Bloodline

Televisão terça-feira, 21 de junho de 2016

É TETRA! Estava com saudades de acompanhar uma série… Séria. Depois de me apaixonar por Tom Ellis na divertida Lucifer e do retorno de Pânico, Bloodline caiu de paraquedas na minha vida. Sem paciência pra zapear as sugestões de programação do Netflix à captura de algo que me despertasse interesse, me deixei surpreender pelas circunstâncias. Não li sinopses, não busquei elenco, gênero. Nada. O nível de procrastinação era tão alto que se fosse Hannah Montana, eu teria visto. But not today, Satan. Joguei na roleta da preguiça e dei sorte de embarcar na história da família Rayburn e seus mistérios.

Original do Netflix, Bloodline começa com a reunião da família Rayburn, uma das mais queridas e bem sucedidas de Islamorada, onde possuem um famoso hotel gerenciado pelas mãos de ferro do casal Robert (Sam Shepard) e Sally (Sissy Spacek), os patriarcas. Os filhos John (Kyle Chandler), Meg (Linda Cardellini) e Kevin (Norbert Leo Butz) vivem para agradar seus pais, enquanto o primogênito Danny (Ben Mendelsohn) se mantém afastado do clã o máximo que pode por motivos de: Tretas secretas que envolvem muita escrotidão de todas as partes, um bocado de merda no ventilador e uma pitada de morte. Ou várias.

Eles se declaram uma família de bem e é exatamente o que parecem ser no início, mas não. Não é bem assim. Sob o sol da pequena ilha e a aparente tranquilidade no estilo de vida, todos os seis têm algo de ruim, muito muito ruim, que deixa um lastro de podridão por onde passam. Danny teve seu destino definido ainda na adolescência, quando foi responsabilizado injustamente pela morte de sua irmã Sarah (Angela Winiewicz) em um acidente no mar. Virou persona non grata para o pai, que era absolutamente louco pela filha, e negligenciado pelos outros familiares, que se calaram diante dos acontecimentos. Afastado dos Rayburns e sentindo que não era mais parte daquilo, passou a cometer golpes de quinta categoria e a parasitar a família financeiramente. Literalmente sem ter onde cair morto, decide voltar definitivamente para Islamorada, o que causa grande mal estar não apenas em Robert, mas entre os irmãos, que ficam divididos entre a relação que podem reconstruir com o primogênito e o medo dos problemas que ele pode causar.

Nope. Vocês são só pessoas ruins mesmo, confiem.

John é o protagonista, suponho, apesar de Danny ser o ponto de tensão que dá aquela liga na história. É o resolvedor de problemas universal de Bloodline. É bom pai tanto quanto é bom filho e tem um senso muito forte de liderança, mais um fardo do que qualquer outra coisa. Nenhuma decisão familiar é tomada sem que passe antes por ele. Fica em suas costas e consciência a responsabilidade de advogar pelo retorno do irmão mais velho, de quem parece gostar genuinamente. Além de ser o bad ass dos Rayburns, é xerife da cidade e se envolve em um caso misterioso quando corpos queimados e em avançado estado de decomposição começam a aparecer no mangue. Está a frente do principal plot twist da série, que eu não vou contar qual é, apesar de começar a ser revelado já no primeiro episódio, junto com Meg e Kevin.

Meg vive a mágoa de nunca ter significado para o pai o mesmo que sua falecida irmã. Formada em direito, é a principal advogada (A única que a gente conhece, então deve ser assim mesmo) do local e faz de tudo um pouco, desde direito de família até ambiental. Nunca foi embora e estabeleceu uma união estável com Marco (Enrique Murciano), que parece não agradá-la muito. Pelo menos, não mais. Mas Sally e Robert insistem no relacionamento e isso é suficiente para que ela se mantenha ao lado do namorado de longa data, enquanto transa com um possível investidor que deseja construir um resort na ilha. No início da primeira temporada, vive um dilema ético e familiar em relação ao testamento do pai, cujos termos ela não concorda, mas isso fica para trás quando arranja problemas bem maiores do que jamais imaginou.

Kevin é o mano opcional. Não se destaca muito, é praticamente um extra. Fica meio avulso lá e cá. Tem mágoas e infinitas reservas em relação ao irmão mais velho, mas curte a companhia dele quando estão bêbados. Tem um casamento conturbado e é o imaturão do role. Enquanto John é o protagonista, Meg cuida da parte jurídica de Islamorada inteira e Danny é o melhor funcionário do hotel da família, não fica exatamente claro o que Kev faz, além de beber muita cerveja e ser bom em mecânica. Acho que trabalha na marina e entende muito de barcos, o que deve ser decisivo para a trama mas não faz dele, ainda, alguém especial. O personagem deve evoluir, mas isso não passa de um palpite.

Sério, vocês são terríveis.

Bloodline é bastante interessante e tem uma trama muito bem amarrada sobre pessoas que pensam ser melhores do que de fato são, mostrando que a linha entre ser uma boa pessoa que faz merda de vez em quando e ser um lixo de ser humano que, as vezes, tem boas ações, é tênue as fuck. Te faz pensar sobre o lado em que você está. Os inúmeros conflitos e segredos compensam o ritmo, as vezes lento, dos episódios. Outro ponto alto é o ótimo elenco, com vários rostos conhecidos. Kyle Chandler, que também protagonizou Friday Night Lights, e Ben Mendelsohn concorreram ao Emmy de melhor ator principal e coadjuvante, respectivamente, em 2015. Mendelsohn também concorreu ao Globo de Ouro, na mesma categoria, em janeiro deste ano. Linda Cardellini foi a insuportável enfermeira Samantha de E.R. por longos seis anos e esteve também em Mad Men como Sylvia Rosen de 2013 a 2015. Sem contar Sissy Spacek, a eterna Carrie do filme homônimo de 1976.

Não é a toa que tem um rating de 8,3 no Imdb. A produção, que já está em sua segunda temporada, é bem acima da média e, de acordo com fontes seguras, só melhora. Pois, se for assim, que tenha vida longa.

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