Controles culpados não tem mais dualshock

Games terça-feira, 12 de novembro de 2013

Desde The Walking Dead nada foi o mesmo. Tem mais de um ano desde que o jogo saiu e a segunda temporada já está à venda, mas a questão não são os zumbis, nem as relações interpessoais, nem os contos eróticos com Lauren Cohan e nem necrofilia. São as escolhas. Porra cara, isso fodeu minha vida joguística.

 Como, não como, engravido ou largo pros zumbis?

O jogo dos mortos-vivos não só trouxe de volta a mania por corpos decompostos e carne fresca, mas foi aclamada por um monte de otários como uma das melhores franquias dos últimos tempo. Tanto a HQ quanto a série foram (E ainda são) ovacionadas, mas de tudo, a única coisa que me interessou foi o jogo. Ou melhor, um dos jogos, já que o outro é igual à todos os outros jogos de zumbi. A Telltale Games já tinha feito uns jogos meio merdas, De Volta para o Futuro e Jurassic Park, mas geral cagou pra eles, e assim, ninguém levava fé em The Walking Dead.

Bem, isso claramente mudou, o jogo foi eleito como melhor do ano por um monte de gente e tudo mais. E porra, o jogo é incrível mesmo. Se não jogou, jogue, mas sem cometer o erro estúpido de desinstalá-lo depois de terminar. Não só a segunda temporada tá aí, como tem o DLC 400 Days também. Enfim, jogue, emocione-se e deixe o troço ocupando espaço aí… Pense que cê tá simplesmente mantendo um save no seu memory card.

Bem, tempos depois dos zumbis, joguei Deus Ex: Human Revolution. Jogo foda, MUITO maior do que eu achei que seria, cheio de coisas pra fazer. Só não caia na bobagem de comprá-lo ainda, já que, semanas atrás, DOIS ANOS após o lançamento do jogo, resolveram soltar uma “versão do diretor”, em adição aos vários e vários DLCs anteriores. Enfim, gastei 50 horas nesso jogo. CINQUENTA HORAS de tiros, armas, robôs e escolhas. Porra, cê tem até um upgrade fodão que te ajuda a analisar a personalidade dos personagens, pra te ajudar na tua escolha.

Sacaram o problema? The Walking Dead e Deus Ex não tem nada um com o outro. Quer dizer, são em terceira pessoa e tem armas, mas não são próximos. Não são parecidos, não são da mesma empresa, não tem as mesmas mecânicas, suas histórias são completamente diferentes. O único ponto real em comum são as escolhas. Você pode escolher suas falas, escolher suas reações, escolher seu posicionamento político e social. Você pode até, em alguns momentos, escolher não escolher nada, simplesmente ignorar e/ou procrastinar. Isso é um nível MUITO diferente de jogo.

Quero dizer, o cinema, os livros, as séries, tudo isso é algo passivo. E é exatamente por isso que os jogos são uma mídia completamente diferente: A interatividade. É você que corre, que atira, que pula, que procura moedas, que derrota inimigos. Todo jogo faz isso, de um jeito ou de outro, te dá o controle. Você faz, não o personagem. Se você simplesmente se recusar a apertar um botão sequer, o personagem (E, consequentemente, o jogo) te obedece. The Walking Dead, ainda que não o primeiro, colocou em cheque uma questão importantíssima nessa coisa toda: Se você controla, por que caralhos você não pode controlar, também, a história em si?

Antes você controla como e quando fazer uma ou outra ação. Ou fazia de um jeito, ou fazia de outro, mas, no fim, seja o que fosse que você fizesse, já tava lá, já tava decidido. Você atirava na cabeça ou na perma, mas atirava. Agora você pode, simplesmente, não atirar. Pode não atirar, e deixar outra pessoa atirar; pode só se afastar; pode não atirar mas ficar olhando pra ver o que acontece… Claro que, no fim das contas, há um número definido de caminhos que podem ser seguidos, mas isso é o começo. Em alguns anos, das atuais dez ou doze opções, passará pra cinquenta, sessenta. É mais um limite humano (De roteiro, criação, esforço, tempo, etc.) que tecnológico de fato. Só uns anos, quando a China tiver um bilhão e meio de Ping Yangs, e estes forem exportados via Correios, as opções serão bem mais amplas.

