno Ganz personificou o fi’ do demo Führer como ninguém. Andei vendo uns vídeos de discursos do cara e é igualzinho. Até a voz parece. Enfim, eu tentei não colocar algum filme que fosse diretamente ligado ao nazismo pra fugir do clichê máximo da Alemanha, mas é que esse se encaixava perfeitamente no que eu disse na introdução da coluna.

Adeus, Lênin! (Good Bye Lenin!) – 2003


Alemanha Oriental, 1989: Um jovem protesta contra o regime. Sua mãe assiste a polícia o prendendo, sofre um ataque do coração e entra em coma. Alguns meses depois, a Alemanha Socialista não existe mais e a mãe acorda. Como ela não pode ter grandes emoções, seu filho tenta reviver a GDR no apartamento deles. Mas o mundo havia mudado muito.

Um dos meus favoritos, não só dessa lista mas de filmes em geral. Apesar de pela sinopse parecer um draminha tosco, Adeus, Lênin! é uma comédia com um tema sério e mostra o auê que virou a Alemanha pouco antes (e depois) do famoso muro cair. A mãe de Alex Kerner é uma socialista ferrenha, e por isso o choque das mudanças seria ainda maior pra ela. Dessa forma, Alex tem que fuçar lixeiras atrás de rótulos dos produtos da Alemanha Oriental, forjar programas de TV e pagar pirralhinhos cheios de capitalismo nos cornos pra fingir que continuam na bela, pacífica e inocente Alemanha da cabeça de Christiane Kerner, como é todo o ideal socialista. É um filme doce sem ser meloso. E a trilha sonora é do Yann Tiersen, o mesmo do Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Com Daniel Brühl (é, aquele do começo) no papel principal.

Os Edukadores (Die Fetten Jahre Sind Vorbei) – 2004


O filme “Os Edukadores” fala de três ativistas que moram na Alemanha nos dias de hoje. Quando Jule é despejada e forçada a morar com seu namorado Peter e seu introvertido amigo Jan, ela descobre sobre a vida dupla dos dois. Essa nova dirige os três a uma perigosa cadeia de eventos que os leva a um triângulo amoroso e um sequestro. Brilhantemente filmado e escrito. É raro ver personagens que se desenvolvem tanto em um filme. Os Edukadores apresenta três jovens tentando vencer num mundo corrupto.

Outro dos meus favoritos… Perdi as contas de quantas vezes vi esse filme. O que os rapazes fazem é simplesmente GENIAL. Eles invadem mansões e ao invés de roubar alguma coisa, eles simplesmente mudam os móveis de lugar e deixam um bilhete que diz “Seus dias de festa acabaram” (que é o que o título original quer dizer) ou “Você tem dinheiro demais” só pra tirar uma das poucas coisas não compraveis por esse ricaços – o sossego mental. Só que Jan e Jule invadem uma mansão por motivos pessoais e, claro, acaba dando em merda. Pra saber O QUE deu errado, vejam o filme. É cheio de frases de efeito não-clichês. E é outro que tem uma trilha sonora sensacional. Só a mocinha da história que não me inspira muito… Queria saber alemão pra confirmar que ela realmente é tão má atriz quanto parece. Já o resto do elenco é afiadíssimo. Mais um com o Daniel Brühl.

Pros mais entendidos e profundos conhecedores do cinema alemão, repitam o título do texto em voz alta e vê se faz algum sentido reclamar porque eu só recomendei títulos mais populares, e não os ditos BONS filmes alemães. Não que os que eu recomendei sejam ruins, ou nem os recomendaria. Só não são clássicos. É só um pontapé pra quem quer começar a ver filmes daquelas bandas, ou mesmo só pra não dizer “Q” da próxima vez que eu elogiar o Daniel Brühl.

Eu sei que alguns dos nomes originais dos filmes estão sem acento, mas eu só uma pobre moça latino-americana que não fala alemão e tirou tudo da bíblia dos cinéfilos: o IMDB

Leia mais em: , , , , , ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito