Odiosa Natureza Humana (Matanza)

Música quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vocês, como pessoas de bom gosto que são [Senão não estariam lendo o Bacon], devem estar sabendo que o Matanza, aquela banda que, apesar de ser carioca, é boa, lançou um novo disco, Odiosa Natureza Humana, correto? Pois bem, se não sabiam, azar o de vocês, agora tão sabendo.

 Jimmy está tão pasmo com vossa ignorância que até parou de cantar.

Como eu sou um vagabundo sem vergonha na cara, vou falar ao mesmo tempo do disco, que eu ando ouvindo repetidamente, e do show, que ocorreu dia… 19 de março [Faz tempo, hein?], que foi o show de lançamento oficial. Quer dizer, oficial naquelas, porque ao contrário de mim, eu via mó galera cantando as músicas novas junto, o que sugere que o álbum já tava na boca do povo faz tempo.

Pois bem, comecemos pelo show: Graças à coisinha cuti cuti que é a Bruna [Não a do bacon, é outra, do Serial Séries], que me deu o ingresso de aniversário, eu fui até o cafundó onde Judas perdeu as meias que é o Kazebre. Sério, o negócio não se contenta em ser na Zona Leste, que é longe. Ele é longe pra quem JÁ TÁ na ZL. Tanto é que o show começava as 2h da manhã. E foi mais ou menos o horário que nós chegamos no recinto. E enquanto estavamos na fila, os putos começaram a tocar. Puta falta de sacanagem, nem pra esperar a gente.

Devo confessar que não lembro da playlist, por isso fiz uma rápida pesquisa no oráculo e não achei porra nenhuma, mas ó que beleza: Eles tocaram por cerca de DUAS HORAS. Sendo que o normal dos shows do Matanza seriam algo em torno de uma hora à uma hora e meia.

É música pra caralho, falae. Mas eu não tou aqui pra falar do show, não senhor. Show do Matanza tem por ae aos borbotões, se bobear eles tão numa cidade próxima de seja lá onde você está lendo essas linhas malescritas. Mas o disco… Bom, o disco cê também consegue achar fácil, ô imbecil, mas não é todo mês que lançam um disco foda pra você ouvir. Então, acompanhem comigo no replay.

 Rolou um clima.

A bagaça começa com um “Era pra frear e eu acelerei, Era só desviar, mas eu nem tentei, E passei por cima de seis”, o que já remete àquele tio doido que atropelou os ciclistas no Rio Grande do Sul. Mas não tem nada a ver, o esquema aqui é Remédios Demais, uma pedrada sobre a beleza dos calmantes e sua ação amnésica [Neologismos para todos!]. A parte instrumental é acelerada, e a letra não te deixa dúvidas: Você também vai precisar de remédios, porque dá vontade de sair quebrando tudo. E emendada nessa, já cola Em Respeito ao Vício, que das primeiras vezes que ouvi, achei que fosse continuação de Remédios Demais. O que é um ótimo sinal, já que ambas são ótimas músicas. Nesse caso, que mostra o que todo homem precisa: Ir encher a cara, as vezes sozinho, pra poder pensar sobre a vida, o universo e tudo mais.

Na sequência, temos uma “balada”: Ela Não Me Perdoou. Uma das poucas músicas do Matanza que pode entrar na categoria músicas pra quem tomou um pé na bunda, que não é a única do disco, pra mim. O que não quer dizer que ele seja ruim. Só é… Fora do padrão. Mas ó só, os caras tão ficando velhos, sentimentais e tal. Prova disso é a próxima faixa, Escárnio, uma ode à falsidade, mentira, máscaras e todas essas coisas da vida que todo mundo sofre e quer reclamar. Algo sobre as escolhas da vida e suas consequências, ou coisa do tipo. E a reclamação não para, é igual a sua mulher. Com Tudo Errado, o alvo são os imbecis que se metem a fazer o que não sabem, e que não se importam. Mas ei, eu sou um desses idiotas, é só ver que eu não escrevo coisa com coisa nessa budega, e nem por isso as pessoas me odeiam. Muito. A diferença é que eu me importo com o resultado final, mesmo não parecendo.

