A Hora do Lobo (Vargtimmen)

Filmes bons que passam batidos domingo, 30 de maio de 2010

O planejado era de este texto ir para o ar na semana passada, mas devido ao alto teor etílico no sangue desse que vos escreve, nem foi possível. Não que vocês tenham reparado que domingo passado não teve FBQPB. Continuando aquela série com filmes menos conhecidos dos meus quatro diretores favoritos, hoje chegamos ao sueco Ingmar Bergman, lembrando que já tivemos Kubrick e Buñuel.



Sinopse: Pintor e sua esposa vão morar em uma ilha bastante afastada da sociedade. Lá, em meio a intensos conflitos psicológicos, o casal conhece um misterioso grupo de pessoas que passam a trazer angústias ainda maiores às suas vidas, levando-os a relembrar fatos passados e questionar a própria lucidez.

Antes mesmo de serem mostrados todos os créditos iniciais, ouvimos Bergman ajeitando sua equipe de produção, dando ordens e organizando todos para o início do filme. Logo após, saindo de casinha, somos apresentados à Alma (Liv Ullmann), que dá um longo depoimento sobre o que veremos a seguir no filme. Em seguida, vemos ela e seu marido, o pintor Johan Borg (Max Von Sydow), subindo a colina que dá acesso à casa, sentados e conversando alegremente.

A partir daí, a obra de Bergman mostra a que veio. Uma senhora toda de branco, que primeiramente diz a Alma ter 276 anos, aconselha-a a ler o diário do marido. Quando Alma encontra e lê o diário de Johan, como em flashbacks, vemos o encontro de Johan com sua ex-amante, Verônica Vogler, e depois o destemperamento dele com “um apreciador”.

Certo dia, o dono da ilha onde Johan e Alma vivem convida-os para um jantar em seu castelo, e sempre reforça a Johan que é grande apreciador de suas obras. A partir daí o filme ganha o clima sombrio que levará até o final da película.

Sempre focando o semblante de Alma, conhecemos um dos problemas (Que conheço bem) de Johan: A insônia. Durante o jantar, Corinne Von Merkens, a esposa do dono do castelo, conta a Alma do caso entre Johan e Verônica e que eles ainda se encontram e, ainda, que o marido dela também é amante de Verônica.

Após todo esse terreno preparado, o terror dá suas caras. Um dos presentes do jantar vai à casa do casal e oferece a Johan uma arma. Ele vai ao castelo e aí temos a melhor e mais assustadora sequência do filme, que obviamente não contarei.

O que falar especificamente desse filme de Bergman? Complexo. Talvez, juntamente com 2001 – Uma Odisséia no Espaço, esse deva ser o filme mais complexo que já assisti. Ele abre um leque de pontos de vista de interpretações sobre vários questionamentos propostos pelo diretor.

O terror visto ali é justamente esse. É um terror psicológico, que nos faz lembrar nossos medos e nos coloca frente a frente com nossos demônios. Mas o filme não fica só nisso. Como em todas as obras de Bergman, o apuro técnico está impecável. Planos de câmera longos, fotografia em alto contraste, enquadramentos perfeitos, diálogos excelentes e trilha sonora que faz arrepiar os cabelos até do pé.

Certamente o estilo do diretor não agradará a todos, pois realmente não é um filme no padrão de hoje em dia. Quem não estuda e não pretende gastar uns neurônios, com certeza irá achar A Hora do Lobo um filme ruim, mas eu nem ligo. Noob é o que mais se encontra por aí, e não são eles que irão mudar a opinião de alguém em relação a esse gênio: Ingmar Bergman.

A Hora do Lobo

Vargtimmen (90 minutos – Terror)
Lançamento: Suécia, 1968
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Elenco: Max von Sydow, Liv Ullmann, Erland Josephson, Gertrud Fridh, Ingrid Thulin

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