Ingressos, desorganização, coxinhas e muita, mas muita gordura

Música quarta-feira, 10 de abril de 2013

Depois de hoje, cheguei à conclusão de que meu carma é forte. Se é pro bem ou pro mal, não sei, mas é tenso o bagulho. A saga começou às nove da manhã, em ponto, quando levantei da caminha, escovei os dentinhos, arrumei o quartinho, e sentei a bundinha no computadorzinho prontinha pra comprar o tão sonhado ingressinho pro dia 14.

É, 30 Seconds To Mars foi a minha puberdade, o que se há de fazer?

Enfim, após todo o ritual de purificação espiritual, afinal, eu já imaginava que haveria no mínimo algum tipo de aborrecimento, a via crucis musical começou antes mesmo de eu me conectar. É, a internet aqui em casa tinha caido exatamente às 9:50h da manhã. Picas grossas, viu. Todo castigo pra corno é pouco.

Liguei pra Virtua prestadora de serviço de internet e reclamei que iria obrigá-los a CAGAR um ingresso pra mim caso o serviço não fosse normalizado a tempo – Muita simpatia mesmo, sem sacanagem. Como estão todos cagando pra satisfação do cliente, desde que você continue a pagar religiosamente a conta e resolveram porra nenhuma, apelei pros conhecidos. Depois de muito drama ao telefone, procurando quem me ajudasse, sentei e chorei acabei falando com uma amiga minha que, também depois de muita reza braba, tirou um ingresso no cartão dela. Não vou detalhar o diálogo, mas já adianto que houve muito dramalhão, choro, favores sexuais e “MANO, EU TE AMO, SÉRIÃO”.

Aliás, Aryane, se um dia você chegar a ler isso, tô falando sério. Você é foda, e prometo que hoje te dou o dinheiro que te devo. Juro.

AAAAAAANYWHOOOO… O que eu quis dizer é: Como estava quase completamente offline, não acompanhei 100% o Mordor internético que se tornou o site de vendas. Reza a lenda que caía a toda hora. Só acompanhei, sim, e ávida pelo 3G do celular que só aguentava carregar o Facebook, toda a rage que só a nossa rede social predileta pode oferecer [Nota do editor: Nossa o caralho, prefiro Twitter].

E caralhas, como as pessoas são coxinhas. Chegou a dar pra sentir o cheiro de óleo só de ler os comentários na página do evento. Assim que os administradores do RIR jogaram no Facebook a notícia do fim dos ingressos, houve caos, uma comoção brasileira que só se equiparava a mortes de crianças como Isabella Nardoni. Quase todos bradando a plenos pulmões que a empresa era inescrupulosa e que brasileiros, esses desonestos, merecem morrer empalados pelo belo Ursinho Friz PEGUEM ESSA.

A administração foi burra, isso tá mais que óbvio. Pra evitar esse tipo de revolta, o ideal seria dividir a venda por dia de show e não pôr o serviço nas mãos de um site que dá problema até com ingresso pra cinema. Entretanto, acredito que, além dos imprevistos técnicos, o maior problema tenha sido o dos famosos “cambistas”. Caras espertaralhos que compram 4 ingressos por 130 contos, cada, e tentam né revendem por mais de 500, 600, 1000 reais.

Só que ok pra toda essa lengalenga. Acontece sempre, é de praxe. O que irrita profundamente é a quantidade de pessoas que precisam ressaltar a falta de escrúpulos e caráter dos outros. Teve até gente reclamando de exclusão social por que em Nova Iguaçu a internet “misteriosamente” caiu. São os montes e montes de comentários afirmando que (sic) “Nos EUA, não é assim, se por aqui tivesse pena de morte…” Sério, vai tomar no cu se você é desses que falam que bandido bom é bandido morto. É o coitadismo, o preconceito, a hipocrisia, os politicamente correto e incorreto, tudo ao mesmo tempo. Precisa de drama pra tudo.

São páginas de insulto. Quem comprou é burro, quem tá vendendo é burro, quem não conseguiu comprar é lerdo e invejoso. Que merda, dá pra o mundo parar de parecer e começar a ser?

Já falei por aqui que odeio generalizar, mas até eu admito que o nosso povinho é esperto. Nesse ponto, sim, claro, com certeza, concordo com todos vocês, cidadãos de bem. Sei que a negada compra tudo isso pra tentar lucrar por cima. Se aproveitam de promoções e mimimis pra tal. Só que eu também sei que o povo é burro e que, assim como essa mesma ladainha se repetiu em 2011, no dia da fila vai chover ingresso a 100, 90, 80 reais. Assim que o pessoal ~~~inteligente~~~ ver que nenhum ser humano com os miolos no lugar vai dar tanta grana num ingresso, os preços vão abaixar. Acima de tudo, o evento recebeu tanta crítica que é muito provável haver um segundo lote.

Sabe por que os impostos são tão altos, as coisas são tão caras, os eventos tão desorganizados? Por que todo mundo só sabe reconhecer o problema quando a corda estoura na própria mão. Tenho certeza de que você já furou fila, nem que seja na cantina da escola, e não se achou nem um pouco filho da puta por isso. E tenho mais certeza ainda de que quando algum babaca te corta no trânsito, você se faz de vítima, mete o dedo do meio pra fora da janela e reclama de uma nação inteira.

As pessoas só conseguem ver a realidade quando o cu atingido é o delas. Sim, o país é uma bagunça, uma merda, ranhento, chocolatante, e muito mais. Biscoitinho Scooby de parabéns pros sociólogos do Facebook. Só que a parada não vai melhorar até que mais gente levante a bunda do PC pra alguma coisa que não seja sonegar imposto ou levar a avó pro banco só pra pegar fila especial. Até que, ao invés de votar no candidato que tá vencendo só pra não ter segundo turno, o indivíduo realmente pesquise sobre política e afins.

Acho que acabei indo muito a fundo só pra falar de um festival de música ao qual, no fim, todo mundo que ficou reclamando vai. E daqui dois anos o drama se repetirá de novo. E de novo.

E de novo, de novo, de novo, de…

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