Bora falar de música: The Who

Música segunda-feira, 28 de junho de 2010

 Esse quadro foi brincadeira de criança até aqui. Até porque, só teve outro texto tirando esse, e eu considero The Who uma das bandas mais geniais de todos os tempos. E os caras são ingleses, incrível. A maioria das bandas inglesas não merece meu respeito. Eu gosto de dividir a história da música em um período anterior ao The Who e um período pós The Who. Pra resumir: Antes da banda, a vida era uma bosta. Pelo menos pra mim. Por mais que pareça só papo, Keith Moon, o baterista, foi uma das pessoas que melhor soube usar o instrumento. E eu só vou falar da banda até o período em que ele morre (Vou explicar o motivo pra isso depois). Não tarde, Pete Townshend – guitarra -, Roger Daltrey – vocais – e John Entwistle não ficam pra trás. Os quatro tacavam o terror – depois da época da geração beat, é claro.

Dêem-me a mão e vamos voltar a 1960. WEEEEEEE. Tá. Na primeira metade da década, Pete e John formaram uma banda de jazz chamada The Confederates. Óbvio que, pelo nome, a parada era pior que, sei lá, White Stripes. Um dia, John trombou com Roger, que também tinha uma banda, chamada The Detours. Como John sabia tocar baixo, ele foi convidado a entrar na banda. Ele topou e sugeriu, depois de um tempo, que Pete fosse o guitarrista secundário da banda (Pra cês entenderem a parada, o Roger tocava guitarra – não, ele não sabe só cantar). Aí vocês já sabem como a coisa funciona, é meio clichê: O baterista da banda desistiu e eles chamaram ninguém menos que Keith para ocupar o lugar que estava faltando. Roger passou a cuidar dos vocais e Pete tornou-se o guitarrista principal. Com todas essas mudanças, é claro que o nome da banda não continuou o mesmo: Surgia aí The Who.

Eles começaram como toda banda tem que começar: Por baixo, tocando em pubs e lugares assim. Não demorou muito para eles atraírem o olhar de alguns olheiros da indústria – claro, eles levaram bastante calotes por isso – até finalmente se arrumarem com alguém decente. Em uma dessas apresentações, Pete quebrou sua guitarra acidentalmente. Algo que aconteceu sem querer definiu o padrão pra praticamente todos os shows da banda: A destruição do equipamento, principalmente pela parte de Keith e Pete. Se foder, não tenho dinheiro nem pra comprar um triângulo, quebrar coisas assim deveria ser crime. Mas ok, tudo é perdoado quando a banda tem talento.

Depois de trabalhar em alguns singles que só fizeram um sucesso razoável no Reino Unido, eles lançaram o primeiro álbum oficial: My Generation. O hit foi a música de mesmo nome, é claro. Vale dizer que, nessa época, ou você queria parecer com os Beatles ou queria… Morrer. Cabelos em forma de tigela e coisas do tipo eram coisas indispensáveis pra qualquer banda de rock. The Who dessa época não fugiu dessa linha. Ainda bem que, depois, eles não parecem com os besourinhos nem depois de trinta litros de álcool de posto. O som era, sim, imaturo, mas isso é comum pra todos os álbuns de estreia. Fazer o que, ninguém nasce sabendo.

Eles eram meio bobos, mesmo. Depois disso, vieram dois outros álbuns: A Quick One – que, pra falar a verdade, nem mesmo eu que curto a banda conheço direito. Não que seja ruim, mas dá a impressão de ser algo incompleto, mesmo – e The Who Sells Out, que foi acompanhado da música mais tocada nos Estados Unidos: I Can See for Miles. Pelos trabalhos que estavam sendo lançados, dava a impressão de que algo MAIOR estava para sair. Algo tipo uma ópera rock, sabe?

E não é que eu tô certo? Em 1969 a banda lança Tommy, que seria considerado um clássico entre todos os álbuns estilo ópera rock, fazendo com que Roger Waters parecesse uma menininha que escrevia diariozinhos musicais. A história da parada inteira não é fácil de entender, e como não vou fazer uma resenha disso, vou apenas contar o básico.

O Capitão Walker é dado por desaparecido. Depois de um tempo sem encontrar o cara, todo mundo pensa que ele morreu, até sua mulher, a Senhora Walker. Depois de ter o filho do casal, Tommy, ela arranja um novo marido. Tudo perfeito, até que o Capitão retorna pra casa. Isso mesmo, o cara não tava realmente morto. Os dois entram em uma briga e o marido novo acaba sendo morto. Pra poupar uma dor de cabeça imensa na delegacia, os pais de Tommy – que é testemunha do crime – dizem a ele que ele não pode falar, ouvir ou ver nada. Basicamente eles chegam e falam: “Filho, eu sei que você se acha normal, mas na verdade é cego, surdo e mudo.” Pronto, a merda tá feita.

