How to Get Away With Shonda Rhimes?

Televisão quarta-feira, 30 de março de 2016

Dia 17 de março chegou ao fim a segunda temporada de How To Get Away With Murder?, série do canal ABC, produzida por ninguém mais, ninguém menos, que Shonda Rhimes, a serial killer de Grey’s Anatomy. A criação é assinada por Peter Nowalk, também da equipe de produção do drama hospitalar. Protagonizada pela incrível, maravilhosa, linda, sensual, diva, presidente do Universo Viola Davis, conta a história da advogada e professora Annalise Keating (Viola Davis) e de seus cinco estagiários, que mais atrapalham do que ajudam em seu trabalho: Fazer com que qualquer cliente escape da justiça, independente dos meios. Quanto mais escabroso o crime, melhor.

Na primeira temporada, o plot gira e se desenvolve em torno de três histórias: Quem matou a universitária Lila Stangard (Megan West), a defesa da principal suspeita do crime, a melhor amiga da vítima, Rebecca Sutter (Katie Findlay) e o assassinato de Sam Keating (Tom Verica), marido infiel de Annalise, no qual os futuros advogados estão envolvidos e são protegidos, de todas as maneiras, por sua preceptora. Especialmente o insuportável Wes (Alfred Enoch), por motivos até então desconhecidos. Tudo bem amarrado e interligado, vida pessoal e profissional se confundindo constantemente, um 7×1 diferente a cada episódio, vários casos resolvidos com muita luxúria e corrupção. Uma trama até simples, porém dinâmica, a ponto de deixar em cold turkey viciados em tempos de hiato. Outro ponto forte é o uso de flashforwards, recorrentes na primeira metade de ambas as temporadas, inclusive na introdução dos primeiros capítulos, que já te deixam cientes do tamanho da marimba que está por vir.

Me responda, Shonda Rhimes!

Contudo, apesar de seguir a mesma fórmula, a segunda temporada não teve o mesmo apelo e força da primeira, deixando todo o peso em cima do talento de Viola Davis. Mais por comprometimento do que por tesão, acompanhei do inicio ao fim a tensão entre a professora e seus alunos, tendo que enfrentar suas consciências e demônios, além do medo de pararem na cadeia, o desinteressante caso Hapstall, que substituiu os diversos casos paralelos em que a equipa trabalhava – com um desfecho previsível e chato – e, finalmente, o elo secreto entre Keating e Wes, que pouco comoveu ou convenceu, coroando assim uma season finale insossa. Mas, se em geral a trama desagradou, os detalhes foram carregados de bons momentos. Um breve suspiro de esperança para os fãs. A relação entre Annalise e a família, especialmente a mãe, mostrando que por trás da rocha que é a personalidade da advogada, ainda há muita emoção represada. Através de flashbacks, vimos a humanização (Ou desumanização, já que ele, a bem da verdade, deteriora com os anos) do marido mau caráter, os traumas que levaram o casal a se distanciar e o fortalecimento da relação entre os estagiários, antes cúmplices distantes e, agora, amigos.

How To Get Away With Murder cumpriu seu papel, chegou inclusive a ser meu programa favorito de TV Netflix no final do ano passado, superando em preferência a ótima Narcos. Mas peca pelos vícios comuns da equipe de Shondanás, que se agravaram na segunda temporada e seguem um padrão similar às outras produções da ShondaLand, como a já desgastada Grey’s Anatomy e Scandal. O mais incômodo é o reforço de alguns estereótipos que pouco acrescentam à trama. Bonnie (Liza Weil), a fiel assistente com passado sombrio, apaixonada pelo marido da chefe, Connor (Jack Falahee), o gay gostoso que consegue informações confidenciais usando, como moeda de troca, sexo. Asher (Matt McGorry), filhinho de papai que é o deslocadão da galera, Michaela (Aja Naomi King), a menina negra, que veio de baixo, e é humilhada pela sogra da alta sociedade e vira alvo de deboche dos colegas por nunca ter tido um orgasmo, a competente e certinha Laurel (Karla Souza), que cai de amores pelo bad boy Frank (Charlie Weber) – que esconde um segredo terrível – e Wes que, apesar de ser interpretado por um ator super carismático, dono de um carioquês mais afiado que o meu é, simplesmente, um mala, chorão, mal agradecido. E, como a Lei de Murphy dita as regras, infelizmente o cry baby da turma não só parece, mas é, uma peça importante da história. O troca-troca de casais, muito visto no Grey Sloan Memorial Hospital, também é cansativo de acompanhar. As situações, tão forçadas, confusas e inúteis, fazem parecer que os roteiristas são, na realidade, meninas de 12 anos que estão brincando de fazer fanfic em fórum da Disney.

Algo pelo o que vale a pena lutar!

De todos os personagens, os recorrentes são mais interessantes que os fixos. A relação de amor e ódio entre o policial Nate Lahey (Billy Brown) e Annalise, que alterna frieza e afeto, graças a todos os conflitos causados pelos métodos nada ortodoxos de defesa que a amante usa para inocentar seus clientes e o surgimento de Eve Rothlow (Famke Janssen), namorada da advogada nos tempos de faculdade, cuja volta chacoalha a vida da ex e a faz repensar suas escolhas, trazem ótimos momentos. Mas nada supera Oliver (Conrad Ricamora), o divertido namorado de Connor, que é hacker e faz uns freelas, abusando dos limites da ilegalidade, para a chefe do namorado e, com sua leveza e humor, contrasta com a atmosfera de medo e culpa que envolve os universitários. Os acontecimentos da segunda temporada indicam que ele deve ser efetivado no dream team de Annalise. A trilha sonora, que conta com muitas bads e uma pitada de industrial, é um eterno ame-a ou deixe-a. Eu amei e fiz a melhor playlist da minha vida: What’s Your Penis Doing On a Dead Girl’s Phone?, com as músicas que embalaram os bons e maus momentos da série. Sobre o nome, entendedores entenderão.

A série foi renovada e a estreia está prevista ainda para esse ano, mas eu não vou ficar para ver. Se livrar das produções de Shonda Rhimes é como arrancar um peso de 50kg, colado com Superbonder, em cada lado das costas. Dá um certo trabalho, porque já faz parte da sua rotina mas, quando você se livra, é só alegria. Desapegar é preciso e, agora que a fórmula desandou de vez com o gancho mequetrefe da season finale, cujo vários ninguéns se importaram com os inúmeros nadas que aconteceram, não pretendo arriscar. A vida é curta demais para lidar com loop de merda dos outros. Me deixa com as minhas que já tá de bom tamanho.

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