A Capital dos Mortos

Cinema domingo, 04 de maio de 2008

É bem provável que vocês todos já saibam sobre o Festival de Filmes Curtíssimos, que aconteceu aqui em Brasília na última sexta, dia 2. Depois de todos os curtas, chegou a hora da muito esperada estréia de A Capital dos Mortos, que não é um curta e estava fora da competição do festival. Completamente do caralho, o filme. Mas antes de começar a resenha, nada mais justo do que apresentar um dos curtas (provavelmente o melhor, na minha opinião):

Puuuuxa!

Tem um quê de Comichão e Coçadinha, não? Hã, certo, voltemos ao assunto. Ah, claro. Eu vou usar de spoilers sem dó nem piedade, caso me dê vontade. Assim sendo, se você é uma bichona que se incomoda com esse tipo de coisa, azar o seu.

A profecia de Dom Bosco abre o filme, já preparando o espectador para o desespero que está por vir. As palavras do padre, além de falar sobre a criação de Brasília, alertam sobre o fim dos tempos. Três gerações, contadas a partir do dia de sua morte, seriam o tempo para a chegada do apocalipse. Logo após o terrível aviso, somos transportados para um dia aparentemente comum de nossa querida capital federal. Na cena, duas garotas: uma mostrando á outra a cidade. E é justamente no meio do passeio romântico que tudo começa: Uma das moças é atacada por um morto-vivo enquanto tira fotos de si mesma – uma cena genial, aliás. É aí que entra também a DEVICE, dando um ar ainda mais gore pras cenas de sanguinolência com seu Black Metal na trilha sonora. Ah, claro. Eu cheguei a mencionar o beijo lésbico antes do ataque? Acho que citar esse tipo de coisa acaba fazendo mais gente ver o filme.

Logo depois, somos apresentados aos heróis da história. Cristofer (Yan Klier) é o primeiro do grupo a confrontar os mortos-vivos ao atropelar um deles. Depois de tentar buscar sua namorada e vê-la ser devorada pelos mortos, ele vai ao encontro de Lucas (Gustavo Serrate), que, assim como Cris, é fã de zumbis; André (Pablo Peixoto), o chato do grupo; e Pâmela (Laura Moreira), irmã de Lucas. O grupo é completo pouco depois, com a heróica aparição do misterioso Tio (Jean Carlo), responsável por equipar o grupo com armas e munição. Dentro do carro e sempre em movimento, o grupo tenta então bolar um plano para sobreviver á catástrofe zumbi, usando clássicos do gênero como base para as estratégias (como a própria idéia de se manter em movimento, que é sustentada pelo clipe de Thriller, onde a mocinha corre pra dentro de uma casa, ao invés de fugir pra qualquer outro lado, e acaba tomando no toba).

Os heróis

Além de elementos de terror, o filme traz excelentes cenas de humor, muitas delas satirizando os próprios clichês de filmes de zumbi. A melhor delas, na minha opinião, é a que ironiza a clássica cena do zumbi saindo da tumba. O humor do filme é bem variado, indo desde a sátira ao humor ácido, como o funcionário do necrotério tentando tirar o atraso com uma cadáver jeitosinha e sendo devorado pela mesma. Mais um ponto interessante é que o filme não ignora toda a cultura zumbi que existe no mundo hoje em dia. Os personagens tem uma noção do que está acontecendo e já pararam pra pensar no que fariam num caso desses.

Os personagens são bem carismáticos – e isso inclui o sujeito do pescoço quebrado cujo nome eu não consigo lembrar agora – e o enredo bem bolado. A própria falta de verba para realizar algo maior no filme não o impediu de ser ótimo. A criatividade do diretor e dos produtores da Capital foram suficientes pra transformar cenas do cotidiano de brasília na imagem perfeita de um apocalipse zumbi. E contar com a aparição de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, ajuda ainda mais.

Talvez os moradores do DF acabem se identificando mais que o resto do Brasil com algumas das piadas e frases tipicamente brasilienses (“Uma porra dessa nunca ia acontecer aqui em Brasília. Aqui só tem churrasco!”), e isso acaba dando um toque bem candango á obra. Outro ponto comum aos filmes brasileiros é o estilo da narração, com pausas onde o personagem principal diz o que pensa a respeito de uma determinada situação ou personagem.

Mas eu não vou mentir pra vocês, meus caros leitores. O grande responsável pelo sucesso absoluto de A Capital dos Mortos é um certo zumbi cabeludo extremamente charmoso que aparece em só duas cenas. Dizem que o brilhante ator, que agora é o novo detentor do recorde mundial de orgasmos femininos simultâneos causados pela aparição de um morto-vivo numa exibição de cinema, escreve pra um certo site aí e faz tiras sobre piratas. E também entrevistou o diretor do filme, Tiago Belotti.

Meu conselho é que vocês vejam o filme. Comprem o DVD, porque vale á pena pra caralho. Vocês precisam ver esse filme! Ces vão todos morrer, seus macacos!

A Capital dos Mortos

A Capital dos Mortos (90 minutos – Terror/Zumbis)
Lançamento: 2008
Direção: Tiago Belotti
Roteiro: Mikael Bissoni e Tiago Belotti
Elenco: Yan Klier, Pablo Peixoto, Jean Carlo, Gustavo Serrate, Laura Moreira

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