Tommy acredita na história e torna-se um vegetal, praticamente. A única forma dele se manifestar é através da música. Por mais viagem que isso pareça ser, ninguém pode tirar a criatividade de Townshend: Vindo da cabeça dele, apenas, ou de um cigarrinho bem carregado, o musical tornou-se um sucesso de vendas e estabeleceu um padrão pra todas as outras bandas. Sem contar que houve a participação de ninguém menos que Elton John, que pode ser visto na parte da canção Pinball Wizard.

Vejam que o Elton já se vestia igual a um oompa-loompa. Agora vamos para 1971, ano que eu considero o melhor pro grupo. Sai Who’s Next, que foi, na minha opinião e, aposto, na de qualquer pessoa que curta o som, o melhor de todos os trabalhos dos caras. Não tem como negar: A voz de Roger tinha atingido seu ápice, Keith e John tocavam os instrumentos como se fosse a coisa mais natural do mundo e Pete criava melodias cada vez mais criativas. Pra vocês terem uma ideia, eles usavam uma fita cassete nos shows, já que não dava pra imitar as melodias que eram feitas em cabine.

Agora vem alguém e fala que eu odeio gente que vive de estúdio. E sim, isso é verdade, mas essa edição não fazia parte das guitarras, vocais, baixos e baterias: Era a melodia psicodélica, mesmo, feita de forma artificial. Eles não enganavam ninguém ou coisa do tipo. Todas as faixas do álbum são boas e é sacanagem escolher uma apenas pra dar de exemplo, mas acho que Baba O’Riley dá conta desse papel.

Depois disso, outros trabalhos saíram, incluindo outra opera rock, Quadrophenia. Porém, felicidade dura pouco. Em 1978 saía o álbum Who Are You, que, infelizmente, foi o último com Keith na bateria. Com problemas de bebida, o baterista realmente tentava ficar limpo. O problema é que ele queria ficar limpo, mas sem ir a uma clínica de reabilitação ou coisa do tipo. Sua vida termina, então, com uma overdose de remédios, que impediam os sintomas de abstinência. Após tomar 32 pílulas de uma vez só, ele não aguentou e morreu, logo após poucas semanas do lançamento do álbum que ficou marcado por uma música, que, se não me engano, foi tema de um dos CSI da vida.

Pra mim, The Who acaba aqui. Mas, veja bem, PRA MIM. Os caras continuaram na ativa e lançaram diversos álbuns mesmo assim. Dos quatro integrantes originais, apenas Pete e Roger continuam vivos. John morreu em Las Vegas, de um ataque do coração induzido por consumo de cocaína. Em 2009, a banda tocou diversas músicas no show do intervalo do Super Bowl, a final entre as duas conferências do futebol americano. Um palco foi montado no gramado e, com muitos fogos de artifício, luzes e coisas do tipo, os caras deram um show – tocando clássicos – e mostraram que, mesmo velhos, continuam fazendo rock melhor do que muita gente.

Agora, por que The Who acabou pra mim? Simples, eu não parei de discutir sobre The Doors depois da morte do Jim Morrison? Keith Moon era o espírito da banda. Por mais que o baterista apareça pouco – não tão pouco quanto o baixista – ele colaborava demais nos ensaios e na própria produção de música. Além disso, ele sabia ficar “sincronizado” com todos. É aquela história: Tocar bateria é, no fundo, fazer barulho. Porém, isso controla todos os demais instrumentos. Puta responsa, hein? Sem contar que ele era engraçado. Todo mundo gosta de gente engraçada.

The Who continua sendo ícone para diversas bandas. As melodias, a performance no palco, tudo: Essa é a receita pra fazer uma música boa. Há quem discorde, há quem diga que não foi a banda mais importante vindo da Inglaterra. Isso é opinião, mas eu não escutei (Até hoje) banda alguma que soubesse aproveitar tantos instrumentos em uma canção, apenas. Recomendo que se alguém se interessar a ir atrás do som dos caras, começar com Who’s Next. É o melhor trabalhos dos caras, indiscutivelmente, e é bom pra começar a ouvir. Se bem que todos os álbuns são bons de ouvir, mas essa é outra história. Ah sim: Ringo Starr parece a Meg White agora, não? Se bem que ele já parecia antes, mesmo.

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