Boneco do Mal (The Boy)

Primeira Fila segunda-feira, 24 de abril de 2017

Já faz um tempo, mas dessas coisas a gente não esquece. Quando a roleta da Netflix bateu em Boneco do Mal (The Boy), longa de 2016, dirigido por William Brent Bell, ecoou pela sala um longo “putz”. Aquele “putz”, acompanhado de facepalm, mas já estávamos cansados de procurar um filme por nossa conta. E, como esse já ficava desfilando no cardápio implorando para ser assistido, por que não? Apesar do nome lixoso, a sinopse até era interessante, sobre uma jovem que foge do seu passado e é contratada para trabalhar em um casarão como a babá de um… Boneco. Eu não consigo pensar em trabalho mais fácil, assumindo, é claro, que gente muito rica é excêntrica e tem muito dinheiro e pouco com o que gastar. Inclusive aceito ofertas. Adoro bonecos.

A narrativa começa bem. Greta (Lauren Cohan) chega na casa isolada do casal Heelshire para cuidar de seu filho, Brahms. Mas, como já spoilei acima, ele na verdade é um boneco, que tem um quarto só pra ele e brinquedos legais. Diante da situação, a nova babá reage melhor que eu, porque evita carões e crises de riso e embarca na “loucura” dos patrões, seguindo a risca a to do list com as preferências do boneco do mal mimado.

Almofadinha filhinho da mamãe, sim. Do mal? Há controvérsias.

Quando conhece o entregador de compras Malcolm (Rupert Evans), Greta descobre que o boneco é uma projeção do filho dos Heelshire, morto durante um incêndio na infância. Ouvindo isso do novo amigo e do próprio chefe, que prepara uma viagem com a esposa, ela passa a sentir um grande pesar pelo sofrimento do casal, mas continua fazendo o que qualquer babá de um objeto inanimado faria: Nada.

Sozinha há muito tempo e isolada, fora as visitas semanais do entregador, ela começa a ouvir barulhos estranhos, perceber pequenas mudanças de posição dos objetos e conforme ela continua cagando pro pobre do Brahms, como a babá incompetente que é, ele passa a se mover para conquistar a atenção de sua tutora. Mais maravilhada com o “milagre” do que propriamente assustada, passa a tratar o boneco como o próprio filho. Inclusive é mais ou menos por ai acontece a segunda boa surpresa do filme (A primeira é o fato do cliente ser um boneco): Brahms não esconde seus poderes, ele se expõe para Malcolm como fez para Greta, construindo uma camada narrativa interessante que foge da tendência original da mocinha enlouquecida pelo confinamento e fazendo o público do lado de cá torcer para a formação de uma família não convencional.

Podia ser a gente, mas você não quer romper com os padrões da família tradicional.

O filme, que, como dito acima, começa muito bem com a reação de Greta diante de suas condições de trabalho, se arrasta e fica um pouco chato e repetitivo do meio para o fim, mas se desenvolve relativamente bem. Não é nenhuma obra-prima e nem pretende ser. O final é satisfatório, diga-se de passagem. Diria até que acima da média para um filme chamado Boneco do Mal. O plot twist traz alguma surpresa, mas nada fora do comum, e só prova que a pessoa que traduziu olhou o pôster, leu metade da sinopse e lascou um nome que poderia arruinar toda a experiência, porque o boneco – em si – é super de boa o filme inteiro. O inferno são os outros.

Boneco do Mal

The Boy (97 minutos – Terror)
Lançamento: EUA/China/Canadá, 2016
Direção: William Brent Bell
Roteiro: Stacey Menear
Elenco: Lauren Cohan, Rupert Evans, James Russell

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