Bravura Indômita (True Grit)

Cinema quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

 O pai de Mattie Ross (Hailee Steinfeld), de apenas 14 anos, foi assassinado a sangue frio por Tom Shaney (Josh Brolin). Em busca de vingança, ela resolve contratar um xerife beberrão, Reuben J. Cogburn (Jeff Bridges), para ir atrás dele. Inicialmente ele recusa a oferta, mas como precisa de dinheiro acaba aceitando. Mattie exige ir junto com Reuben, o que não lhe agrada. Para capturar Shaney eles precisam entrar em território indígena e encontrá-lo antes de La Boeuf (Matt Damon), um policial do Texas que está à sua procura devido ao assassinato de outro homem.

Bravura Indômita é o remake de um faroeste (Por ser mais fiel ao livro, tem algumas pequenas variações – principalmente no final), de mesmo nome, medíocre do final da década de 60 que só se destacou pelo Oscar “político” dado a lenda do gênero, John Wayne. Uma história que, por si só, é estranha ao gênero – uma vez que é protagonizado por uma garota de 14 anos. Tendo isso em mente, e conhecendo a filmografia dos Coen, só existem dois resultados esperados – um filme sem coração, construido em cima de um argumento que exige ao menos a menção de um “coração”, ou um filme emocional que fuja de tudo que os Coen já produziram. Um meio termo seria fatal.

O resultado de certa forma supreende. É um filme dos Coen. É um faroeste. E ainda sim, a menção ao “emocional” que a história pede, está lá. E isso vai enganar muita gente, que vai se sentir insatisfeita com os peronagens caricatos e a história seca, que dá a morte o mesmo peso que dá ao amor: Nenhum. E daí que surge a ironia clássica e o humor negro, marca registrada do filme dos irmãos. Os fatos decorrem com uma naturalidade mórbida: Não é dado tempo de se afeiçoar a nenhum personagem (Tenha ele um minuto de tela, ou cento e cinco). São apenas peões tentando sobreviver em um mundo cruelmente indiferente. E daí surge a nossa simpatia paralela a indiferença pelo destino, de todos os personagens que surgem na tela. Morte, vida. Nada importa, uma vez que o mundo continua seguindo.

 A dupla supera em muito a original.

Mas deixemos de falar do astral do filme, e vamos aos seus aspectos mais “concretos”. Fotografia impecável (Pra variar Roger Deakins faz mais um trabalho de mestre… Será que em sua inevitável nona indicação, ele leva o Oscar?). Uma direção sólida que acertadamente concede a edição (Também feita pelos Coen, ou melhor, pelo “inexistente” Roderick Jaynes) todo o trabalho de dar uma “alma ao filme” – através de fusões constantes no lugar de cortes secos. No quesito atuações, Jeff Bridges mostra porque é um dos melhores atores da atualidade, e se sobrepõe em todos os quesistos a atuação superestimada de John Wayne. Apenas fanboys dirão o contrário. Hailee Steinfeld (A verdadeira protagonista, ao contrário do que as prêmiações insistem em contrariar) estréia com uma verdadeira “tour de force”. E Matt Damon em meio aos dois, que adequadamente se diverte e apenas cumpre seu trabalho. Ainda é preciso falar de Josh Brolin e Barry Pepper (Irreconhecível) que apesar de quase não aparecerem, estão sensacionais. A ambientação e o figurino estão irretocáveis, sendo que a nota máxima só escapa devido ao roteiro direto e a curta duração do filme – um trabalho tão bem feito merecia durar mais.

 Badass Total

Bravura Indômita

True Grit (110 minutos – Faroeste)
Lançamento: EUA 2010
Direção: Joel & Ethan Coen
Roteiro: Joel & Ethan Coen
Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon and Hailee Steinfeld

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