A obrigação de promover música boa

Música quinta-feira, 10 de março de 2011

Antes de começar a escrever o resto do texto, bora deixar claro que eu não tô falando sobre mídias como Myspace, Purevolume e até Twitter, Facebook, essas coisas. Não tô falando de deixar uma banda famosa, de criar uma legião de fãs acéfalos ou encher o cu de dinheiro com álbuns ruins, cheios de estúdio, não senhores. Eu tô falando, na verdade, de promover música BOA. Afinal, o que diabos eu quero dizer com isso tudo? Nada que um flashback não ajude.

Lá em fevereiro, fui convidado por uma amiga a comparecer em um evento no teatro municipal da minha cidade. E sim, eu tinha esse texto em mente desde lá, pra vocês verem como eu enrolo pra fazer as coisas. Mas enfim, tudo que eu sabia é que era um evento gratuito; iria ter uma orquestra e foi menos divulgado pela imprensa do que outros rolos que já aconteceram por aqui. Apareci, consegui meu ingresso e entrei. Que beleza, que maravilha, que mundo bonito. Te falar que as coisas parecem melhores quando você segura um ingresso em mãos, ainda mais quando é de graça. O espetáculo foi um show, literalmente.

Dividido em duas partes, a primeira foi um coral, que cantou música gospel. Eu fiquei comovido, e olha que sou ateu. Acho que esse tipo de coisa não importa nessas horas. Não importa sobre o que a música é, mas sim como ela é executada. E deu pra perceber de longe que o pessoal de lá botou esforço pra caramba naquilo tudo. Pena que foi rápido, afinal, foram só quatro músicas. A segunda parte (Orquestrada) também foi rápida, com a mesma quantidade de músicas. Ok, teve um bis, que foi REALMENTE necessário. Dentre as músicas que os caras tocaram, encontrava-se Can You Feel The Love Tonight? – se você é noob e não conhece essa obra prima de Elton John, explico: Ela povoou o VHS de qualquer um que teve uma infância boa, por fazer parte da trilha sonora do filme O Rei Leão.

Eu saí de lá realizado. Não é toda hora que você escuta uma releitura de um clássico que fez sua infância sendo executada com tamanha maestria – que inclui um solo de saxofone (Fazendo o papel do vocal, no caso) espetacular. Me emociono muito com essas coisas. Sim, eu sei, posso parecer um babaca nos meus textos, mas na verdade sou um cara sentimental com essas coisas. E é difícil encontrar quem não se emocione com tudo isso. O Mufasa morreu, porra, e o Simba tá num barranco legal. Seus insensíveis.

Mas enfim, voltando ao assunto de promover música boa: Entre a troca do coral com a orquestra, os responsáveis pelo espetáculo foram bater um papo com a galera presente (Bater um papo não. Eles falaram, nós ouvimos). Acontece que a coisa toda fazia parte de um projeto do governo do estado, envolvendo diversas oficinas culturais pelo verão. O coral foi estruturado em um mês; a orquestra, também (O que eu achei mais legal é que a orquestra era composta por pessoas daqui e de outra cidade, que nunca ensaiaram juntos. A primeira vez que eles tocaram juntos foi na apresentação – e mandaram bem). Eu achei impressionante. Depois disso, quase dormi com a politicagem com direito a lambida nos ovos dos superiores. Mas setor público é isso aí, não é?

 Setor púbrico.

Não tô escrevendo isto pra promover nenhum órgão. Mas só pra lembrar que, por mais que a politicagem exista, esse tipo de ideia é válida e faz bem. E não precisa ser com música mais erudita. Precisa ser com músicas que promovam algo, tanto para a plateia quanto para quem se apresenta. Não sei quanto a vocês, mas aprender a tocar Hans Zimmer parece ser muito mais interessante do que ensinar crianças a fazerem malabarismos (E todos nós sabemos onde eles colocam esses malabarismos em prática. Bom, todos nós que já ficamos parados em um sinal).

Acho que o papel da música tá finalmente dando as caras por aí. E eu incentivo isso. Não é só bom pra quem participa, pra quem canta, pra quem toca; é bom pra MIM. Eu sinto falta de espetáculos decentes com músicas que fiquem na minha cabeça por vários dias. E, se você não mora em uma cidade grande, não há muita chance disso acontecer toda hora. Mas se um dia vocês encontrarem com alguém que participa de um projeto desse tipo, converse com o cara e fique interessado pelo assunto. Acho que vale muito mais a pena assistir a um concerto desses a pagar uma fortuna pra assistir o SWU. Aliás, não acho; tenho certeza.

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