E a coisa não para por ae. Saco Cheio e Mau Humor cumpre o que promete, entregando uma música bem rancorosa, pesada, irritada e desgostosa. O que não quer dizer que ela seja ruim. Afinal, boa parte da graça da banda são essas músicas. Mas nesse disco, o foco maior foi, como o próprio título sugere, a sociedade maldita, e menos o álcool e as coisas boas da vida, fazer o que. Tanto é que, na faixa que leva o mesmo nome do disco, Odiosa Natureza Humana, temos mais amargura, rancor e outras frescuras desse tipo. O clima de pessimismo chega a sufocar, o que dá no saco um pouco, mas logo passa. Voltamos à programação normal com Carvão, Enxofre e Salitre, que é basicamente um micro-conto sobre uma quadrilha de nego barra-pesada que sai por ae tocando o terror, como é bom. O que, vai dizer que você nunca se divertiu com os amigos infringindo a lei? Claro que não, vocês ficam em casa, na internet, tomando Toddynho.

Eu disse que o clima de pessimismo passava, né? Bom, eu menti. Ó ele de volta com Amigo Nenhum, e piora mais. A música chega a ser opressiva, quase deprimente. Se ela fosse um pouco pior, eu pulava. Mas a hipnose auditiva já está feita, e eu não consigo pular nenhuma música. Maldição. Pra quebrar o clima, vem a alegrinha Conforme Disseram as Vozes, que é um grande hino à esquizofrenia e à psicose em geral. Vai dizer, quem não se alegra ouvindo sobre um maníaco que enche um carro de explosivo e detona um shopping? Esse tipo de coisa até melhora meu dia, sabendo que eu não sou o único e… CALEM A BOCA, VOZES MALDITAS!

Depois disso, outra música pra quem tomou um pé na bunda: Melhor Sem Você, mas nesse caso eu tenho que concordar com a música inteira. Não, eu não tomei um pé na bunda, dessa vez. Eu só acho que seja melhor estar sozinho, sem nada que te prenda. É algo meio filosófico, sobre como a liberdade tolhida é bem melhor apreciada quando recuperada. E essa última frase não vai fazer sentido pra quem tem um vocabulário muito reduzido. Pra acabar com a divagação, A Menor Paciência, já que ninguém liga pra essas coisas que os outros pensam. Aliás, ninguém liga realmente pra nada que não tenha relação consigo mesmo. E essa música é um bom exemplo disso: Se você vai encher o saco dos outros com a sua vida, pense bem. Se esses outros tiverem uma arma, ou mesmo músculos, você pode se arrepender.

Pra encerrar, voltamos à programação de pinguço que todos que ouvem Matanza curtem. O Bebum Acabado sintetiza bem o que o qualquer um que enche a cara por algum motivo que não seja alcoolismo já sabe: DESCE MAIS UMA, GARÇOM! Bebe que passa. Seja lá o que for, só bebe que passa.

E com isso temos um disco que faz exatamente o que cumpre: Criticar a humanidade como um todo, e um monte de filhos da puta mais especificamente, pero no mucho. O problema é que Matanza que é Matanza devia ser mais nervosa e menos mimimi, mas pra quem é, tá bom demais.

Odiosa Natureza Humana – Matanza


Lançamento: 2011
Gênero musical: Countrycore [Mistura de heavy metal com punk hardcore e country]
Faixas:
1. Remédios Demais
2. Em Respeito ao Vício
3. Ela Não Me Perdoou
4. Escárnio
5. Tudo Errado
6. Saco Cheio e Mau Humor
7. Odiosa Natureza Humana
8. Carvão, Enxofre e Salitre
9. Amigo Nenhum
10. Conforme Disseram as Vozes
11. Melhor Sem Você
12. A Menor Paciência
13. O Bebum Acabado

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