Arnaldo Jabor, comentaristas de telejornal e as cabeças de pedra do Oriente Médio

Televisão segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Semanas atrás, um filme americano satirizando o profeta Maomé provocou uma onda de protestos pelo mundo – manifestações violentas em sua maioria e que resultaram em mortos e feridos. Mais um dia no Oriente Médio: Mortos, ódio e uma reação incrivelmente rápida a qualquer coisa no universo que lhes ofenda só um pouco que seja, especialmente no que concerne a religião e ainda mais especialmente se vem dos Estados Unidos da América.

Hoje, no Bacon Repórter.

No ponto em que comecei a escrever o rascunho desse texto – fins de setembro – o negócio todo já começava a perder força, depois de talvez duas semanas sendo assunto obrigatório em todo noticiário de respeito. Até por que no Brasil mesmo uma pequena e calma comunidade islâmica realizou protestos bastante pacíficos; a presidente desse país, que discursou na ONU na época, meteu o bedelho e condenou “ações islamofóbicas” no mundo. Não sei se ela fez isso por que é certo, por que pareceu certo ou por que os islâmicos não são exatamente conhecidos por entender a opinião dos outros caso ela criticasse alguma coisa. E, por Alá, alguns daqueles sujeitos compraram urânio no Mercado Livre ou algo assim. Não devia ser pra coisa boa.

Mas, o que motivou este texto não foram o meu calhamaço de críticas contra o Oriente Médio e o islamismo, minha idéia de que lá é um antro de hipocrisia, nem eu achar que a Idade Média tem que ficar pra trás. Não. O que realmente inflamou meu sangue de colunista do Bacon foi o fato do Arnaldo Jabor achar isso também e, principalmente, dele dizer isso em rede nacional, no Jornal da Globo.

 Sabem aquele espaço de uns dois minutos para o comentário de algum jornalista “de opinião” que tem em alguns noticiários? Eu acho aquilo legal. Às vezes pode ser um pedaço de lucidez no meio de âncoras e repórteres calmos e neutros. No caso mencionado, era mais do que isso: O Jabor foi talvez a única voz do horário nobre a falar sem o cobertor de politicamente correto que até a presidente usava. Agora, eu não sou nenhum fã desse cara. Na verdade, eu não raramente discordo dele. Mas, naquela noite, eu levantei e resolvi escrever um texto. Viram? Tenho opinião, vou trabalhar na Globo.

Tá, não. Mas enfim.

Jabor criticou o sistema político dos principais países islâmicos, que mesclam política e religião, sua falta de compreensão da idéia básica de democracia e a supracitada incapacidade deles de entender também o conceito de “opinião dissonante”. Pra completar, falou de como é importante ver que existem culturas e idéias diferentes na Terra, não sendo de bom tom sacanear as crenças dos outros, mas é uma merda matar por isso. Basicamente, e não com essas palavras, mas vocês entenderam.

O papel de um noticiário é ser mesmo neutro e dar as notícias. O dos comentaristas é fazer um comentário (ARRÁ) ligeiramente cáustico sobre uma situação específica, tendo pra isso um quadro próprio, quase uma sala separada, pra jogar pimenta na parada e te deixar pensando. O caso é que isso é uma responsabilidade: Eles fazem isso baseados em suas próprias opiniões, atingindo quem ficar na frente, ficando de um lado, fazendo exatamente o contrário do resto do jornal. A graça toda é isso, penso eu, um cara com certa liberdade de pôr a cara a tapa, colocar o traseiro na reta. Claro que… Se esse comentarista quiser agradar alguém ou falar merda, vai tudo por água abaixo. Pra ver um exemplo disso é só assistir o próprio Jabor sem inspiração, ou então aquele cara do Jornal do SBT que eu esqueci o nome.

Antes de encerrar o texto, gostaria de deixar um foda-se pros universitários de esquerda e “intelectuais” em geral que dizem não assistir televisão por algum motivo retardado. Foi legal vocês terem lido até aqui, galera. Mas hoje vou ver tetas no capítulo de Gabriela e vocês não, falô aí.

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