As Livrarias

Analfabetismo Funcional terça-feira, 20 de abril de 2010

Como não gostar de uma livraria? Não é à toa que elas exercem um fascínio tão magnético sobre seus freqüentadores. Afinal, seus produtos são sonhos de consumos de muitos: Livros, revistas, CDs, DVDs, boxes e coleções de toda sorte. Quem nunca teve vontade de ter um livraria todinha só para si? Mas a questão é muito mais do que meramente “consumismo”. Os sentidos são estimulados de uma forma bem singular, como comprovarei a seguir.

Tudo começa com um cheirinho especial e inconfundível que toda livraria tem. Ao dar o primeiro passo dentro de uma livraria, esse cheiro invade nossas narinas e automaticamente nosso cérebro já ativa um estado de percepção diferenciado. Sem contar aquele cheirinho de livro novo que dispensa comentários. Olfato agraciado.

 Essência indescritível.

Ao mesmo tempo que nosso olfato é agraciado com o perfume da sabedoria, nossos olhos nos entregam a visão de várias pessoas, dos mais distintos tipos, comportando-se como se estivessem num ambiente sagrado, numa espécie de cerimônia. As estantes repletas de livros são um mosaico de cores que disputam a atenção dos pretensos leitores. Prateleiras e mostruários de madeira, piso de carpete ou qualquer outro material com muita cor atuam como meros coadjuvantes para dar espaço aos artistas principais que têm como cartão de visita suas capas fabulosas (Ou nem tanto). Visão provocada.

Basta dar alguns passos adentro da livraria e a música entra nos nossos ouvidos. Não, não me refiro ao som ambiente, geralmente proporcionado pelo último CD lançado (Que, por acaso, está em destaque na sessão de discos). O som que quero destacar é aquele das conversas laterais, elogios apaixonados, tudo acompanhado pelo farfalhar de folhas de livros e revistas. Todos sons parecem tão integrados que parecem tão naturais como os ruídos de uma grande e frondosa árvore ao ser tocada pelo vento. É uma orquestra que nunca ensaiou, mas o entrosamento de seus músicos é perfeito. Audição ativada.

Após alguns giros pelos corredores, nos aproximamos de um livro que nos interessa, ou cuja capa chamou nossa atenção. Ocasionalmente lembramos que um colega havia recomendado aquela obra. Então resgatamo-na das garras da prateleira. O movimento é preciso. Novamente tudo parece parte de um ritual sagrado. Passamos a mão sobre sua capa, quase uma carícia. Sentimos sua textura, folheamos as páginas, verificamos sua espessura, sentimos o cheiro e a magia está materializada. Tato apurado.

 Livro: Alimento da alma.

E o paladar? Bom, eu sei que ninguém em pleno domínio de suas faculdades mentais come ou devora livros (Só o fazem metaforicamente). Se bem que, do jeito que as coisas vão, daqui a pouco vão lançar um livro “comestível” (Isto é, se não já lançaram e eu não sei…). Imagina só, um livro de culinária comestível. Se você não conseguir fazer nada, come o livro.

 Combinação sublime.

Bom, não vamos perder o foco. Ainda estou devendo um sentido. Então, vou ter que apelar pr’aquele cafezinho sem igual que bebericamos na cafeteria, enquanto folheamos uma revista, ou pensamos se vale a pena comprá-la, ou enquanto fazemos aquela leitura dinâmica de um livro que talvez não valha a pena comprar (Ou que valha a pena, mas a conta bancária anda vestida de vermelho). Paladar deleitado.

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