“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 90 – 86

Cinema segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

90) O Show de Truman

(Peter Weir, 1998)

Pedro: Wow. Um filme do Jim Carrey nessa lista… o quão louca essa lista pode ficar? Mas deixemos de preconceito: O Show de Truman é mais do que um ótimo filme: é uma das mais precisas críticas que o cinema já fez ao mundo da (ou seria “o mundo com a” ?) televisão. A vida vigiada de Truman, o cotidiano maquinal das pessoas que o envolvem e das que assistem, fazem uma acertada alusão a sociedade pós-moderna. Tudo isso acrescentado da atuação espetacular de Ed Harris, que dá uma profundidade ímpar ao personagem (repare que ele nunca cai para o vilão caricato, e muito pelo contrário, consegue nos convencer de que seus motivos para “enclausurar” Truman são moralmente aceitáveis) e garante o filme em nosso Top 100.

Uiara: Top Gang e Jim Carrey. O que não virá pela frente, leitores amados? Me dá medo o quanto aquele personagem do Ed Harris me convenceu que não tinha nada de errado em prender uma pessoa num reality show eternamente, feito um hamster. Nessa era de Big Brothers (já tá em qual número agora? 27?), Fazendas e o escambau que torna a televisão um curral só, nada melhor que um filme que critica sem dó, mas com humor, essa obsessão que o ser humano tem em saber da vida do outro.

Veredito Final:
PA diz:
A idéia do filme é genial. Mesmo. Uma puta crítica a sociedade pós-moderna.
Fora que se o Jim Carrey não caisse na besteira de fazer uma outra careta desnecessária, eu até defenderia mais enfaticamente que ele merecia uma indicação ao Oscar.

Uiara diz:
o Jim Carrey é o maior inimigo dele mesmo. Ele é um ator bom, que se mete em filmes com bons roteiros, mas quase sempre dá um jeito de meter uma faca na própria barriga
e faz uma careta depois disso
no mais, só sei que fiquei procurando câmeras na minha vida por dias depois que assisti pela primeira vez

PA diz:
bem colocado
e sem querer da spoiler, mas o diálogo que encerra o filme é genial

89) Vicky Cristina Barcelona

(Woody Allen, 2008)

Pedro: Possivelmente os fãs de Woody Allen devem estar estranhando o porque de um filme tão recente e sem as marcas características que deixaram suas obras famosas. E a resposta é justamente essa. Deixando de lado a fórmula Noivo Neurótico, Noiva Nervosa que o deixou famoso, o diretor conseguiu fazer um ótimo filme (com um grande elenco) em cima de uma temática tão polêmica como o relacionamento a três. Sem fazer esforço. E por mais que eu ache seus filmes entendiantes e incrivelmente chatos, sua capacidade de fugir do (seu) padrão é admirável e o fato de não ter me feito bocejar nenhuma vez é mais ainda.

Uiara: Diga-se de passagem, essa não era minha primeira opção de Woody Allen. Mas enfim. Eu já falei desse filme aqui e não custa lembrar que a combinação Johansson+Allen cai como uma luva na telona. A beleza da primeira e a mente em FF do segundo são mais que suficientes pra colocar esse filme num TOP 100. Como se não bastasse, tem ainda um latin lover sem meias palavras interpretado por Javier Barden e uma louca almodovariana feita por Penélope Cruz. Além da estranha do título. Altamente recomendado pra quem gostaria de ir a Barcelona, ou pra quem já foi e sabe que não tem lugar no mundo mais intenso que aquele.

Veredito Final:
PA diz:
MENAGE!
Uiara diz:
hauihaiuhaiuah
até me desconcentrei do que ia escrever

Uiara diz:
porque não é um menage qualquer… é um com a Scarllet Johanson, a Penelope Cruz e o Javier Barden
PA diz:
É a prova cabal que o Woody Allen consegue ser um grande diretor, mesmo que eu não seja fã dele. Afinal, poucos conseguem fazer um filme se apelar pros maneirismos que lhe deixaram famoso, e mesmo assim ainda deixar uma marca pessoal.
Uiara diz:
é provalvelmente o filme mais sério daquele homem em FF. Mesmo sendo fã desses maneirismos, gostei do tom formal que está lá as vezes.
Fora que Barcelona é uma personagem a parte.

PA diz:
Verdade

88) A Fantástica Fábrica de Chocolate

(Mel Stuart, 1971)

Pedro: Esqueça aquele ser assexuado criado por Tim Burton. Gene Wilder é o verdadeiro e único Willy Wonka – um homem tão genial quanto louco e tão imprevisível quanto irônico, protagonista de um filme que marcou a infância de todo mundo que tinha acesso ao Cinema em Casa e gerou uma série de fãs pelo mundo. Um clássico que ainda hoje nos faz sonhar com rios de chocolate e chicletes que não perdem o sabor. Oompa, loompa, doompa di du, I got another puzzle for you. Oompa loompa doompa da di, if you’re wise your listen to me…

Uiara: Esse filme me dá muito medo e fascinação ao mesmo tempo. Willy Wonka é um ser estranhíssimo, com um pé e uma perna na maldade. A viagem de barco até as profundezas da fábrica põe meus cabelos de pé. E olha que eles batem na cintura. Por outro lado, tem músicas doces como a do candy man. E o Charlie tem uma cara de miséria que daria dó até no cramunhão. Diga-se de passagem, eu gosto muito do Johnny Depp e do Tim Burton, mas a versão nova beira a comédia. Se foi esse o objetivo, estão de parabéns. Eu, por enquanto ainda fico com a versão era de aquário de Mel Stuart.