Enfim, agora podemos escolher. Ou melhor, alguns jogos nos deixam escolher. Eles poderiam simplesmente nos negar tudo isso, e, acreditem, não estou dizendo que é errado. Aliás, seria um saco que todo jogo fosse através de escolhar. Porra, eu não quero um questionamento sobre a natureza humana em Call of Duty, quero bazucas, granadas, metralhadoras e prédios caindo OH WAIT. Quero só pular plataformas, jogar bolas de fogo e usar roupas esquisitas; ou dar um drift de meio minuto, usando nitro, enquanto desço uma montanha enquanto neva; ou até mesmo ficar andando de um lado pro outro vendo diálogos sem graça, num visual bonitinho, perfeito e extremamente chato e desinteressante, enquanto me orgulho por não financiar o capitalismo selvagem. E é justamente aí que está meu problema.

 NÃO DESSE TIPO

Gosto de videogames e jogos e o caralho, mas sendo franco, meu computador já tem três anos, e meu console é um PlayStation 2. Eu já pulei uma geração inteira de consoles, três de portáteis e praticamente não consigo rodar jogos mais pesados que tenham sindo lançados depois de 2012. Estou falando isso porque Mafia 2 foi lançado em 2010, anterior à Deux Ex e The Walking Dead. Mas acabei por jogá-lo depois destes dois, e, durante o jogo todo, enquando uma história rolava e alguém dizia algo assim pro Vito:

Vamolá nos mano da máfia chinesa, pegar uns quilo de maconha, botar num caminhão e distribuir aí pros vendedores pra descolar uma graninha

Eu ficava esperando aparecer as minhas opções alí em baixo. Eu esperava duas frases diferenteres tomarem a parte de baixo da tela, e o scanner de retina no canto esquerdo superior aparecer. Porque porra, vender drogas contrabandeadas por outra máfia não é uma boa ideia. Principalmente quando a máfia nacional, incluindo a tua própria família, é contra as drogas. Mas não, o Vito balançava a cabeça, dizia que ia ser muito irado e eu me repreendia por já ficar com o mouse em posição pra escolher algo.

Mafia 2 é de antes dos outros jogos, de antes da popularidade das escolhas. É de uma época que meu computador rodava jogos em alta qualidade… Era, de fato, uma época mais fácil. Ao criar um jogo, não tinha a preocupação de “quanto controle realmente daremos pros jogadores”, e, como jogador, não tinha o problema de querer fazer tudo por si mesmo. A história estava lá, os personagens também. Seja num mundo aberto ou em jogo linear, em jogos de aventura ou FPS, sobre espartanos seminus ou pôneis coloridos, tudo já estava pronto, e você podia simplesmente se divertir com isso tudo. Prepara pra frase agora ein: Ser passivo não era ruim, na verdade, era bem maneiro.

Nâo são os jogos, sou eu. Sério.

Minha parte racional me diz, o tempo todo, que sou um completo otário por esperar uma escolha em tudo que é jogo, e eu também não quero apenas jogos com escolhas. Seria um saco. E, ainda assim, em praticamente todos os jogos em que coloquei as mãos, nos últimos tempos, me pareciam errados. Pode ser que seja uma consequência do que eu jogo… Afinal, qual a graça de um jogo em que você não faz nada errado? Mas cara, essa ordem subconsciênte já está realmente me irritando. E se isso chegar a interferir na minha experiência com um outro jogo, é um problema sério. Em Mafia 2, me afetou, e fiz o possível pra não interferir na resenha, mas porra, o próximo jogo na minha lista é Saints Row. Véi, fodeu.

No fim das contas nem sei qual o sentido desse post, já que os jogos que me causaram tal problema são realmente bons jogos. E, até certo ponto, os jogos que joguei depois deles também são. Aquela velha história de “há males que vem para o bem”, é justamente o contrário aqui: Isso tudo só me atrapalhou. Fica como aviso pra vocês: Não levem um jogo para outro. Na real, talvez eu precise jogar outros tipos de coisa, talvez seja uma premonição divina do futuro da indústria e talvez seja só piração inútil de um vagabundo… Saberemos no futuro, mas até lá não esperem boas resenhas de mim.

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