G.G. Allin – Uma botinada na boca em Ab

Música quinta-feira, 09 de agosto de 2007

“O cara mais underground que eu conheço é o diabo”. Com certeza, Zeca Baleiro nunca tinha ouvido falar de G.G. Allin quando escreveu isso. E provavelmente ainda não ouviu falar, mas tanto faz.

Ora, e VOCÊ se considera muito bom por ser alternativinho. Acha que o fato de usar roupas diferentes – como todo mundo – o faz ser algum tipo de super-cidadão-underground que protesta contra o governo, contra a sociedade, contra tudo e todos. Você acha que tem o poder pra mudar o mundo com a sua mensagem ‘diferente’, que é igual á de qualquer outro indie, ou punque, ou emo, ou o que caralho for, e que as suas roupinhas da moda completamente alternativas e diferentes te deixam num patamar superior ao resto do mundo, que vive preso e uniformizado numa sociedade robótica moldada pela mídia. Claro, porque os punques/emos/rappers/o caralho a quatro são a síntese do protesto, da consciência social, da misantropia, da não-alienação, do ódio canalizado, bla bla bla. E, claro, ninguém vai te convencer do contrário. Ou é o que você PENSAVA. Na verdade, você é tanga. COMPLETAMENTE tanga. Aliás, SATANÁS é tanga perto do Allin.

E é aí que entra Jesus Christ Allin. Nascido em Lancaster, New Hampshire, em 29 de agosto de 1956, o garoto teve uma infância completamente caótica, tendo seu pai alcoólatra, Merle Allin, chegado a cavar a cova de toda a família no porão da casa, ameaçando matar a todos. No colégio, foi considerado um delinqüente juvenil, fazendo de tudo para chocar aqueles que estivessem próximos. E foi aí que GG – que já deixara de ser Jesus nessa época, afinal, sua mãe mudou seu nome por não achá-lo mais adequado ao garoto – descobriu a música.

Allin fez parte de várias bandas (muitas delas junto a seu irmão) tendo começado na música como baterista. Lançou seu primeiro disco, “Eat my fuc” (ou simplesmente EMF), em 1983. Entre as várias bandas com quem tocou estavam The Jabbers, mais tarde conhecidos como G.G. Allin & The Jabbers, onde G.G. foi baterista e vocalista (sendo apenas vocalista mais tarde), e começou a se tornar completamente incontrolável no palco. E, claro, cada vez mais viciado em drogas (se tornando, aliás, QUASE tão bêbado quanto Shane McGowan, que merece ser citado em uma próxima matéria).

Depois dos Jabbers, Allin entrou em várias bandas, sendo considerado um terrorista musical. Vale dar um destaque á banda The Texas Nazis (não, os caras não eram nazistas. O nome da banda era uma provocação aos rednecks nazistas texanos, que, aliás, odiavam o Allin).

Em 1991, finalmente, G.G. Allin forma o que foi a sua maior banda, a que mais chocou os espectadores. Não só musicalmente, claro. G.G. Allin & The Murder Junkies era o caos sintetizado em música. O inferno em palco. “O extremo do extremo”, como dito no Whiplash. As apresentações mais caóticas de Allin envolviam, entre outros atos, defecação em palco, copofagia, ataques violentos á platéia, cabeçadas no chão, cheio de cacos de vidro, fezes, pregos e o que mais tiver de terrivel. E ódio, muito ódio. O cara era quase um Spider Jerusalem, só que com dez vezes mais ódio e sem um alvo fixo.

Allin considerava o mundo todo completamente TANGA. Um bando de seres uniformizados vivendo vidas completamente patéticas, entediantes, sem sentido. Ele era o comedor, o cara, o último profeta do roquenrôu. E comia sua filha enquanto ce ia pra feira. Ao ser perguntado numa entrevista se ele realmente gostava da vida que levava, Allin respondeu “Eu como menininhas de 14 anos todas as noites e ce ainda quer me convencer que a SUA vida é que é boa?”.

Morreu de overdose no meio dos anos noventa, não conseguindo realizar sua maravilhosa idéia de se suicidar em palco. Enfim, no enterro do cara, nego deixou uma porrada de garrafas de vodka no caixão. E, claro, muita gente quis tirar foto com o Allin, abraçando o cidadão, pegando na PIROCA dele, essas coisas de fã.

Enfim, véi, G.G. Allin não pode ser entendido com palavras tão bem quanto com IMAGENS. Assim sendo, disponibilizarei aqui o link pro vídeo de um dos shows do cara. Vídeo esse, aliás, que não é recomendado pra menores de sessenta e cinco anos que nunca tenham sofrido qualquer problema mental grave.

GG Allin & the murder junkies – Bite it, you scum

Reparem na chave de pescoço que ele dá, pelado, na mulé da platéia.

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