Veredito Final:
PA diz:
Marcou minha infância como poucos filmes conseguiram. Seja pelo Willy Wonka genial
E o melhor é que não é um filme bobo que tenta se sustentar através do conceito da fábrica. Tudo nele é legal, do humor negro ao lendário Willy Wonka do Gene Wilder.

Uiara diz:
marcou minha infância mais como filme de terror do que como algo bonito. Eu tinha MUITO medo dos Oompa Loompas laranjados e achava que o Willy Wonka era um secretário do capeta. Me admiro de não ter crescido sem traumas de chocolate
com traumas, aliás
ainda bem que um belo dia eu parei de pirralhice e aprendi a diferença entre maldade e humor negro. Só aí comecei a achar o filme realmente… fantástico
e tá pra nascer um garoto que faça tanta cara de cachorro na chuva do que o Charlie

PA diz:
Poucas coisas são melhores em um filme do que humor negro, diga-se de passagem.
Uiara diz:
claro
PA diz:
E conseguir adaptar isso para um filme infantil é trabalho pra poucos.
Uiara diz:
é válido dar um alô pra versão nova do Tim Burton
PA diz:
Que ficou muito legal mas, parece que a simplicidade do primeiro ressalta as qualidades na construção do personagem e dos diálogos.
Uiara diz:
mesmo transformando os oompa loompas e o Willy Wonka numas bichonas, a fábrica do segundo é visualmente mais bonita e atrativa
tirando isso e a o momento que o Johnny Depp diz que tudo ali é comestível, inclusive ele, o primeiro é melhor pensado

87) Cinema Paradiso

(Giuseppe Tornatore, 1988)

Pedro: Se eu pudesse resumir essa obra em uma palavra, ela seria homenagem. Pois é isso que ela é: um carta de amor ao cinema. Tomando como cenário uma cidadezinha, no meio do nada, cuja única forma de diversão é o cinema, percebemos o quanto a sétima arte é muito mais do que uma simples forma de entretenimento. É uma paixão, é um tesão e uma forma de viver, que engloba tanto o diretor conceituado quanto o velho projecionista, além de todos as pessoas, criança, jovens, adultos ou idosos que contam os dias para assistir àquela grande tela.

Uiara: Quando li a sinopse desse filme pela primeira vez, achei que seria um tipo de drama-pastelão. Mas a verdade é que é mesmo uma celebração linda da amizade e da magia eterna do cinema, mostrada de uma forma não mimimi. O filme leva a adoração ao cinema a outro nível. Salvatore (ou Totó) é tão apaixonado pela sétima arte que aprende a manusear um projetor ainda criança, com a ajuda daquele que se tornaria seu melhor amigo. Os dois se salvam de formas diferentes e assim mantém o Cinema Paradiso, a única diversão de uma cidadezinha italiana.

Veredito Final:
Uiara diz:
filme obrigatório pra qualquer cinéfilo
poucos personagens tem tanto amor pelo cinema quando aqueles dois

PA diz:
é o tipo do filme pra vc assistir depois de ver todos os outros filmes desse top 100
e encerrar com uma homenagem a altura

86) Se…

(Lindsay Anderson, 1969)

Pedro: O vencedor do Cannes de 69 e um dos maiores filmes britânicos de todos os tempos, foi também a obra que apresentou Malcolm McDowell ao mundo. Abusando de alegorias e cenas surrealistas, o diretor, que ajudou a criar a “new wave” britânica (equivalente a nouvelle vague francesa), joga tudo pros ares e constrói uma obra polêmica – seja pelas alternâncias entre o colorido e o preto e branco ou mostrar um cena de nudez frontal (absurda para a época) – além de extremamente anárquica. Nada mais propício para fazer um ataque certeiro ao sistema educacional inglês, no auge da contracultura.

Uiara: Fui apresentada a esse filme pelo Malcon McDowell nos extras do Laranja Mecânica. A paixão com que o cara fala desse filme, que foi seu primeiro, e do diretor/amigo Lindsey me fez correr meio mundo pra achar essa bagaça. E não me arrependi. A mistura de preto e branco e cor me faz pirar e o feeling revolucionário lá pelas bandas da rainha me faz correr pra ouvir Sex Pistols.

Veredito Final:
PA diz:
Poucos filmes são tão loucos e com uma crítica tão direta. E ainda lançados em uma época tão apropriada.

Uiara diz:
primeiro filme do Malcon McDowell e o cara já disse a que veio
e é mais um que não dá pra falar muito do roteiro

PA diz:
E parece que adivinharam que ele ia ser o protagonista de um filme como Laranja Mecânica anos depois.

Este texto faz parte de um TOP 100. Veja o índice aqui.

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